Economia

Puxadas por etanol, vendas de combustíveis sobem 6,6% em Minas Gerais

Vendas do etanol hidratado cresceram 51% no período; bom desempenho da indústria também afeta comercialização
Puxadas por etanol, vendas de combustíveis sobem 6,6% em Minas Gerais
Crédito: Reprodução Adobestock

As vendas de combustíveis subiram 6,6% de janeiro a setembro de 2024 em Minas Gerais na comparação com o mesmo período do ano passado. O etanol hidratado, mais uma vez, puxou as vendas ao crescer 51,2% no período.

No total, foram 12,18 milhões de metros cúbicos (m³) de combustíveis comercializados no ano de 2024 no Estado, sendo 14,5% (1,89 milhão de m³) de etanol.

De acordo com o levantamento da Agência da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as distribuidoras mineiras também venderam volumes maiores de outros produtos.

O óleo diesel vendeu 4,6% a mais no acumulado deste ano, e o gás liquefeito de petróleo (GLP) vendeu 4,2% a mais que no mesmo período do ano passado.

Mais uma vez, apenas a gasolina comum registrou queda nas comercializações no período. Foram 3,34 milhões de metros cúbicos (m³) negociados neste ano, uma redução de 7,6% em relação aos 3,62 milhões de m³ negociados entre janeiro e setembro de 2023.

Bom desempenho da indústria afeta venda de combustíveis

Na análise do economista Guilherme Almeida, os números refletem o desempenho econômico positivo do Estado e até no País.

“A gente tem uma produção industrial aquecida. A indústria acumula alta de quase 3% no ano, sendo a indústria extrativa, 6,6%, e a indústria de transformação, 1,1%. Esse bom desempenho exige um processo de distribuição dos insumos e dos produtos também maior, e isso acaba impulsionando a demanda por combustíveis. Lembrando que não só em Minas Gerais, como em todo o Brasil, boa parte do escoamento da produção se dá pela malha rodoviária”.

Com relação à particularidade da gasolina, ele explica que ela vem perdendo a competitividade frente ao etanol, principalmente, em relação ao preço.

“A gente tem a gasolina em média a R$ 6 (o litro), e isso, querendo ou não, gera um peso orçamentário relevante, especialmente quando o consumo é de lazer. O consumidor acabou optando pelo etanol porque ele tem um preço menor, que cabe no bolso”, explica o especialista. É também por isso que se dá o aumento das vendas do etanol. “O crescimento é de mais de 50% até setembro”, conclui Almeida.

Etanol não teve queda nas vendas

Somente em setembro, as vendas totais de combustíveis no Estado somaram 1,47 milhões de m³, uma alta de 3,31% ante os 1,42 milhões no nono mês do ano de 2023. Já com relação ao mês de agosto, as vendas caíram. A queda foi de 4,6%.

Com exceção do etanol, todos os combustíveis venderam menos em setembro na comparação com as vendas do mês de agosto de 2024. O etanol vendeu 0,27% a mais que no mês anterior. A maior queda nas comercializações foi do GLP: 12,7% em relação a agosto. Já o óleo diesel teve queda de 5,3%, e a gasolina, 3,4%.

Na análise do economista e professor da Faculdade UNA Sete Lagoas, Wagner Cardoso, a tendência de crescimento do etanol provavelmente continuará, principalmente, se o preço continuar competitivo em relação à gasolina.

“Minas Gerais, como grande produtor de cana-de-açúcar, tem acesso facilitado ao etanol, o que influencia a preferência por esse combustível. Além disso, políticas ambientais que incentivam o uso de combustíveis renováveis e a busca por alternativas mais econômicas podem manter essa tendência em alta”, diz.

Ele lembra, ainda, que a alta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na gasolina prevista para o ano que vem, deverá elevar os preços da gasolina, o que pode temporariamente aumentar as vendas antes do aumento definitivo, quando os consumidores tentam se antecipar.

“No entanto, a longo prazo, um aumento no preço da gasolina devido ao ICMS provavelmente reforçaria a tendência de substituição pelo etanol”, conclui.

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