Setor de turismo sofreu queda de 9,4% na economia de Minas

Durante o ano de 2020, o mais restritivo da pandemia de Covid-19, o setor de turismo em Minas Gerais registrou uma queda de 9,4% na economia do Estado. A retração representa a menor participação do setor desde 2010. A informação foi apurada e divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP).
O estudo “Valor Adicionado Bruto (VAB)”, desenvolvido pela instituição de pesquisa e ensino, monitorou o movimento turístico do Estado desde 2010, mas fazendo ênfases aos impactos gerados pela pandemia em 2020 frente a 2019. O pesquisador da Fundação João Pinheiro Thiago Almeida explica que, durante o período analisado, as atividades remuneradas da cadeia estadual de turismo apresentaram um prejuízo de aproximadamente R$ 2,1 bilhões.
“Enquanto as demais atividades econômicas apresentaram um crescimento corrente em torno de 5,2% em 2020, o turismo mineiro sofreu uma redução de 9,4%. Em valores, essa queda representa anteriormente um valor adicionado bruto de R$ 22,3 bilhões em 2019, caindo para um VAB de R$ 20,2 bilhões na pandemia”, detalha o pesquisador.
Atividades remuneradas
A pesquisa também revelou a composição do VAB em toda a cadeia de turismo do Estado em 2020. Os serviços de alimentação foram responsáveis por 47,5% do valor agregado. Os serviços de aluguéis não imobiliários, que englobam os automóveis, outros meios de transporte sem condutor, e os equipamentos recreativos e esportivos, representaram 22,1% do total. Já o transporte terrestre de passageiros metroferroviário, rodoviário e serviços de táxi corresponderam a 10,6% do VAB turístico.
Outros setores que contribuíram para o VAB do turismo em Minas Gerais ao longo de 2020 incluem os serviços prestados às famílias, com 6,3% do valor agregado. Em seguida, as atividades auxiliares do transporte contribuíram com 3,9%, e os serviços de alojamento e hospedagem com 3,8%. As agências de viagens e organizações de eventos representaram apenas 2,4%, enquanto os transporte aéreo de passageiros e o transporte aquaviário de passageiros, sendo os mais prejudicados com 1,7% e 0,01%, respectivamente.
Participações por cidade
“De todo o Estado, Confins (Grande BH) foi a cidade turística com a maior perda de participação no VAB do turismo estadual na pandemia. Enquanto em 2019 a participação da cidade era de 3,66%, em 2020 esse número foi para 1,77%, sendo, portanto, uma redução de 1,89%”, diz Thiago Almeida.
A cidade de Belo Horizonte foi a segunda que mais teve perda de participação no VAB do turismo estadual. Segundo a pesquisa, a capital mineira registrou uma queda de 1,44% em 2020, seguida de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com retração de 0,39%. Em quarto, Juiz de Fora, na Zona da Mata, sofreu queda de 0,25%, enquanto São Lourenço, no Sul de Minas, ficou como o quinto município mais prejudicado, com -0,08%.
Perdas registradas
Com relação aos prejuízos gerados ao turismo mineiro, o estudo também monitorou as maiores variações absolutas negativas no VAB estadual. Belo Horizonte obteve a principal perda, com uma variação absoluta de aproximadamente R$ 757,4 mil. Confins, na Grande BH, registrou o segundo maior prejuízo, chegando a R$ 458,8 mil. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, registrou perda de R$ 199,3 mil, enquanto Juiz de Fora, na Zona da Mata, teve variação negativa de R$ 128,6 mil. Em quinto, Contagem, também na Grande BH, registrou R$ 102,4 mil em prejuízos no turismo.
“Quando a gente fala de perdas, não necessariamente está ligada ao fato se a cidade oferece um atrativo turístico e cultural, mas que possui estrutura de atividades remuneradas que fomentam o turismo no Estado”, diz Almeida. “No caso da maior perda do Estado que foi em Belo Horizonte, isso se deve por ser uma cidade sede em relação ao volume de shows, festivais e o próprio Carnaval. A cidade foi extremamente afetada pela pandemia em 2020. Já Confins, com o segundo maior prejuízo, viveu um colapso do transporte aéreo”, exemplifica.
Melhor desempenho
Apesar dos números negativos, o setor avaliou as cidades que apresentaram uma boa participação nas atividades turísticas na economia estadual em 2020. Por conta do BH Airport, plataforma aérea internacional, Confins figura como a cidade mais importante no cenário da cadeia turística, com 61,6%.
As cidades de Tiradentes, no Campo das Vertentes (24,3%); Sapucaí-Mirim (16,3%) e Ribeirão Vermelho (14,5%), no no Sul de Minas; Bom Jesus do Amparo (13,3%) e Santana do Riacho (12,9%), na região Central; e Capitólio (12,9%), no Sul de Minas, se destacam entre as principais.
“Tiradentes se destacou por conta de ser um município tipicamente turístico no Estado, por conta da arte barroca, das igrejas e restaurantes premiados. Já Sapucaí-Mirim, Bom Jesus do Amparo, Santana Riacho e Capitólio foram escolhas por conta da contemplação da natureza, o que chamamos de turismo verde, assim como os passeios em fazendas históricas e cachoeiras”, elenca o pesquisador.
Importância regional
Por fim, o estudo da Fundação João Pinheiro apresentou uma métrica alternativa para avaliar a importância da atividade turística para a economia local: a razão entre o VAB do turismo e a população de cada território.
Essa métrica revelou um valor per capita de R$ 949 para o Estado como um todo em 2020. Entretanto, alguns municípios se destacaram com valores per capita mais elevados, como Confins, com R$ 52.651. A cidade de Extrema, no Sul de Minas, por conta do turismo de negócios se apresenta com per capita a R$ 11.259, e Itapeva, no Sul de Minas, com R$ 6.414. Na sequência, aparecem as cidades de Córrego Danta, no Centro-Oeste do Estado com R$ 4.836; Tiradentes, no Campo das Vertentes, com R$ 4.829 e Jeceaba, na Grande BH, com R$ 3.963.
Ouça a rádio de Minas