Economia

Tarifa dos Estados Unidos traz preocupação para a Usiminas

Além do 'tarifaço', a empresa segue preocupada com o cenário das importações brasileiras
Tarifa dos Estados Unidos traz preocupação para a Usiminas
Foto: Reuters/Alexandre Mota

A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) está apreensiva com a tarifa de 50% dos Estados Unidos (EUA) sobre quaisquer produtos do Brasil, prevista para vigorar a partir de 1º de agosto. Em relatório divulgado nesta sexta-feira (25), a empresa diz que a medida afetará o desempenho de diversos setores da economia nacional, e que os impactos sobre a cadeia industrial e, particularmente, para seus clientes, são motivo de preocupação.

Apesar de temer as consequências indiretas, a companhia sente poucos efeitos diretos do “tarifaço”, visto que os EUA tem uma representatividade pequena nas exportações do grupo. Para se ter uma ideia, a América do Norte inteira representou somente 9% dos embarques de aço da siderúrgica no segundo trimestre deste ano – cabe lembrar que o aço brasileiro importado pelos EUA está sobretaxado pelo mesmo percentual desde o dia 4 de junho.

Em conferência com analistas para apresentação do balanço trimestral, o vice-presidente comercial da Usiminas, Marcelo Homes, afirmou que, devido à situação do mercado, alguns lotes de vendas para a Europa podem ser retomados no terceiro trimestre. Com isso, a empresa poderia substituir as compras realizadas pelos Estados Unidos.

Importações seguem no topo das preocupações

Ainda no topo das preocupações da companhia, está o cenário das importações brasileiras que atinge não apenas o setor siderúrgico, como também elos da cadeia do aço. O grupo ressalta que a importação de aços planos aumentou 50% no primeiro semestre de 2025 ante igual período de 2024, conforme o Instituto Aço Brasil; e a de veículos cresceu 16%, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Especificamente sobre as importações de produtos siderúrgicos, o CEO da Usiminas, Marcelo Chara, voltou a dizer que o sistema de cota-tarifa, implementado pelo governo federal em junho de 2024 e renovado, com pequenos ajustes, em junho deste ano, não foi eficaz. Na opinião dele, para assegurar uma defesa efetiva da siderurgia nacional contra uma “concorrência desleal” é preciso adotar medidas antidumping e de salvaguarda.

“Isso é o que muitos países ao redor do mundo estão fazendo como resposta a essa mudança significativa no fluxo do comércio global. Os países estão se defendendo, protegendo seu tecido industrial, especialmente nos pontos em que se verifica que há dumping”, disse. “No Brasil, foi verificado dano em duas linhas de produtos, os aços laminados a frio e galvanizados e as medidas preliminares não foram aplicadas”, ressaltou.

Apesar dos desafios, Usiminas alcança resultados positivos no segundo trimestre

Apesar dos desafios, a Usiminas teve resultados positivos no segundo trimestre quando se compara com os mesmos três meses de 2024. A companhia reportou lucro líquido de R$ 127,6 milhões, revertendo o prejuízo anterior de R$ 99,7 milhões; Ebitda ajustado de R$ 408,4 milhões (+65,2%); receita líquida de R$ 6,6 bilhões (+4,3%); além de vendas de 1,1 milhão de toneladas de aço (+3,6%) e 2,5 milhões de toneladas de minério de ferro (+22%).

Em contrapartida, o desempenho frente ao primeiro trimestre, no geral, não foi positivo, segundo a empresa, justamente por reflexo do atual cenário que enfrenta, sobretudo, diante das condições concorrenciais do mercado de aços planos no Brasil. Foram registradas quedas no lucro líquido (-62,1%), Ebitda ajustado (-44,2%), receita líquida (-3,4%) e nas vendas de aço (-1,3%) – a exceção foi a comercialização de minério de ferro (+10,8%).

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