Filtragem de rejeitos é a aposta da Vale para diminuir dependência de barragens

Um dos processos e tecnologias que a Vale vem adotando em suas operações como forma de diminuir a dependência de barragens é a filtragem de rejeitos. A mineradora já implantou quatro usinas do tipo em Minas Gerais, sendo duas em Itabira, na região Central do Estado.
Segundo a empresa, as estruturas foram instaladas nas Minas Conceição e Cauê e são consideradas a solução para a continuidade das operações no município, onde a companhia nasceu há 82 anos. Juntas, elas têm capacidade para filtrar 80% do rejeito gerado nessas unidades, o equivalente a uma média de 36,02 milhões de toneladas de rejeitos por ano (Mta). A água retirada do rejeito durante o processo de filtragem volta para a operação das usinas. Os outros 20% de rejeito são dispostos na barragem Itabiruçu.
Ainda de acordo com a Vale, o material sólido gerado pelo processo de filtragem é disposto em Pilhas de Disposição de Estéril e Rejeito (PDER), tornando o processo operacional mais seguro para empregados e comunidade, uma vez que reduz a dependência de barragens.
O gerente geral de geotecnia e hidrogeologia do Complexo Itabira, Miguel Neto, ressalta que o rejeito filtrado compactado é resistente, estável e não apresenta riscos de liquefação. Ele ainda afirma que a mineradora trabalha para que, no curto prazo, o montante total do rejeito filtrado seja disposto nessas pilhas.
As outras duas plantas de filtragem da empresa presentes em Minas estão instaladas nos complexos de Vargem Grande, em Itabirito, e Brucutu e Água Limpa, em Barão de Cocais; ambas também na região Central de Minas Gerais.
As usinas começaram a ser instaladas em 2019. A Vale planeja investir US$ 2,2 bilhões em novos processos operacionais, incluindo sistemas de filtragem de rejeitos, considerando o período de 2019 a 2027.
Eliminação das barragens a montante da Vale
Ainda sobre as ações em Itabira, o Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante já concluiu as obras de eliminação em seis das dez barragens da cidade inclusas no projeto; são eles: os diques 2, 3, 4 e 5 do Sistema Pontal; a barragem Ipoema, na Mina do Meio; e o Dique Rio do Peixe, na Mina Conceição.
Além disso, a empresa diz que também já iniciou os trabalhos no Dique 1B, na Mina Conceição, com previsão de conclusão para dezembro deste ano. Outra que está em período de obra é do Dique 1, na mesma mina, com início dos trabalhos ocorrido em junho de 2023.

A empresa também afirma que está construindo as Estruturas de Contenção a Jusante (ECJs) em Itabira, que possibilitarão a continuidade da descaracterização de barragens no sistema Pontal. A ECJ Coqueirinho já foi concluída, agora a companhia dará início às obras preliminares para construção de uma nova estrutura no Sistema Pontal, próxima aos Diques Minervino e Cordão Nova Vista.
A ECJ Coqueirinho foi a quarta estrutura de contenção de rejeitos implantada pela Vale para proteger comunidades próximas às barragens em processo de descaracterização no Brasil. Porém, ela foi a primeira a utilizar a tecnologia japonesa para reduzir ainda mais os impactos da obra.
O gerente de implantação do Programa de Descaracterização em Itabira, Luiz Coutinho, pontua que a nova estrutura também será construída usando esse mesmo método construtivo utilizado na ECJ Coqueirinho, a tecnologia Giken, que utiliza a cravação de estacas metálicas circulares. “Essa tecnologia diminui a vibração, geração de poeira e ruído, de forma a causar o menor impacto possível para os moradores próximos”, explica.
Procurada, a prefeitura de Itabira ressaltou a importância de a Vale estar comprometida em atender a legislação para eliminar as estruturas a montante da cidade. “No caso das barragens, esta é uma preocupação não só de Itabira, mas de todos os municípios minerados, especialmente após os tristes acontecimentos de Mariana e Brumadinho”, disse o Executivo por nota.
O município considera como positiva as ações tomadas pela mineradora na busca pela redução da dependência e de uma mineração mais sustentável. A prefeitura afirma estar sempre dialogando com a empresa, com o objetivo de construir uma plataforma que garanta a estruturação do município para o período pós-mineração.
Este trabalho resultou no Programa Itabira Sustentável, lançado no ano passado, com dezenas de projetos a curto, médio e longo prazos. “A Prefeitura seguirá acompanhando todas as ações da Vale e de outras empresas, sempre com o objetivo de resguardar os direitos dos cidadãos itabiranos”, consta no documento enviado à reportagem.
Ações da Vale em todo Brasil
No total, a Vale diz já ter eliminado 13 estruturas a montante espalhadas pelo Brasil, o que representa mais de 40% de conclusão do programa. A mineradora destaca que, além de ser uma obrigação legal, esse é um compromisso assumido pela companhia para garantir a segurança das pessoas e de suas operações, visando evitar acontecimentos como o desastre de Brumadinho.
A empresa afirma que todas as suas estruturas a montante presentes no País estão inativas e são monitoradas permanentemente pelos Centros de Monitoramento Geotécnico (CMGs) da companhia. Além disso, as soluções empregadas são customizadas para cada estrutura e estão sendo realizadas de forma cautelosa, visando a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente.
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