Saúde em Congonhas tem aportes de R$ 15 mi

Congonhas, na região Central do Estado, vai combater o mosquito da dengue com uma solução considerada inovadora e sustentável: o Aedes do Bem™, que usa os mosquitos Aedes aegypti machos autolimitantes – que não picam, não transmitem doenças e combatem a própria espécie com ação larvicida fêmea-específica que tem 100% de eficácia. O aporte para proteger 100% da população da cidade durante um ano é de R$ 15 milhões.
A tecnologia foi desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, empresa fundada na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e presente no Brasil desde 2011.
Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Congonhas, no primeiro semestre de 2023 já foram notificados 3.964 casos prováveis de dengue no município, sendo 1.042 confirmados. Os casos confirmados de Chikungunya somaram 174 no mesmo período, dos 463 notificados.
De acordo com a diretora da Oxitec Brasil, Natalia Ferreira, Congonhas foi o primeiro município do País a adotar a tecnologia da empresa em 100% de seu território. “Isso mostra que o poder público vem buscando novas soluções para ajudar no combate do Aedes aegypti, além de ser uma oportunidade de alcançarmos mais municípios no restante do Brasil. O País tem sofrido muito com os altos índices de infestação do mosquito e precisamos agir rapidamente”, observa.
A coordenadora de operações de campo dos programas de saúde da Oxitec, Luciana Medeiros, conta que há negociações com várias outras cidades de Minas Gerais, além de municípios das regiões Norte, Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. “Existem várias cidades interessadas, inclusive porque o cenário de dengue deste ano é sério. Logo, há muitos gestores públicos preocupados com a situação”, diz.
Além de Congonhas, a empresa atende dois municípios no estado de São Paulo, Indaiatuba e Piracicaba, e também Porto Nacional, no Tocantins. A Oxitec tem clientes em várias áreas, como indústrias, clubes, hotéis, comércios e shoppings. Luciana Medeiros ressalta que Minas Gerais é um estado territorialmente grande, com variados climas e biomas, e é o segundo mais populoso do País. Logo, tem potencial para o uso da solução.
Ela afirma que a questão do custo da solução deve ser relativizado. “O que elevado? Existe um levantamento do governo federal em 2016, que foi quando aconteceu o último recorde de dengue e começou a surgiu o Zika Vírus, que mostra que o investimento para o combate ao vetor foi de R$ 1,5 bilhão, isso sem considerar os custos com aquisição de inseticidas e do SUS, diretos e indiretos. Então, não é levado”, observa.
Funcionamento
O produto é composto por uma caixa reutilizável que recebe refis contendo os ovos do Aedes do Bem. Ao serem ativados com água, os ovos presentes nos refis eclodem e os insetos se desenvolvem no interior da caixa.
Assim que os machos atingem a fase adulta, em cerca de 10 a 14 dias, voam para o ambiente urbano, procurando ativamente e acasalando com as fêmeas do Aedes aegypti, que picam e são responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Desse cruzamento, apenas os descendentes machos chegam à fase adulta, herdando do pai a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti, sem causar danos ao meio ambiente e a insetos benéficos e sem ser tóxico para os moradores.
Será a partir de agosto que serão instaladas 4.560 unidades da Caixa do Bem em 1.520 pontos distribuídos estrategicamente pela zona urbana de Congonhas. A comercialização da solução foi realizada pela empresa CallClean Controle de Pragas, distribuidora oficial do Aedes do Bem em Minas Gerais.
De acordo com a empresa, a equipe de Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Congonhas foi treinada pelo time de operações da Oxitec e será responsável pela instalação das Caixas do Bem na área urbana do município, onde o mosquito costuma deixar seus criadouros, realizando a troca dos refis, que deve ser feita a cada 28 dias.
Projeto-piloto
A empresa implantou o projeto-piloto em Indaiatuba (SP) por meio de uma parceria com as autoridades municipais de controle de vetores, que demonstrou a eficácia na supressão de populações de Aedes aegypti em comunidades urbanas densamente povoadas da cidade.
As liberações do Aedes do Bem no município foram realizadas durante quatro anos, inicialmente supervisionadas pela autoridade nacional de biossegurança do Brasil, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e que continuaram depois da aprovação comercial do produto em 2020. A comercialização começou em outubro de 2021, inicialmente para São Paulo, no ano seguinte foi iniciada a distribuição para todo o País.
Luciana Medeiros explica que a solução é produzida em Campinas, no interior de São Paulo, numa planta de 5 mil metros quadrados, que é capaz de abastecer todo o País. “Comercializamos os ovos, que é a forma mais resistente de um organismo vivo, o que favorece a logística para todas as regiões e o escalonamento também da produção. Então, além de baratear o produto, isso facilita muito na implantação em qualquer lugar do Brasil sem precisar estabelecer uma nova fábrica”, esclarece.
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