Zema vai precisar de jogo de cintura para negociar com governo federal

Reeleito para governar Minas Gerais nos próximos quatro anos, Romeu Zema (Novo) deve, já nos próximos dias, fazer pedidos de recursos para o Estado ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo estadual tomou posse do cargo, neste domingo, em cerimônia que teve início na Assembleia Legislativa e foi concluída no Palácio das Artes.
Acontece que Zema terá, agora, uma posição difícil para negociar a atração de aportes federais para o Estado. Isso deve ocorrer porque, durante o período eleitoral, o governador apoiou o candidato à Presidência derrotado Jair Bolsonaro, declarando publicamente ser um eleitor do então presidente.
“Ele bateu bastante no PT e a todo o instante se colocava como um possível candidato à sucessão do Lula para as próximas eleições. Essa é uma tendência que tem grandes chances de se concretizar”, avalia o cientista político José Lourenço Feijó. Já para a economista Luciana Ferreira, da PUC Minas, Zema terá que ter jogo de cintura.
“O Zema vai ter que aprender a ter uma desenvoltura para se aproximar a Lula e conseguir estabelecer recursos para Minas Gerais. Afinal, com Bolsonaro ele tinha, embora durante os quatro anos com o Bolsonaro no poder ele não tenha vestido a camisa do governo. Especificamente, ele nunca fez críticas ao Bolsonaro. Nunca foi e não será um problema para o atual presidente, e era visto como aliado e dos bons”, sugere Luciana Ferreira.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Governador terá investimento, mas também desafios
De acordo com o último balanço divulgado pelo Governo de Minas de Gerais, houve a criação de 625 mil empregos, atração de R$ 271 bilhões em investimentos, 1.700 escolas foram reformadas, 100 mil alunos inscritos em cursos profissionalizantes gratuitos e a regularização do pagamento dos salários dos servidores em dia.
“Na área da saúde, como pudemos acompanhar, a área que é uma das mais demandadas por causa da pandemia de Covid-19, o Estado passou pela maior operação de vacinação de sua história. Vimos o quanto o governo do Estado se empenhou em investir na regionalização dos serviços de saúde para atender os municípios. Aspecto bastante positivo, inclusive, à frente de governadores de outros estados que são aliados a Bolsonaro”, avalia Feijó.
De acordo com o próprio Governo de Minas, em um primeiro momento, a pasta da saúde organizou a compra adiantada da primeira dose da vacina, assim como a solicitação de seringas e agulhas para as aplicações. A logística foi de atender, por meio de grandes transportes terrestres e mecanismos aéreos, a distribuição do material de vacinação para as macrorregionais e depois as microrregionais.
Nos próximos quatro anos, Zema pretende manter a atração de investimentos em alta. Neste primeiro mandato, foram mais de R$ 271 bilhões atraídos e mais de 600 mil postos de trabalho gerados. Para os próximos quatro anos, a meta é atrair mais R$ 300 bilhões. O governo do Estado pretende ainda realizar importantes obras de infraestrutura, como a expansão do metrô de Belo Horizonte e o Rodoanel, e implantar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A desestatização de empresas estaduais também deve avançar.
“Creio que um dos grandes desafios para o novo mandato é a necessidade de reorganizar os gastos gerados pelo Estado, acertando as dívidas vigentes, assim como também apostando em investimentos. As obras para atender às rodovias mineiras são bastante importantes, pois a precariedade das malhas, que já prejudica, pode dificultar ainda mais a logística e, consequentemente, o desenvolvimento estadual. Aqui em Minas, temos corredores importantes, que ligam estados bastante produtivos, e essas obras precisam de aceleração”, aponta Ferreira.
Vídeo: Zema faz balanço do 1º mandato
Ouça a rádio de Minas