Economia

Recuperação das rodovias de Minas Gerais custaria R$ 16,63 bilhões

CNT aponta que 78% da malha rodoviária estadual é regular, ruim ou péssima
Recuperação das rodovias de Minas Gerais custaria R$ 16,63 bilhões
BR-352, em Abaeté, é a pior rodovia de Minas Gerais, segundo levantamento feito pela CNT | Crédito: Divulgação/CNT

É necessário investir R$ 16,63 bilhões para recuperar trechos danificados das rodovias de Minas Gerais, segundo estimativas da 26ª pesquisa CNT de Rodovias, feita pela Confederação Nacional do Transporte. O montante seria gasto com ações emergenciais, como reconstrução e restauração, além de manutenção das estradas. A projeção inclui apenas a recuperação do pavimento, excluindo valores a serem destinados para melhorias em sinalização e no traçado das vias. 

No estudo, divulgado ontem (29), a entidade avaliou 15.605 quilômetros da malha rodoviária do Estado. A condição geral de 12.272 km (78,7%) foi classificada como regular, ruim ou péssima. No que se refere à pavimentação, 11.005 km (70,6%) apresentaram algum tipo de problema. Quanto à sinalização e ao traçado, 11.761 km (75,3%) e 12.549 km (80,5%), respectivamente, possuem objeções, o que fez com que os trechos não fossem julgados como bons ou ótimos.

A diretora executiva adjunta da CNT, Fernanda Rezende, detalha que, onde a CNT identificou trechos destruídos, havendo a necessidade de reconstrução, os gastos para recuperação chegariam a R$ 346 milhões. Já na parte das rodovias que foram identificadas trincas, buracos, ondulações e afundamentos, e é preciso restaurá-la, o valor seria de R$ 13 bilhões. Completando o aporte projetado para melhorias, seriam R$ 3 bilhões destinados para os pavimentos desgastados. 

Situação de estradas estaduais são piores do que as federais

A dirigente ressalta que a situação das rodovias estaduais de Minas Gerais estão piores do que as federais que cortam o Estado. Sendo assim, ela avalia que é necessário direcionar mais recursos para essas estradas em detrimento as outras para poderem ter condições satisfatórias de circulação. Neste sentido, destaca-se que as cinco rodovias mineiras melhor classificadas no levantamento da CNT foram federais, enquanto três das cinco piores, são estaduais. 

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A pior estrada de Minas Gerais, segundo a entidade, é a BR-352 (federal), que liga Abaeté a Pará de Minas, seguida pela BR-367, entre Jacinto e Araçuaí (federal) e pela MGC-381 (estadual), de Mantena a Galiléia. As melhores vias são, respectivamente, BR-050, de Araguari a Delta; BR-365, entre Patrocínio a Santa Vitória, e BR-146, de Patos de Minas a Araxá, ambas federais.

CNT identifica 403 pontos críticos nas rodovias de Minas Gerais 

A pesquisa da confederação também constatou 403 pontos críticos ao longo das estradas mineiras avaliadas, como queda de barreira, ponte caída, erosão na pista, buraco grande, ponte estreita e outros. Conforme a entidade, essas situações atípicas podem trazer graves riscos à segurança dos usuários, além de custos adicionais de operação, em razão da possibilidade de dano severo aos veículos, aumento do tempo de viagem e/ou elevação do consumo de combustíveis.

O estudo ainda mostrou que as condições precárias do pavimento no Estado geram um aumento de custo operacional para os transportadores de 42,2%, refletindo na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. E que o governo teve mais custo com acidentes em 2022, de R$ 1,75 bilhão, do que investiu em obras de infraestrutura rodoviária de transporte, R$ 67,06 milhões.

Fernanda Rezende enfatiza que as deficiências nos pavimentos também causam prejuízos ao meio ambiente. E que as estimativas para este ano são de que haverá um consumo desnecessário de R$ 198,1 milhões de litros de óleo diesel, desperdício que custará R$ 1,3 bilhão para as transportadoras, além de meio milhão de toneladas de CO2 emitidas de forma equivalente.

Na avaliação da diretora executiva, é necessário investimento contínuo 

Para que as estradas mineiras tenham condições favoráveis de utilização, a diretora executiva da CNT ressalta que é necessário investimento contínuo. “Observamos nos anos anteriores que a falta de investimento faz com que o nível de degradação das rodovias aumente. Então se a gente não retoma esse investimento, daqui a pouco teremos que reconstruir todas as nossas rodovias.”

Segundo Fernanda Rezende, o País passou por uma escassez de recursos para estradas, que estão sendo retomados agora, mas, é preciso que se mantenham nos próximos anos e não sejam apenas pontuais. Conforme ela, a CNT está trabalhando junto aos governos e parlamentares para que valores de emendas sejam direcionadas para isso, e está esperançosa que a quantia prometida no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) – 2024 seja autorizada e executada no próximo ano.

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