Economia

Roubos de cargas geram prejuízo de R$ 1,2 bilhão

Roubos de cargas geram prejuízo de R$ 1,2 bilhão
Foto: Filó Alves

Em 2021, o roubo de cargas no Brasil teve seu primeiro aumento desde 2017. De acordo com a Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), em sua pesquisa “Roubo de Cargas – Panorama Nacional 2021”, o número total de registros cresceu 1,7%, passando de 14.150, em 2020, para 14.400, no ano passado. Esse tipo de ocorrência vinha caindo nas estradas brasileiras: em 2020, houve queda de 23% em relação a 2019.

O Sudeste registrou a maioria dos casos, com 82% das ocorrências, seguido do Sul (6,82%), do Nordeste (5,44%), do Centro-Oeste (3,66%) e do Norte (1,42%). Somados os valores em milhões de cada uma dessas regiões, foram aproximadamente R$ 1,27 bilhão perdidos em cargas roubadas no País.

O assessor de segurança da NTC, coronel Paulo Roberto Souza, explica que não é possível, com base nos dados da pesquisa da entidade, revelar os números de Minas. “Os dados são calculados por regiões, porque alguns estados pedem restrição para o uso dos dados que coletamos”, explica o coronel.

Por outro lado, informações da própria entidade, levando em consideração apenas os dados públicos da Secretaria de Estado Segurança Pública, foram 296 roubos contabilizados em 2021.

São Paulo e Rio de Janeiro, campeões de ocorrências, autorizam a divulgação. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram registradas no País 11.932 ocorrências, 45,23% delas em São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro, com 31,32% do total. Já o Norte do País é a região que menos apresentou ocorrências, com 205 roubos ou 1,42% do total.

Para Paulo Souza, os resultados não representam necessariamente um aumento. “Os dados mostram um crescimento em torno de 2%, o que é um impacto mínimo se considerarmos a necessidade de retorno do mercado depois das paralisações por causa da pandemia”, assinala.

Segundo o assessor de segurança, as quadrilhas estão cada vez mais especializadas e articuladas. “Conversando com a Polícia Rodoviária Federal, vemos que existe um aumento na complexidade da maneira em que os crimes acontecem. Por isso, precisamos, como setor, nos integrar com as polícias locais para trocar a maior quantidade possível de informações, dados e pensar em soluções estratégicas em conjunto”, disse Souza.

As principais ações adotadas pelas transportadoras são os sistemas de rastreamento veicular e os softwares de planejamento de rota. Hoje, existem câmeras de vigilância e monitoramento de movimentos e de fadiga na maioria das empresas. “Os setores de Gerenciamento de Risco cada vez melhores equipados com tecnologias para, a qualquer sinal de indício de ocorrência de uma situação que possa facilitar o roubo, iniciar uma ação assertiva e pontual para evitar que a situação aconteça ou se desenvolva”, aponta o coronel.

Segundo ele, o roubo de cargas é, sem dúvida, uma das principais pautas do setor, pelo impacto ao orçamento das transportadoras. “Mesmo em 2020, quando identificamos o menor número de ocorrências até hoje (14.150), calculamos que o prejuízo nas transportadoras ainda era na casa dos bilhões, R$ 1,2 bilhão para ser mais específico”, conclui Souza.

Produtos visados

Mas não é só a retomada econômica pós-pandemia que impulsiona o aumento do roubo de cargas. Segundo o vice-presidente de segurança da NTC&Logística, Roberto Mira, a inflação elevada por causa de fatores internos e externos fez com que certos produtos se tornassem mais valiosos e atrativos para os grupos organizados.

As mercadorias mais visadas pelas quadrilhas e pelos grupos criminosos, segundo a pesquisa da NTC, são alimentos, combustíveis, produtos farmacêuticos, autopeças, materiais do setor de têxteis e de confecção, cigarros, eletroeletrônicos, bebidas e defensivos agrícolas.

A resposta para o problema, segundo Mira, é a mesma dos anos anteriores: o fortalecimento da ação dos órgãos de segurança pública e do relacionamento deles com as empresas do setor e de suas entidades representativas.

“Os nossos empresários demonstram um grande interesse pelo que há de moderno, razão pela qual as áreas de gerenciamento de risco nas transportadoras estão cada vez mais bem equipadas e preparadas. Para continuarmos a diminuir os números, precisamos manter esse cenário e continuar apostando nesse sentido”, reafirma.

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