Saldo da balança comercial recua com demanda menor da China

A balança comercial de Minas Gerais encerrou os primeiros oito meses de 2022 com um saldo positivo de US$ 15,56 bilhões. Apesar do superávit, o valor está 17,02% menor que os US$ 18,8 bilhões registrados em igual intervalo de 2021.
Entre janeiro e agosto, o Estado movimentou com as exportações cerca de US$ 27,3 bilhões, valor que cresceu 2,1% frente ao mesmo período do ano passado. Entre os principais produtos, o minério de ferro segue registrando queda de quase 36% no faturamento dos embarques, enquanto o café teve alta de 65,2%.
Os dados são da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint), do Ministério da Economia.
A analista do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Priscila Araujo Ferreira, explica que o baixo crescimento é resultado de uma demanda mais fraca vinda da China.
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“Observamos que as exportações cresceram em média 2,1% até agosto de 2022. Essa variação baixa de crescimento é resultado da China, que reduziu em quase 13% as importações dos produtos mineiros. Isso impactou muito nos valores até o momento, mas o importante é que ainda seguimos com crescimento de modo geral”.
De janeiro a agosto, as importações de Minas Gerais subiram 47,9% e chegaram a US$ 11,7 bilhões.
A corrente ficou em US$ 39,04 bilhões, superando em 12,5% o resultado dos primeiros oito meses de 2021, quando o valor estava em US$ 34,7 bilhões.
Levando em consideração somente o mês de agosto, o resultado foi negativo. O valor gerado com as exportações mineiras foi de US$ 3,4 bilhões, 14,5% menor ou US$ 560 milhões a menos que o registrado em igual mês de 2021, quando os embarques movimentaram US$ 3,9 bilhões.
Ainda em agosto, as importações do Estado chegaram a US$ 1,68 bilhão, aumento de 45,4% ante os US$ 1,16 bilhão registrados um ano antes.
Em relação aos parceiros comerciais, a China seguiu liderando, com participação de 37% e movimentando US$ 10,2 bilhões em compras de produtos mineiros. Na comparação com os oito primeiros meses de 2021, as compras da China caíram 12,9%. O segundo maior parceiro foram os Estados Unidos, US$ 2,7 bilhões, que responderam por 9,7%. Em seguida, veio a Alemanha, com US$ 1,19 bilhão e 4,4% de participação.
Produtos
Entre janeiro e agosto, a maior receita dos embarques foi gerada com as exportações de minério de ferro e seus concentrados. Os embarques movimentaram US$ 8,8 bilhões, queda de 35,6% ou US$ 4,9 bilhões a menos se comparado com o mesmo intervalo de 2021, quando os embarques estavam em US$ 13,6 bilhões. O produto é o mais exportado pelo Estado e responde por 32% das exportações até agosto.
Ao todo, foram enviadas 96 milhões de toneladas de minério, queda de 2,4% frente ao mesmo período do ano anterior.
A baixa no faturamento dos embarques de minério é resultado da desvalorização dos preços da tonelada, resultado do lockdown e estoques altos na China.
“Vários fatores estão contribuindo para a queda de quase 36% no minério de ferro, como a desaceleração da economia mundial de forma geral e a guerra entre Rússia e Ucrânia. A redução se deve também à China, com os lockdowns constantes resultados da política de governo da Covid zero. Com essa política, o país asiático segue com estoques acumulados e gerando pouca demanda pelo nosso minério”, explicou a analista da Fiemg.
Os embarques de café apresentaram alta significativa de 65,2%, movimentando US$ 4,4 bilhões. O grão respondeu por 16% do faturamento das exportações estaduais nos primeiros oito meses do ano. Os embarques de café encerraram com 1,09 milhão de toneladas, volume que apresentou queda de 1,58%.
A soja foi o terceiro produto mais exportado. No período, o faturamento chegou a US$ 2,8 bilhões, aumento de 53,8% se comparado com o mesmo período do ano passado. Os embarques já chegam a 4,6 milhões de toneladas, aumento de 11,4%.
Os envios de ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas foram responsáveis pela movimentação de US$ 2,5 bilhões em exportações, valor que superou em 25,1% o montante registrado no mesmo intervalo de 2021.
Os embarques de ouro não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados) somaram US$ 1,12 bilhão, ficando 4,96% menores. Para os próximos meses, a estimativa é de estabilidade nos resultados.
“Pensando em perspectivas futuras, temos dois cenários. O otimista se deve à China, que vai começar a temporada da construção civil, então, demanda muito aço e, por consequência, minério. Mas, em compensação, continuamos com a política de lockdown no país, o que pode interferir. No mercado futuro, o minério está cotado abaixo de US$ 100 a tonelada, o que não é favorável para o setor da mineração. Então, nossa expectativa é de certa estabilidade, sem grandes recuperações nas exportações do minério de ferro”.
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