Vale desembolsará mais R$ 18,1 bi para eliminar barragens

Desde 2019, a Vale investiu mais de US$ 1,6 bilhão (R$ 7 bilhões) para descaracterizar barragens, diques e empilhamentos drenados a montante no Brasil. Entre este ano e 2035, a mineradora deve aportar outros US$ 3,5 bilhões (R$ 18,1 bilhões, na cotação atual), totalizando US$ 5,1 bilhões (cerca de R$ 26,3 bilhões) desembolsados na eliminação dessas estruturas.
Até o momento, 13 estruturas foram eliminadas pela companhia no País – 10 em Minas Gerais e três no Pará -, ou seja, mais de 40% de seu programa de descaracterização está concluído. A última a ser descaracterizada foi o Dique 2 do Sistema Pontal, localizado na Mina Cauê, em Itabira, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em outubro do exercício passado.
No município, a empresa já havia descaracterizado outras cinco estruturas, de um total de 10 incluídas no planejamento. Para 2024, a Vale ainda pretende concluir dois trabalhos na região, restando duas descaracterizações a serem feitas na cidade. São eles: Dique 1B, que teve as obras iniciadas em abril, e Dique 1A, cujas intervenções começaram em junho.
Para possibilitar a continuidade da descaracterização de barragens, a mineradora vai construir a segunda estrutura de contenção a jusante (ECJ) em Itabira. A construção será no bairro Bela Vista, dentro do Sistema Pontal, próxima aos Diques Minervino e Cordão Nova Vista. A medida preventiva visa reforçar a segurança das comunidades próximas durante as obras de eliminação.
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A nova ECJ terá estacas metálicas circulares com concreto cravadas no solo para mitigar possíveis impactos aos moradores, como vibração, ruído e poeira. A mesma tecnologia, trazida do Japão, foi usada na instalação da ECJ Coqueirinho, a quarta estrutura de contenção de rejeitos instalada pela Vale. Entretanto, a nova ECJ ainda não tem previsão de ficar pronta – o grupo segue em negociação com as famílias que serão removidas do local para a implantação.
Mineradora aposta na filtragem e empilhamento de rejeitos
Considerando o período de 2019 a 2027, a Vale também projeta injetar US$ 2,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões, na cotação atual) em novos processos operacionais. Um dos objetivos da companhia é alcançar uma mineração mais sustentável e segura e, por isso, está adotando diversas tecnologias, incluindo, por exemplo, sistemas de filtragem e pilhas de disposição de estéril e rejeito (PDER).
Para retirar a água do resíduo – líquido que retorna para as operações das usinas – e evitar a ocorrência de liquefação, a empresa já instalou quatro plantas de filtragem em Minas Gerais. Duas delas, inclusive, estão na cidade de Itabira, instaladas nas Minas Conceição e Cauê.
Ambas têm capacidade de filtrar 80% do rejeito gerado nesses empreendimentos, o equivalente a 36,02 milhões de toneladas por ano, em média. Os outros 20% são depositados na barragem Itabiruçu. Separadamente, a de Conceição é capaz de processar, anualmente, cerca de 26 milhões de toneladas, enquanto a de Cauê processa um pouco menos, em torno de 16 milhões.
O material que sai da planta de filtragem é despejado na Pilha Feijão e, posteriormente, se estiverem dentro dos parâmetros ideais, são carregados e dispostos na PDER Ipoema Borrachudo.
O processo é considerado seguro, sustentável e estável do ponto de vista geotécnico, embora seja mais caro e moroso em relação às barragens a montante. O gerente geral de Geotecnia e Hidrogeotecnia da Vale em Itabira, Miguel Neto, destaca os benefícios da PDER:
“O que estamos vendo hoje são anos, talvez décadas, de avanços em Ciência e Tecnologia, impulsionados no pós-Brumadinho. Tudo que se encontra aqui (na PDER) representa o estado da arte da engenharia para empilhar rejeitos. Garantimos que a retirada da água e a maneira que tratamos o material o coloca abaixo do que chamamos de linha de estado crítico”, disse.
“O que isso significa na prática é que, tecnicamente, esse material não se liquefaz. A gente garante isso com os ensaios realizados aqui. Quando secamos o material, o trazemos para cá e o tratamos, garantimos que em qualquer ponto dessa pilha ele não se liquefaz”, complementou.
*O repórter viajou para Itabira a convite da Vale
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