Transportadoras de cargas estimam queda de 5% neste ano

As transportadoras de cargas e logística de Minas Gerais estão projetando encerrar 2023 com queda de 5% nos negócios frente a 2022. Para os próximos dois anos, contudo, a estimativa é de resultados positivos, devido à previsão de fortes investimentos em infraestrutura, siderurgia e mineração. A expectativa de pacificação nas guerras atuais, somada à reforma tributária e à serenidade do ambiente político brasileiro, também explicam o otimismo.
As previsões são do vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Adalcir Lopes. Segundo ele, ainda que a perspectiva seja de queda em 2023, o setor vive um momento estável quando levados em consideração os resultados por regiões. Isso porque, na área Central e no Norte do Estado, a atividade está com desempenho negativo, mas no Triângulo Mineiro, está crescendo, impulsionada, sobretudo, pelo agronegócio, por exemplo.
Assim, conforme Lopes, o Setcemg está bem confiante para 2024 e 2025. O motivo é que a entidade tem informações de que haverá grande aumento de produtividade nas indústrias siderúrgica e mineral. Gigantes dos respectivos setores como a ArcelorMittal, Gerdau, Vallourec e Vale já estão sinalizando que vão investir fortemente em Minas Gerais, de acordo com ele.
Obras rodoviárias e ferroviárias
Outro ponto que deve favorecer as transportadoras de cargas e logística são as novas intervenções rodoviárias e ferroviárias, visto que as construtoras vão precisar de máquinas e equipamentos e materiais de construção. Além disso, com a melhoria de infraestrutura, o custo do transporte tende a ser reduzido, o tempo de viagem agilizado e a segurança dos transportadores aumentada.
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Neste sentido, o vice-presidente ressalta que a categoria está na expectativa para o certame da BR-381, marcado para 24 de novembro. “Tivemos uma audiência pública hoje (terça-feira) e fomos informados que o leilão está muito quente e o fechamento vai acontecer”, disse. As obras do Rodoanel Metropolitano de Belo Horizonte e do aeroporto de Betim, na Grande BH, também são aguardadas, juntamente com um ramal ferroviário da MRS Logística em Igarapé.
Guerras, reforma tributária e pacificação política
Segundo Lopes, a perspectiva do Setcemg é que as guerras entre Ucrânia e Rússia, e Israel e Hamas tenham fim em breve, findando quaisquer impactos que possam ocorrer no setor. A reforma tributária, que deve ser votada em novembro, também é vista como benéfica à categoria. Conforme ele, os transportadores de cargas e logística ainda enxergam um ambiente mais favorável no País, em função de uma pacificação que vem acontecendo no campo político.
Custo das transportadoras de cargas e desafios
O custo das transportadoras de cargas e logística de Minas Gerais, de acordo com o Setcemg, está dentro do previsto pelo setor. Segundo o vice-presidente da entidade, houve uma elevação do preço do óleo diesel, mas isso já havia sido planejado, e os valores de insumo estão estáveis.
Quanto aos desafios da categoria, Lopes salienta que há preocupação com a desoneração da folha de pagamentos, que pode agravar o custo do transporte, uma vez que o frete deve subir. Fora isso, ele ressalta que o setor está preocupado com as mudanças na Lei dos Caminhoneiros, após o ministro Alexandre de Moraes decidir pela inconstitucionalidade de 11 pontos do texto.
De acordo com ele, junto da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTT), o Setcemg entrou com um pedido de embargo – que ainda não foi julgado – para questionar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a data dessa inconstitucionalidade, ou seja, se vale a partir da decisão ou da criação da lei. Caso seja essa última opção, o setor teria um enorme passivo trabalhista.
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