Setor imobiliário registra queda na Capital

O ano de 2022 foi cheio de desafios para o mercado imobiliário de Belo Horizonte, é o que avalia o presidente do Sindicato da Habitação de Minas Gerais (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula. No período, a capital mineira registrou uma redução de 21,03% no número de negócios se comparado com o ano anterior, de acordo com dados do Data Secovi.
Cavalcanti de Paula explica que eventos como a pandemia, a guerra na Ucrânia, as eleições e a Copa do Mundo foram alguns dos agentes responsáveis por essa má fase no mercado imobiliário.
Assim como Cavalcanti de Paula, o CEO da UP Estate, empresa que atua no segmento de locação, Matheus Penna Santos, também acredita que 2022 tem sido um ano difícil para o setor imobiliário como um todo. Ele acredita que questões como o efeito do pós-pandemia, a elevação da taxa de juros – tanto no mercado interno quanto no externo – tiveram sua parcela de contribuição nessa situação.
Penna Santos explica que essa alta de juros, somada a um clima de incerteza no mercado nacional e internacional, tem aumentado o custo do financiamento e desestimula a tomada e oferta de crédito; e consequentemente, prejudicando o mercado de vendas de imóveis em Minas Gerais e no Brasil.
Expectativas para 2023
Quanto às expectativas para 2023, o presidente do Secovi-MG diz que espera que o próximo ano seja de crescimento do setor imobiliário em Belo Horizonte, causado por uma redução na taxa básica de juros. Na visão de Cavalcanti de Paula, tanto a taxa de juros quanto o atual clima político do País podem ser apontados como os maiores desafios que o setor terá que enfrentar durante esse período; afinal, esses fatores são grandes geradores de incerteza no mercado.
Locação de imóveis
Santos, da CEO da UP Estate, destacou que este ano foi marcado por um forte crescimento da demanda por aluguel de imóveis em Minas Gerais. Ele diz que a quantidade de locações no Estado aumentou cerca de 20% durante esse ano, na comparação com 2021. O CEO da UP Estate ainda afirmou que as expectativas da empresa para o próximo ano é de manter os resultados positivos obtidos em 2022 e triplicar o seu tamanho.
Ele acredita que a atual boa fase do mercado de locação é causada por uma mudança de comportamento dos consumidores. “Essa geração tem preferido alugar a possuir um imovel”, relata.
Porém, Penna Santos lembra que as garantias onerosas também subiram nesse período. Essa, inclusive, é uma das dificuldades que ele acredita que o mercado de locação de imóveis terá em 2023; para ele o aumento no número de fraudes é uma das maiores preocupações do setor. O outro desafio será a profissionalização das empresas do setor imobiliário – tanto do mercado de locação, quanto de vendas – visando uma melhoria na qualidade e também na facilidade de locação de imóveis.
Por fim, o CEO da UP Estate ainda cita a questão do aumento da concorrência, principalmente com o surgimento de startups especializadas no mercado imobiliário; “o mercado vem crescendo e o mesmo está acontecendo com a concorrência”, ressalta. Santos ainda acredita que as empresas do setor necessitam de melhorias em sua atuação no ambiente on-line para conseguir disputar espaço nesse novo formato que surgiu após o período de pandemia.
Vendas de apartamentos recuaram
O índice de vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima – entre os meses de janeiro e outubro deste ano – registrou o segundo melhor desempenho desde o início da série histórica, em 2016, para o período, com 4.284 unidades vendidas; já o volume de lançamentos foi de 4.887 imóveis, o maior em seis anos. Esses dados foram obtidos pelo Censo do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima, realizado pela Brain Consultoria a pedido do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Esse levantamento revelou que o número de vendas de apartamentos novos na capital mineira e em Nova Lima alcançou 4.284 imóveis nos dez primeiros meses do ano . Esse é o segundo maior desde 2016; ficando atrás apenas do ano passado, quando foram comercializados 4.638 unidades, isso representa uma queda de 7,63% no comparativo entre os períodos.
O volume de lançamentos de apartamentos novos alcançou o maior patamar em seis anos, com 4.887 imóveis entre os meses de janeiro e outubro de 2022. Porém, se considerar apenas o mês de outubro, os lançamentos ficaram abaixo das vendas, com 381 unidades. Enquanto isso, só no mês de outubro, as vendas de apartamentos novos nas duas cidades somaram 651 unidades, o maior resultado desde o início da série histórica do Sinduscon-MG para o mês, em 2016. Com isso, a velocidade de vendas alcançou 17,2%.
“Com base na média histórica mensal, a velocidade de vendas costuma ser inferior a 10%. Outubro teve um patamar recorde, que, sem dúvidas, contribuiu para o resultado positivo do ano”, analisa a economista do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos.
Por outro lado, o número de imóveis novos disponíveis para comercialização em Belo Horizonte e Nova Lima ficou em 2.764 unidades, o mais baixo patamar já registrado na série histórica. Apenas 116 unidades estão prontas, o equivalente a 3,7% do total de 3.131 imóveis; outras 1.233 unidades estão em construção e os demais 1.782 ainda estão na planta. “O cenário se agrava porque no momento em que a oferta cai, a procura está em alta. O estoque atual de imóveis disponíveis não é suficiente para atender à procura crescente”, aponta a economista.
Enquanto isso, a previsão para o setor de construção civil é de crescimento de 2,5% em 2023, devido a uma perspectiva de aumento dos investimentos em programas de habitação popular. Mas Vasconcelos ressalta que o cenário de endividamento das famílias e alta da taxa de juros são um dos alertas para o setor no próximo ano.
Já quando o assunto é a geração de empregos, a construção civil no estado manteve uma trajetória positiva, com Minas Gerais ocupando o quarto lugar no ranking com saldo nos dez primeiros meses do ano, com 24 mil empregos. Já no cenário estadual, Belo Horizonte aparece como a cidade com maior saldo de vagas no setor (2.894 mil), seguida por Nova Lima (1.327), Brumadinho (1.316), Ouro Preto (1.191) e Matozinhos (1.129). “A construção civil tem sido um dos motores de recuperação da economia nesse período pós-pandemia”, destaca o presidente do Sinduscon-MG.
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