Vale da Eletrônica deve fechar 2025 com alta de 20% no faturamento

O Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, deve fechar 2025 com crescimento de 20% no faturamento. O Arranjo Produtivo Local (APL) não sofreu impactos significativos das instabilidades econômicas internacional e brasileira. O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a guerra comercial com a China interferiram de forma pontual nas empresas do polo, não impactando a região como um todo.
As informações são do presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto. Segundo ele, a justificativa do baixo impacto estaria no fato dos produtos serem, em sua maioria, comercializados no mercado interno. Por serem de base tecnológica, e, portanto, dependentes de assistência técnica e adequações constantes, eles seriam preferidos por empresas brasileiras para garantir a segurança no pós-venda.
“Quando os empresários compram esses produtos importados, eles vêm na condição de durar até o primeiro defeito. Estragou, perdeu tudo. Temos uma marca consolidada no Vale da Eletrônica e nossos produtos não param de ser demandados”, diz o presidente do Sindvel.
Dessa forma, a expectativa de crescimento no Vale da Eletrônica na comparação com ano passado é de 20%, “sem grandes variações positivas ou negativas no segundo semestre”, como prevê Souza Pinto.
Quanto às exportações, Souza Pinto alega que na região há empresas exportadoras e entre os destinos, Estados Unidos, e essas, de forma pontual, foram afetadas pelas tarifas. “Uma ou outra tiveram pedidos cancelados ou menor demanda, mas pouco representativas para dizer que houve um impacto grande na região”, confirma.
Apesar disso, as promessas de crescimento mais significativas estão sendo esperadas para os primeiros meses do ano que vem, em função da realização da Feira Industrial do Vale da Eletrônica (Fivel), que acontece bienalmente na região e fomenta os negócios em Santa Rita do Sapucaí.
“Vamos ter a Fivel neste mês (dias 22, 23 e 24) e ela impulsiona os negócios. Os empresários recebem apoio e isso gera boas expectativas. Acredito que nos primeiros três ou quatro meses, o Vale já tenha um crescimento grande”, afirma.
Com status de Vale da Eletrônica brasileiro, a pequena cidade de Santa Rita do Sapucaí, de cerca de 45 mil habitantes, lidera estudos na área de tecnologia e responde juntamente com outras cidades em um raio de 400 quilômetros por 53% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor do País.
A cidade do Sul de Minas concentra 160 indústrias, três incubadoras de empresas e 60 laboratórios de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação responsáveis pela produção e desenvolvimento de mais de 17 mil produtos. Elas atuam em segmentos diversificados, desde eletro biomedicina à segurança.
Juntas, as empresas concentram 29% da mão de obra da indústria eletrônica de Minas Gerais e faturam cerca de R$ 3,2 bilhões por ano. É no Vale que muitos produtos de reconhecimento internacional são produzidos, como as tornozeleiras e urnas eletrônicas.
Raio-X de Santa Rita do Sapucaí
Concentrando um ecossistema de empresas de tecnologias, a cidade do Sul de Minas concentra empresas de vários continentes, convive com pessoas de cerca de 30 nacionalidades diferentes e é um pólo de inovação em hardware, software e firmware.
- População: 45 mil habitantes
- Atividades econômicas: empresas de base tecnológica e agricultura
- Número de empresas : 160
- Faturamento anual das empresas de tecnologia: R$ 3,2 bilhões (2024)
- Incubadoras: 3
- Percentual da mão de obra da indústria eletrônica de Minas Gerais: 29%
- O Parque Tecnológico tem a terceira maior concentração de empregos do setor eletrônico no Brasil
- Área acadêmica no setor de tecnologia: 11 cursos técnicos tecnológicos, 14 cursos de graduação, 32 cursos de pós-graduação, 2 cursos de mestrado e 1 curso de doutorado.
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