Economia

Recursos da Vitória a Minas podem ficar no Estado

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) teria voltado atrás na decisão de investir na Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) com recursos da renovação da concessão da ferrovia que liga Vitória a Minas. A informação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe Nogueira, que pretende, agora, atrair parte dos R$ 4 bilhões, a serem investidos pela Vale, para o Estado. “A ANTT anunciou que vai rever a decisão de enviar os recursos para o Centro-Oeste. Fizemos um movimento político e tivemos resultado. Agora, vamos trabalhar para fazer com que estes recursos fiquem com os estados que abrigam o modal: Minas Gerais e Espírito Santo”, anunciou. Os investimentos integram a renovação antecipada de concessões de ferrovias, anunciada pelo governo no mês passado, visando assegurar investimentos para a ampliação da estrutura ferroviária e corrigir equívocos no modal brasileiro. Para ter os direitos de controle da linha férrea que liga Vitória a Minas, prevista para terminar em 2027, renovados por 30 anos, a Vale teria de investir R$ 4 bilhões na construção de uma ferrovia em uma região diferente de onde atua: a Fico, no Centro-Oeste, ligando Mato Grosso a Goiás. Logo após o anúncio, o governo capixaba ajuizou uma ação na Justiça Federal, questionando a decisão. De maneira complementar, a Fiemg e a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) iniciaram um movimento político para pressionar a União. Governo e entidades defendem que o dinheiro seja usado na expansão da malha que liga Vitória a Minas, objeto da concessão. “A decisão foi tomada sem que o governo federal sequer consultasse os estados ou os setores industriais envolvidos”, explicou Roscoe. Investimentos – Conforme o dirigente, Minas Gerais não pode perder mais este investimento. Segundo ele, de 2010 a 2018 nenhuma grande empresa investiu no Estado. O último aporte de grandes proporções foi o da Alpargatas, com a construção da fábrica em Montes Claros, no Norte de Minas. “Pelo contrário, perdemos 15 operações para outros estados. Tínhamos 105 empresas com mais de mil funcionários e hoje somamos 90”, detalhou. Para tentar reverter o cenário, a federação pretende criar um “Pacto por Minas Gerais”. A ideia é reunir governos federal e estadual, Ministério Público e demais agentes econômicos do Estado para alertar sobre a situação da economia mineira no que tange à atração e manutenção de investimentos. “Ou fazemos algo agora ou podemos fechar as portas. Não dá para esperar mais”, revelou Roscoe. Neste sentido, o empresário chamou atenção para as dificuldades quanto à obtenção de licenciamento em Minas. Segundo ele, embora a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) esteja realizando um bom trabalho, o passivo acumulado é grande e as diretrizes adotadas não têm colaborado muito para a atração de aportes. “Seja para implantação de um empreendimento ou até expansão de alguma empresa que já atua aqui, a burocracia está afugentando os investidores. Estamos perdendo novas e antigas operações para outras regiões e isso é preocupante. Não adianta olhar para o meio ambiente e esquecer a saúde financeira do Estado”, alertou.

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