Dólar cai ao menor nível desde 2024 e acumula perda de 14% em 2025

Não é novidade que o dólar vem registrando quedas constantes. Nesta semana, a moeda norte-americana acumulou o quinto declínio consecutivo, fechando a R$ 5,29. Com isso, atingiu o menor valor desde junho de 2024, quando havia encerrado a R$ 5,24. Segundo especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio, a queda reflete a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos (EUA), o enfraquecimento global da moeda e a melhora do risco fiscal doméstico.
O cenário é bem diferente do fim do ano passado e do início deste ano, quando o dólar girava em torno de R$ 6. Em 2025, a moeda já acumula perda de cerca de 14% e deve continuar pressionada ao longo do ano.
O diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, avalia que a desvalorização reflete principalmente o diferencial de juros favorável ao Brasil, que mantém a Selic em patamar elevado em relação às taxas dos Estados Unidos.
Segundo Gusmão, o cenário estimula o ingresso de capital estrangeiro, fortalecendo o real. Além disso, a percepção de melhora no risco fiscal doméstico e o fluxo positivo para ativos emergentes também contribuem para a valorização da moeda brasileira.
O economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, e a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, também apontam o enfraquecimento global do dólar frente às principais moedas como fator importante para a valorização do real.
“Isso aumenta o fluxo de ativos para o Brasil. Vemos a bolsa batendo recordes e a curva de juros fechando, com taxas em queda. É um sinal de fluxo positivo que potencializa o efeito do dólar mais fraco”, diz Costa.
O chefe de banking da EQI Investimentos, Alexandre Viotto, também destaca a questão política, mirando as eleições do ano que vem, como outro fator para a valorização do real. Segundo ele, o Brasil começou o ano com um cenário mais polarizado entre Lula e Jair Bolsonaro, mas esse quadro mudou nas últimas semanas.
Com o avanço do nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), para uma possível candidatura à Presidência da República, investidores e agentes econômicos ficaram mais confortáveis para aplicar recursos em um cenário mais equilibrado e de menor polarização, avalia Viotto. “É uma enxurrada de boas notícias”, afirma.
Para Viotto, a questão fiscal interna ainda inspira cautela e, se estivesse mais controlada, o dólar já poderia estar abaixo de R$ 5. Mesmo assim, com o cenário atual, ele aposta na continuidade da valorização do real até o fim do ano.
Dólar deve continuar em queda
A expectativa é que o dólar continue caindo. Isso porque o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos deve aumentar ao longo do ano, já que são esperadas reduções progressivas pelo Federal Reserve (Fed) e manutenção das taxas no Brasil.
Assim como Viotto, os demais especialistas acreditam que esse cenário fortaleça a moeda nacional, tornando-a mais atrativa para investidores estrangeiros e brasileiros e reduzindo a saída de recursos do País.
Nesse cenário, o diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, acredita que o dólar seguirá pressionado para baixo caso os cortes graduais de juros nos EUA e o cenário de estabilidade no Brasil se mantenham. “Ainda há espaço para quedas adicionais, mas movimentos mais intensos dependerão do comportamento da política monetária americana, da evolução das contas públicas brasileiras e do apetite global por risco”, afirma.
Para Cristiane Quartaroli, do Ouribank, a continuidade da queda dependerá do comportamento de outras variáveis econômicas, como o crescimento do país, a evolução da inflação e da taxa de juros. “Como a expectativa é de manutenção do cenário, é possível que vejamos o dólar desacelerando ainda mais até o fim do ano”, afirma.
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