Economia

Setor de veículos terá R$ 270 milhões do Rota 2030 para investir em inovação

Recursos serão investidos em ações de inovação e eficiência energética no setor automotivo
Setor de veículos terá R$ 270 milhões do Rota 2030 para investir em inovação
Somente na chamada de projetos estruturantes, SENAI e Embrapii disponibilizarão R$ 133 milhões | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

Com foco no desenvolvimento de uma frota mais econômica, segura e sustentável, o Programa Rota 2030 vai receber R$ 270 milhões para investimento em ações de inovação e eficiência energética no setor de veículos. Os recursos disponibilizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) são destinados para a atualização tecnológica da cadeia de autopeças e demais fornecedores.

Entre as ações previstas, está o lançamento de um edital conjunto de R$ 133 milhões para projetos estruturantes relacionados a propostas que envolvam parcerias entre empresas e institutos de pesquisa. As propostas apresentadas deverão ter valores entre R$ 10 milhões e R$ 60 milhões, considerando recursos provenientes do Rota 2030. Os investimentos foram anunciados oficialmente nesta terça-feira (21), na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a participação do vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin.

Os projetos estruturantes são executados e monitorados por diversos stakeholders, que vão desde institutos de ciência e tecnologia até empresas parceiras e entidades representativas, como associações. O objetivo é promover o desenvolvimento disruptivo do setor automotivo para o alcance da independência tecnológica em áreas estratégicas.

“Os recursos se juntarão a uma série de outras medidas de redução de custo, estímulo à inovação e fomento ao desenvolvimento sustentável que o governo está implementando, diretamente ou por meio de instituições como o BNDES e parceiros como a ABDI e a Finep, para retomarmos o dinamismo da indústria automotiva no Brasil. Senai e Embrapii serão fundamentais no âmbito do Programa Mover, que substituirá o Rota 2030, direcionando o foco para inovação e descarbonização da mobilidade e da logística brasileiras, em diversas rotas tecnológicas”, destacou Alckmin.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou o potencial do Brasil para fortalecer a indústria automotiva por meio da inovação. “Para termos uma indústria automotiva cada vez mais sustentável, com veículos que contribuam para a redução das emissões de gases de efeito estufa, é preciso investir em inovação e tecnologia, além de fomentar uma cadeia produtiva que trabalhe de forma integrada. Os projetos estruturantes são uma oportunidade de promover o desenvolvimento do setor e garantir autossuficiência para as empresas brasileiras”, disse.

Para o presidente da Embrapii, Chico Saboya, é preciso incentivar o adensamento de cadeias industriais no Brasil, utilizando os diferenciais do País e agregando inovação, que possa inclusive competir em âmbito internacional. “É necessário utilizar os mecanismos atuais de uma forma mais estratégica e que possibilitem maior impacto em direção à neoindustrialização. Por meio do Rota 2030, queremos mudar o patamar da indústria automotiva instalada no Brasil, promovendo maiores ganhos setoriais”, destaca.

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Anúncio oficial dos investimentos aconteceu nesta terça-feira com a presença do vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin | Crédito: Divulgação/Embrapii

Investimentos do Rota 2030 em projetos de P&D

Os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D+I) também serão contemplados por investimentos, junto a alianças industriais para acelerar a inovação nas fornecedoras das grandes montadoras automotivas e para estimular projetos de pesquisa e desenvolvimento em toda a cadeia automotiva. O investimento do programa prioritário coordenado pelo Senai será de R$ 70,4 milhões, sendo R$ 44 milhões para projetos já em fase de contratação.

Para fomentar projetos de P&D+I em MPMEs, a Embrapii está disponibilizando outros R$ 30 milhões, em uma modalidade que garante aporte de 100% do projeto com recursos não reembolsáveis até R$ 500 mil, com foco em tecnologias para o setor de veículos.

Voltadas para aumentar a digitalização e a produtividade das empresas da cadeia automotiva que precisam alcançar as novas exigências tecnológicas do setor, as consultorias hands-on contarão com investimento de R$ 34 milhões. A meta é alcançar pelo menos 285 empresas. Também serão ofertados mais três cursos de Master Business Innovation (MBI) automotivo: dois em Indústria 4.0 e um curso inédito com foco em mobilidade elétrica.

Associações automotivas reconhecem necessidade de inovação

O diretor de Manufatura Automotiva da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Carlos Sakuramoto, destacou a importância dos programas e projetos prioritários do primeiro ciclo do Rota 2030, que já foram e ainda estão sendo desenvolvidos e implementados por empresas da cadeia automotiva em conjunto com universidades e com Institutos de Ciência e Tecnologia, como os Institutos Senai de Inovação. “Chegou a hora de impulsionar os projetos estruturantes, que potencializam a realização de inúmeros projetos de P&D+I que podem gerar soluções tecnológicas e melhorar a competitividade da cadeia de fornecimento do setor automotivo nacional”, diz.

Para o diretor executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, o Rota 2030 é um marco para o setor automotivo brasileiro. “O Rota 2030 trouxe previsibilidade, estímulos ao desenvolvimento tecnológico e incentivos para a aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento. A continuidade e atualização do programa às novas tendências de mobilidade representam uma oportunidade para o setor se manter competitivo e avançar na produção de veículos mais eficientes, seguros e sustentáveis”, afirma.

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