Setor de fundição de Minas Gerais deve crescer menos em 2023

A indústria de fundição de Minas Gerais iniciou 2023 prevendo uma alta de 10% em relação a 2022. A estimativa, porém, teve que ser revista após o setor passar por dificuldades ocasionadas por uma diminuição das compras dos segmentos automotivo e agroindústria entre o final de junho e agosto. Agora, a tendência é encerrar o ano com um crescimento um pouco menor, de 6,4%.
As informações são do presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga. Conforme o executivo, até o mês de outubro, o setor de fundição mineiro produziu 602 mil toneladas de fundidos. E a perspectiva é que sejam produzidos mais 120 mil toneladas até dezembro, totalizando 722 mil toneladas produzidas neste exercício.
Embora Gonzaga ressalte que a indústria de fundição de Minas Gerais já se recuperou dos problemas do meio do ano e que, por isso, deve registrar superávit, o setor ainda enfrenta obstáculos. Segundo o dirigente, a principal adversidade está relacionada ao alto volume de peças prontas importadas pelo segmento de automóveis, que entram no País com taxação diferenciada.
“Pelos números que estamos acabando de levantar, entra no Brasil em termos de conjuntos completos, como motor fechado, sistema de embreagem e sistema de freio, algo próximo de 2,8 milhões de toneladas por ano. Então, assim como o mercado de aço está trabalhando para que realmente haja uma tributação na importação, nós também já estamos trabalhando com esse objetivo para defender os nossos empregos”, destacou o presidente do Sifumg.
Citado pelo executivo, a indústria brasileira de aço vem sofrendo constantes quedas com o aumento das importações do insumo vindo do mercado asiático, o que resultou em paralisações de usinas como a da Gerdau. O setor siderúrgico, que vive uma “tempestade perfeita”, está clamando por soluções e pediu ao governo federal que taxe em 25% os produtos importados. A alíquota adotada atualmente no Brasil é de 9,6%, exceto para alguns itens específicos.
Expectativas para 2024 são positivas
Apesar da projeção de crescimento para este ano ser menor do que o previsto anteriormente e das objeções encontradas pelo setor, o ritmo de produção da indústria de fundição mineira está em franco crescimento a espera de 2024, segundo Gonzaga. Inclusive, as tradicionais férias coletivas de fim de ano não estão previstas até o momento, de acordo com o executivo.
Especificamente para o próximo exercício, a confiança é grande. Gonzaga destaca que, dentro do que estão prevendo, com evidências do Marco Legal do Saneamento Básico e do Marco Legal das Ferrovias, que podem aumentar os investimentos em obras dos respectivos setores, existe um viés positivo para que o setor de fundição de Minas Gerais cresça acima de 10% no ano que vem.
“O setor de fundição é um setor com uma demanda normalmente muito reprimida. A fundição está em tudo. Se você pensar em residência, tem fundição. Se pensar em laboratório, tem fundição. Em consultório, tem fundição. Então, tem fundição em todos os momentos da vida, ou seja, a sociedade está envolvida na fundição. Eu diria que a fundição é a indústria de transformação mãe para a produção do restante das outras indústrias de transformação”, destacou.
Polo de fundição de Minas Gerais é o segundo maior do País
Em Minas Gerais, conforme o presidente do Sifumg, são 247 plantas produtoras de fundidos. O Estado é o segundo maior polo produtor do País, atrás de São Paulo. Em terceiro lugar vem Santa Catarina, em quarto, Paraná e, fechando a lista dos cinco primeiros, o Rio Grande do Sul.
De acordo com o último boletim de resultados divulgado pela Associação Brasileira de Fundição (Abifa), foram produzidos pela indústria nacional de fundidos, até setembro deste ano, 2,1 milhões de toneladas, uma alta de 9,4% frente aos nove primeiros meses de 2022. Os dados da entidade mostram que houve uma produção diária de 11 mil toneladas do material.
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