SAM e CGN vão implantar um parque solar em Minas

A Sul Americana de Metais (SAM), subsidiária da chinesa Honbridge Holdings, e a CGN Brasil Energia vão construir um parque solar no Norte de Minas Gerais para atender o chamado Projeto Bloco 8, mega empreendimento da mineradora na região. O protocolo de investimentos com o governo do Estado já foi assinado e prevê inversões de R$ 3 bilhões, porém, ainda depende da obtenção da Licença Prévia (LP) do complexo minerário.
De acordo com a diretora de Relacionamento e Meio Ambiente da SAM, Gizelle Andrade, o acordo prevê a formação de uma joint venture entre as duas empresas e a implementação do parque a partir de 2024, com duração de cerca de dois anos. Dessa maneira, o empreendimento entraria em operação juntamente com a planta de minério, no fim de 2026.
A capacidade instalada projetada é de aproximadamente 800 megawatts (MW) e visa inicialmente o atendimento da demanda do Projeto Bloco 8 da SAM, que será de 1,5 milhão de MWh/ano. É esperada a geração de 2.500 empregos no pico da obra.
“Este projeto integra um plano maior da SAM de caracterizar o Projeto Bloco 8 como uma plataforma para o desenvolvimento sustentável do Norte de Minas. Existe a meta de o empreendimento usar 100% de energia renovável a partir do quinto ano de operação e o parque permitirá mais esse objetivo. O uso de energia limpa e a promoção do processo de descarbonização já era um compromisso da empresa e a iniciativa ao lado da CGN, que detém a expertise, dá ainda mais consistência ao plano”, diz.
Implementação de parque solar depende da Semad
Ainda conforme a diretora, a operação em fases não está descartada, mas detalhes sobre o desenvolvimento, construção e operação do parque ainda serão estabelecidos pelas empresas quando da formalização da joint venture. Este será o próximo passo para implementação. Mas depende da LP a ser concedida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). E vale lembrar que a mineradora tem enfrentado alguns obstáculos ambientais e legais para a obtenção dos documentos.
Sobre esses pontos, Gizelle Andrade afirma que o projeto avançou bastante nos últimos meses. Segundo ela, a Agência Nacional de Mineração (ANM) já aprovou o plano de aproveitamento econômico. E quanto às etapas do licenciamento ambiental, duas audiências públicas foram realizadas e a Semad realizou vistoria técnica no terreno que abrigará a planta.
“As audiências foram bem-sucedidas, inclusive com uma participação popular positiva muito grande. Agora estamos aguardando a emissão do parecer técnico final para avaliação do Copam. Nossa expectativa é de que a licença seja emitida ainda este ano”, revela.
Projeto Bloco 8
O Projeto Bloco 8 prevê a extração do minério de baixo teor (20% de ferro) e a transformação em produto de alta qualidade, a partir de investimentos de US$ 2,1 bilhões – ou o equivalente a mais de R$ 10 bilhões.
Para isso, vai contar com uma usina de concentração de minério, barragem de rejeitos com capacidade de armazenagem de 845 milhões de metros cúbicos, além de barragens de água. A construção da barragem de água do rio Vacarias permitirá a disponibilização de água às comunidades locais. E também haverá um projeto de irrigação para apoio à agricultura familiar local. Até 27,5 milhões de toneladas de minério de ferro poderão ser produzidas por ano a partir de jazidas de Grão Mogol e Padre Carvalho.
Cronograma
Inicialmente o complexo da SAM estava previsto para entrar em operação até 2025. Porém, a data já foi revista em função dos atrasos nas autorizações. Conforme a executiva, o cronograma prevê três anos de obras. Isso significa início das atividades em 2026, a depender das aprovações. “Com a obtenção da LP ainda em 2022, esperamos ter a licença de instalação até o fim de 2023 para darmos início às obras e concluí-las em 2026”, detalha.
Por fim, Gizelle Andrade enaltece a estruturação do Bloco 8, destacando que se trata de um projeto greenfield, que já nasce com DNA sustentável e iniciativas ESG muito fortes. O complexo prevê a geração de 6.200 postos de trabalho diretos durante o pico da fase de implantação e mais 1.100 empregos durante a operação, por exemplo.
“Estamos falando de uma região com um dos menores IDHs, carente de fomento e atenção. O projeto da SAM inaugura uma nova mineração com pontos costurados em torno dos ODS da ONU. Energia renovável, água e fomento à agricultura familiar são apenas alguns deles”, conclui.
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