Economia

Taxa de juros alta pode afastar investidores do mercado imobiliário

Possibilidade de aumento da Selic na próxima reunião do Copom, agendada para os dias 17 e 18, preocupa mercado; Minha Casa, Minha Vida não deve ser afetado
Taxa de juros alta pode afastar investidores do mercado imobiliário
Novo ciclo de elevação na taxa básica de juros terá efeito sobre a poupança, uma das principais fontes de financiamento de imóveis das classes média e alta | Crédito: Reprodução AdobeStock

O mercado imobiliário enxerga com preocupação a possibilidade da taxa básica de juros (Selic) subir na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A expectativa é que um novo ciclo de altas da Selic não impacte nos segmentos enquadrados no Minha Casa, Minha Vida (MCMV), mas afete a classe média e afaste investidores do setor, mesmo que momentaneamente.

O Copom definirá a Selic no próximo dia 18, na primeira das últimas três reuniões do ano. A expectativa do mercado financeiro não é se a Selic vai subir, mas de quanto será a alta, estimada entre 0,25 a 0,50 ponto percentual (p.p.).

O presidente da Câmara Brasileira de Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, afirma que uma elevação da taxa de juros é recebida com bastante preocupação, já que tem efeito direto nos rendimentos da caderneta de poupança, umas das principais fontes de financiamento de imóveis das classes média e média alta.

“Outra preocupação é com a infraestrutura, porque como o setor demanda capital intensivo e de longo prazo, o investidor prefere deixar o dinheiro rendendo no banco do que aplicar em investimentos que têm risco”, diz Correia. “Aumento da taxa de juros afeta a renda do nosso cliente, seja de qualquer faixa, porque a renda será consumida com juros do crédito e sobra menos para a casa própria”, completa.

O presidente da Cbic ainda chama atenção que uma taxa de juros elevada confronta a necessidade apontada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de mais investimento da indústria na oferta para não impedir uma pressão inflacionária pela demanda. “Talvez uma taxa de juros aumentada vai afastar a capacidade de melhorar a produção da economia brasileira”, diz.

A fuga de investidores também preocupa o presidente da Câmara da Indústria e Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Geraldo Jardim. Mas ele não crê que a elevação seja transferida para segmentos do MCMV, por ser subsidiado pelo governo federal.

“Têm governos e governos. Esse é um governo que gosta de habitação popular. Então, não acho que vai ter mexidas nesse patamar, por uma questão de princípio doutrinário do governo”, avalia.

O receio é com os segmentos de médio e alto padrão, que têm aumentado significativamente sua participação no mercado imobiliário, hoje estimada em mais de 30%, e se tornaram alvo dos investidores. “O apartamento de alto luxo é muito procurado, é um bom investimento, só que quando o mercado financeiro tem melhores condições de retorno, esse mercado de médio/alto padrão pode sofrer um abalo, dos investidores irem para o mercado financeiro”, aponta Jardim.

Crescimento do setor imobiliário continua se alta dos juros for momentânea

Conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti explica que o mercado imobiliário tem outros fundings que afasta um impacto tão direto. Mesmo assim, a cadeia produtiva é afetada.

“Sempre que a taxa de juros sobe, inibe o crescimento do setor, porque o setor não vive somente do funding. Como existem outras fontes de financiamentos do mercado diretamente impactadas pela Selic, tem o encarecimento da cadeia de produção”, comenta.

Cavalcanti não acredita numa redução do desempenho do setor imobiliário, mesmo com elevação momentânea da taxa de juros, desde que a política monetária contracionista do BC alcance o objetivo de controlar a inflação e a Selic seja reduzida futuramente.

“Se for um aumento por um prazo não muito longo, o aquecimento que o mercado apresenta, gerado por demanda expressiva, consegue continuar impulsionando o mercado”, diz.

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