Economia

VLI traça estratégias por safras menores

"A estratégia comercial é preservar o volume da ferrovia”, diz executiva da empresa
VLI traça estratégias por safras menores
Crédito: Divulgação VLI

São Paulo – A operadora de ferrovias e de terminais portuários VLI já desenvolve estratégias para sustentar os volumes transportados em 2024, diante da expectativa de safras menores de milho e soja em suas áreas de influência ao norte do Brasil, enquanto trabalha para atrair novos parceiros a um polo industrial em Tocantins, disse uma diretora à Reuters.

A companhia, que movimentou 58 milhões de toneladas em ferrovias em 2022, tem na soja, farelo e milho algumas de suas cargas mais representativas, que responderam por mais de 37% do total movimentado no ano passado. A VLI também transporta fertilizantes, açúcar, combustíveis, produtos florestais, siderúrgicos e minérios.

Em 2023, os grãos devem responder por cerca 40% participação no total movimentado, em meio a safras recordes de soja e milho no Brasil, disse a diretora-executiva Comercial da VLI, Carolina Hernandez. Ela não especificou volumes deste ano.

Mas para 2024, o cenário tende a ser mais desafiador. Com o fenômeno climático El Niño, a expectativa é de menos chuvas para a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), enquanto Estados do Centro-Oeste como Mato Grosso e Goiás também sofrem os efeitos da seca e das elevadas temperaturas.

“A estratégia comercial é preservar o volume da ferrovia”, disse a executiva, uma colombiana que está no Brasil há 17 anos, com passagens anteriores pelas tradings de produtos agrícolas ADM e Cofco, antes de assumir neste ano seu atual posto na VLI. E acrescentou, sem detalhar: “Trabalhamos para ter volumes similares em 2024 em relação a 2023”.

A companhia atua em outros terminais nos sistemas a Sudeste e Leste, o que pode ajudar a compensar parte das colheitas menores ao norte. Além disso, do total movimentado este ano, disse a executiva, 12% será açúcar, cujas projeções indicam novos recordes no Centro-Sul em 2024, abrindo possibilidade de maiores embarques pelo terminal Tiplam, operado pela empresa em Santos (SP).

A diretora de Comercial da VLI também admitiu a possibilidade de “mudança de share multimodal” da rodovia para a ferrovia. “Vamos perseguir isso. A ferrovia é mais competitiva, tem escala maior e emite menos CO2”, completou.

Hernandez disse que trabalha com expectativa de queda de cerca de 15% na safra de milho na área de influência da VLI ao norte. Na soja, a redução projetada na produção na área de influência da VLI no norte, com foco no Matopiba, é menor, com quebra inferior a 5%, afirmou. “O milho é um ponto de alerta no Matopiba”, disse ela.

Nos grãos, cerca de metade do que a VLI transporta utiliza o sistema norte e o restante as suas estruturas ao sul. Os atrasos no plantio de soja devem repercutir na segunda safra de milho do Brasil em 2023/24, que assim perdeu a janela climática ideal de plantio em parte das áreas brasileiras.

Mais parceiros

A VLI tem negociado com mais parceiros para atrair indústrias para o seu Terminal Integrador de Palmeirante (TO), situado na fronteira agrícola do Matopiba, e espera ter novidades em breve.

Palmeirante já conta com projetos de fertilizantes e combustíveis.

No primeiro semestre, passou a operar no local um terminal de transbordo da Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi), que já movimentou de 500 mil toneladas de fertilizantes neste ano.

A Mosaic Fertilizantes anunciou investimentos de R$ 400 milhões na construção de uma nova unidade de mistura, armazenagem e distribuição no terminal, com previsão de entrar em operação em 2025. A VLI projeta dividir o polo industrial de Palmeirante em oito lotes, mas outras empresas podem se estabelecer também nas proximidades.

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