Finanças

Empresariado mineiro critica novo aumento da Selic e alerta para freio na economia

Copom optou por elevar a taxa de juros para 15%
Empresariado mineiro critica novo aumento da Selic e alerta para freio na economia
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A manutenção do ciclo de aperto monetário, com mais um reajuste da Selic, desagradou o setor produtivo em Minas Gerais. Entidades apontam que a política é um entrave para o crescimento econômico e afetam principalmente os pequenos e médios negócios, mais sensíveis ao crédito.

A elevação da taxa básica de juros ampliará os desafios enfrentados pelo setor produtivo. Embora o controle da inflação seja necessário, juros mais altos restringem o acesso ao crédito, comprometem o consumo das famílias e reduzem a capacidade de investimento das empresas”, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva.

Para a entidade, um novo aumento tende a intensificar a desaceleração econômica, penalizando principalmente os pequenos e médios empreendedores, que ainda enfrentam um ambiente de incertezas e baixa demanda.

“O novo reajuste também pode provocar desaceleração nas vendas, aumento da inadimplência e retração nos investimentos. Defendemos que o combate à inflação precisa ser equilibrado com políticas que estimulem a produção, o consumo e a geração de empregos”, conclui o dirigente.

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Cledorvino Belini, “o aumento da Selic para 15% é uma medida extrema que impõe custos elevados ao setor produtivo, ao consumo e ao emprego. Mas revela, sobretudo, a deterioração das expectativas econômicas diante da instabilidade fiscal, da insegurança jurídica e da falta de clareza nas políticas econômicas do País”.

A ACMinas destaca, em nota, que o combate à inflação não pode se apoiar apenas na política monetária. A elevação dos juros, se não vier acompanhada de um ajuste fiscal crível e de um ambiente regulatório estável, tende a comprometer ainda mais o crescimento econômico e o investimento privado.

“É fundamental que o governo federal adote medidas concretas para recuperar a confiança, controlar os gastos públicos e estabilizar as expectativas. O empresariado mineiro, por meio da ACMinas, reafirma seu compromisso com a defesa de políticas que promovam o equilíbrio, o crescimento sustentável e a competitividade do setor produtivo”, conclui.

“Não canso de falar que uma taxa de juros nesse patamar pune o setor produtivo, principalmente o comércio de bens e serviços. Essa taxa não permite uma dinâmica melhor de vendas e compras, levando, tanto o empresário quanto o consumidor, a uma postura cautelosa. O cenário não está fácil e, diante dele, prevalece a lentidão dos negócios, sem uma perspectiva de movimento no horizonte”, afirmou o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG), Frank Sinatra, em nota.

Indústria

Já a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia que o aumento da taxa Selic é resultado da condução severamente contracionista da política monetária, mesmo diante de sinais de desaceleração da atividade econômica e da recente melhora nas expectativas inflacionárias. Embora reconheça a importância do controle da inflação para a estabilidade econômica, o presidente da entidade, Flávio Roscoe, alerta que a medida pode restringir ainda mais os investimentos produtivos, ampliar os custos de produção, reduzir a competitividade da indústria brasileira, e levar a impactos negativos sobre a geração de empregos e a renda das famílias.

Para Roscoe, é importante adotar medidas mais equilibradas, capazes de conciliar o controle da inflação com a necessidade de estimular o desenvolvimento econômico e a competitividade da indústria nacional. “É fundamental que as decisões de política monetária sejam pautadas pela cautela, levando em conta os efeitos defasados das medidas já adotadas e o elevado nível de restrição imposto pela atual taxa de juros, a fim de evitar impactos desproporcionais sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho”, pondera.

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