Economia

Redes associativistas faturam mais de R$ 21 bilhões no varejo supermercadista em MG

No Estado são 883 empresas associadas, que somaram mais de 48 mil funcionários em 2024
Redes associativistas faturam mais de R$ 21 bilhões no varejo supermercadista em MG
Foto: Divulgação Bigmais

As oito maiores redes associativistas do varejo supermercadista de Minas Gerais registraram um faturamento bruto total de R$ 21,9 bilhões em 2024. As centrais de negócios sediadas no Estado respondem por 16,87% do montante movimentado pelo segmento no País. Foram mais de R$ 130 bilhões faturados por 42 redes no último ano no Brasil.

Para o economista e head de Renda Fixa na Suno Research, Guilherme de Almeida, esse desempenho está atrelado às características estruturais do Estado. “Em Minas Gerais, dois fatores explicam a força do setor supermercadista: a cultura, marcada pela valorização do comércio de vizinhança, sobretudo no interior, e a geografia, com a complexidade logística de um Estado com 853 municípios. Isso favorece empresas com conhecimento das rotas locais e cria barreiras para redes que acabam focadas apenas nos grandes centros”, observa

É o que mostra a 25ª edição da Pesquisa de Redes e Associações de Negócios, realizada pelo Departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em Minas, são 883 empresas associadas, o equivalente a 37,07% do total registrado no estudo (2.382). Esses associados possuíam 1.059 lojas e empregaram 48.095 funcionários no ano passado.

Segundo Guilherme de Almeida, a cultura de proximidade do consumidor mineiro favoreceu o crescimento orgânico dessas estruturas, principalmente em cidades do interior e em bairros da Região Metropolitana de Belo Horizonte, consolidando redes com atuação local e capilarizada.

Capacidade de escala sem perda de autonomia

Entre as oito centrais de negócios de Minas presentes no ranking, seis apresentaram faturamento superior a R$ 1 bilhão, uma a mais que na edição anterior. No entanto, o Estado segue com três representantes no Top 10 nacional. Vale ressaltar que a pesquisa deste ano não contou com a participação de três redes associativistas mineiras (Rede União de Supermercados, Rede GiroForte e a Rede Uai).

O economista Fernando Sette Júnior, professor dos cursos de Gestão e Relações Internacionais do UniBH e da Una, explica que o avanço do modelo associativista está relacionado à formação econômica do Estado. “Ao se organizarem em redes, supermercados independentes conseguem reduzir custos, melhorar margens e acessar condições comerciais semelhantes às das grandes cadeias, sem perder a capacidade de adaptação ao mercado local”, aponta.

As três representantes mineiras no Top 10 nacional

Loja da rede Rena em Juatuba, Minas Gerais.
Foto: Supermercados Rena / Google Maps / Reprodução

O grupo Martins, dono da marca Smart Supermercados, lidera o ranking estadual, sendo a quinta maior central de negócios do Brasil, com faturamento bruto de R$ 10,3 bilhões no ano anterior. A empresa é a única de Minas Gerais a superar os R$ 10 bilhões de faturamento. A rede reúne 450 associados, cada um com uma loja, que somam 225 mil metros quadrados (m²) de área de venda e empregam 16.750 pessoas.

Em seguida aparece a Associação Hipervalor Varejista, com faturamento de R$ 4,3 bilhões e sete supermercados associados. Ao todo, ela conta com 119 unidades, com um total de 139 mil m² de área de venda e 11.644 funcionários. Apesar de se manter como a segunda maior do Estado, a rede caiu uma posição na pesquisa nacional, baixando de sexto para sétimo lugar no ranking.

A expectativa da central de negócios mineira é de encerrar o ano de 2025 com R$ 5,1 bilhões de faturamento, o que representa um aumento de 18,03% no valor apresentado no exercício anterior, movimento que, segundo Almeida, é favorecido pelo ganho de escala proporcionado pela atuação conjunta dos associados.

Já a Rede Minipreço fechou 2024 com faturamento bruto de R$ 3 bilhões e 212 associados, permanecendo no Top 3 estadual e subindo duas posições entre as maiores do País, de décimo para oitavo lugar. A associação registrou 255 operações no último ano, com total de 180.540 m² de área de vendas e 7.589 colaboradores. Ela ainda projeta um crescimento acima de 20% no número de sócios e de lojas até o final deste ano.

Demais redes associativistas

No caso da Associação Supervarejista de Minas Gerais, a marca atingiu um faturamento anual de R$ 1,7 bilhão e 120 associados, cada um com uma unidade, no último ano. A rede permanece como a quarta maior do Estado e na 15ª posição do ranking nacional. Ela ainda registrou 84 mil m² de área de vendas e 5.940 funcionários.

Em seguida aparece a Rede Ilustre Supermercados, com faturamento de R$ 1,1 bilhão. A associação reuniu 45 empresas associadas e 44 lojas, que somam 52 mil m² de área de vendas e empregam 3 mil funcionários ao longo de 2024.

Um dos principais destaques na edição deste ano da pesquisa realizada pela Abras é a inclusão da Associação Supermais de Varejo na lista das centrais de negócios com faturamento superior a R$ 1 bilhão. Isso porque ela finalizou o último ano com R$ 1.004.721.859,00 e 15 associados. As 35 lojas somaram 31.357 m² de área de vendas e 2.350 colaboradores. No levantamento anterior a marca tinha apresentado faturamento bruto de R$ 927 milhões.

Já a Cergran Central de Supermercado Rio Grande encerrou 2024 com faturamento bruto de R$ 300 milhões e 23 associados, cada um com uma operação. Além disso, as unidades da rede somaram 10.390 m² de área de vendas e reuniram 572 funcionários.

Outra central de negócios mineira presente no ranking é a Associação Rede Via Real de Supermercados, com faturamento de R$ 108 milhões e 11 associados em 2024. Os sócios da rede somaram 13 lojas, com total de 7 mil m² de área de vendas e 250 colaboradores, estruturas que se beneficiam, conforme Sette Júnior, da troca de informações e de práticas de gestão dentro do modelo associativista.

Cenário nacional é marcado pelo otimismo

Supermecados
Foto: Reprodução Adobe Stock

O levantamento da Abras demonstra que 85% das redes projetam crescimento, sendo que 35% dessas centrais de negócios esperam alta acima de 11% para este ano. As demais (50%) estimam aumento de 5% a 10% na comparação com o exercício anterior.

A região Sudeste do Brasil concentra 48% das associações presentes na lista, seguida pelas regiões Nordeste (26%), Sul (21%) e Centro-Oeste do País (5%).

Quanto ao formato dessas empresas associadas, 45% são lojas de vizinhança e 44% atuam no modelo de supermercados convencionais. Outros 6% operam como atacarejo, que mescla os modelos de atacado e varejo. São 3% de conveniência e 2% são hipermercados.

A maioria (74%) das redes associativistas brasileiras possui centro de distribuição (CD), frente a 26% que ainda não dispõem desse tipo de infraestrutura. Esses imóveis têm, em média, 4.584 m² de área.

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