Superávit da balança comercial de Minas Gerais cresce em 2023

O superávit da balança comercial de Minas Gerais em 2023 foi de US$ 24,5 bilhões, uma alta de 8,2% em comparação a 2022, conforme os dados do Comex Stat, do governo federal. Esse crescimento tem a ver com uma forte queda de 11,8% nas importações do Estado, visto que as exportações, embora não tenham subido, apresentaram somente um recuo irrisório de 0,5%.
Ambos resultados também refletiram na corrente mineira de comércio, que chegou a US$ 55,5 bilhões no ano passado, sendo US$ 40 bilhões relativos aos embarques e US$ 15,5 bilhões às compras internacionais. Ainda que esse seja o segundo maior valor da série histórica da plataforma, com início em 1997, a cifra caiu 4% em relação ao exercício imediatamente anterior.
O consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, ressalta que algo semelhante foi observado nacionalmente. No País, o saldo da balança comercial subiu 60,6%, marcando um recorde de US$ 98,8 bilhões, graças, porém, a uma retração de 11,7% nas importações, já que as exportações subiram apenas 1,7%.
Segundo ele, esse cenário se deve, sobretudo, às reduções dos valores importados de fertilizantes. O especialista explica que quando estourou a guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022, os insumos encareceram fortemente, situação oposta a do exercício seguinte, quando os preços baixaram.
Dessa forma, Brito afirma que Minas Gerais registrou menores importações em valores de vários adubos, com destaque para o potássio (-53%), químicos com mais de um elemento de fertilizante (-42%) e azotados (-18%). Outro item que teve grande impacto sobre o resultado foi o carvão mineral. “Encerramos 2022 com US$ 1,062 bilhão e, ano passado, com R$ 601 milhões. São quase US$ 400 milhões a menos apenas em um produto, uma queda de 43%”, salienta.
Café derruba as exportações do Estado
Na outra ponta da balança comercial, o consultor avalia que o recuo das vendas externas de pouco mais de meio ponto percentual foi irrelevante e destaca que o Estado vinha, mês a mês, registrando resultados negativos, no entanto, foram diminuindo no decorrer dos meses.
De acordo com Brito, o minério de ferro, produto mais exportado pelos mineiros em 2023, também estava apresentando quedas, mas fechou o ano com alta de 4,8% em valor. Espodumênio (76%), açúcar (43%), autopeças (30%), ferro-liga (15%) e outros como veículos, metais preciosos, medicamentos e centrifugadores tiveram desempenhos positivos, ele disse.
Em contrapartida, o café, segundo no ranking de itens vendidos por Minas Gerais ao exterior, teve uma queda de 20% em valor e derrubou as exportações do Estado. “Tínhamos exportados US$ 6,9 bilhões em 2022 e, em 2023, esse número caiu para US$ 5,5 bilhões”, frisa Brito, ressaltando que as vendas de ouro, ferro-gusa, carne bovina, fio-máquina também caíram.
Mercado europeu impacta negativamente os embarques
Quanto aos destinos dos embarques, a China seguiu como a principal parceira dos mineiros. Conforme o consultor da Fiemg, em valores, as vendas para os chineses subiram 10,6%. Ele chama a atenção também para o crescimento das exportações para outros países da Ásia e do Oriente Médio, como Arábia Saudita (118%) e Índia (87%). Na América do Sul, Brito realça as evoluções do México (42%) e da Argentina (10,7%), na contramão, dos Estados Unidos (-11%).
Por outro lado, o especialista diz que a relação com o mercado europeu foi negativa. Os embarques para a União Europeia, por exemplo, caíram 23% e, somente para a Alemanha, 34%.
Reforma tributária pode ajudar Minas Gerais a exportar mais manufaturados
Novamente, os principais produtos embarcados por Minas Gerais e também pelo Brasil foram as commodities, o que é preocupante do ponto de vista de valor agregado. A diversificação dessa lista de itens, porém, pode ocorrer com a reforma tributária, na avaliação do presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Segundo ele, dependendo das regulamentações e se o País conseguir efetivar a reforma com agilidade, espera-se uma redução de custos, o que pode significar uma diminuição do atual número de importações, bem como um aumento de competitividade nas exportações.
“Não podemos esquecer que a reforma tributária tem um período de transição, de cerca de cinco a oito anos. Então, não é algo imediato, mas é uma expectativa que temos de reduzir o Custo Brasil e exportar mais produtos manufaturados, sem deixar de exportar as commodities”, destaca.

*Matéria atualizada em 09/01/2024 às 15:20h
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