Venda da produtora de lítio Sigma Lithium está encaminhada

A revisão estratégica da Sigma Lithium está em fase final. A produtora de lítio iniciou as negociações contratuais e detalhadas com os finalistas do processo, cujo resultado será a venda da companhia canadense e sua subsidiária Sigma Brasil, em conjunto ou de forma separada, bem como o complexo industrial Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
O processo foi iniciado em setembro último, após receber várias propostas, que incluíam o interesse de líderes globais da indústria nos setores de energia, automobilístico, baterias e refino de lítio. A Sigma esperava, à época, concluir o negócio ainda neste ano. Isso, entretanto, não será possível. Embora o acordo esteja prestes a ter um desfecho, com as partes ativamente envolvidas na elaboração da documentação do acordo, as tratativas continuarão em 2024, segundo a empresa.
Até o momento, a companhia manteve sigilo sob quais seriam os interessados em comprá-la, do mesmo modo que não relevou os concluintes do processo. Há rumores de que dois consórcios estariam na disputa. A chinesa CATL, maior fabricante de baterias do mundo, com 29% de participação de mercado em 2023, conforme dados da CleanTechnica, seria um deles, e a alemã Volkswagen, montadora de veículos e com negócios no segmento de baterias, seria o outro.
Em nota divulgada nesta semana, a CEO da Sigma, Ana Cabral-Gardner, disse estar satisfeita com o forte interesse do mercado pela empresa. Sem citar nomes, a executiva destacou que o negócio atraiu “algumas das empresas mais admiradas nas indústrias de materiais para baterias e veículos elétricos a nível mundial, incluindo fabricantes de automóveis e fabricantes de baterias”.
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Ainda que Sigma só tenha começado a revisão estratégica recentemente, os rumores acerca de uma possível venda da companhia e seus ativos não surgiram apenas agora. Em fevereiro, por exemplo, informações extraoficiais diziam que a norte-americana Tesla, fabricante de veículos elétricos que pertence ao bilionário Elon Musk, estaria avaliando adquiri-la. Procurada pela reportagem naquele momento, a produtora de lítio preferiu não se manifestar sobre o caso.
Listagem da Sigma Brasil na Nasdaq e na bolsa de Singapura
Para alcançar a flexibilidade estrutural ideal e manter a competitividade do processo até sua conclusão, a canadense informou que está iniciando os procedimentos para listagem primária das ações da Sigma Brasil na Bolsa de Valores de Singapura e na Nasdaq, em Nova York, nos Estados Unidos. Segundo a produtora de lítio, a dupla listagem será contemplada exclusivamente com o objetivo de fechar a transação estratégica, maximizando o valor para o acionista.
“A listagem da Sigma Brasil em Singapura visa maximizar o valor para todos os acionistas da Sigma Lithium, nivelando o campo de atuação entre as partes negociadoras”, realçou o presidente do Comitê de Auditoria, Lucas Melo. Para ele, o Brasil está construindo indústrias prósperas e globalizadas de mineração e materiais de lítio, acolhendo parceiros estratégicos de todo o mundo.
Produção de lítio em Minas Gerais segue prosperando
Envolvido nas negociações da Sigma, o complexo industrial de extração e beneficiamento de lítio, situado entre os municípios mineiros de Itinga e Araçuaí, continua crescendo e embarcando produtos e subprodutos verdes do mineral para o exterior. No mês de novembro, a companhia anunciou que 22 mil toneladas estavam sendo exportadas, por meio do Porto de Vitória (Vports), no Espírito Santo, a quarta remessa desde que iniciou os embarques, em julho deste ano.
No projeto Grota do Cirilo, a Sigma já investiu mais de R$ 3 bilhões. O empreendimento no Vale do Jequitinhonha tem, atualmente, uma linha de produção, cuja capacidade plena será de 270 mil toneladas anuais. A produtora de lítio ainda investirá mais R$ 1 bilhão no local para instalar duas novas linhas produtivas que aumentarão sua capacidade para 766 mil toneladas por ano. A empresa também considera a possibilidade de construir uma quarta linha de fabricação.
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