Finanças

Ibovespa fecha em queda com inflação dos EUA no radar em dia de vencimentos

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 1,69%, a 124.380,21 pontos
Ibovespa fecha em queda com inflação dos EUA no radar em dia de vencimentos
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

 O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, com dados sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos endossando realização de lucros na bolsa paulista, enquanto Carrefour Brasil voltou a ser destaque positivo, ainda sob efeito do plano do controlador francês de fechar o capital do varejista brasileiro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 1,69%, a 124.380,21 pontos, após duas altas seguidas. Na máxima do dia, marcou 126.512,74 pontos. Na mínima, registrou 124.115,91 pontos.

O volume financeiro somou R$ 55,7 bilhões, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.

Nos EUA, o Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% no mês passado, depois de alta de 0,4% em dezembro. Em 12 meses, avançou 3,0%, de 2,9% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,3% e 2,9%, respectivamente.

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Em Nova York, a sessão terminou com os principais índices acionários norte-americanos com variações modestas e sem uma direção única, e com alta nos rendimentos dos Treasuries.

Os números do CPI, na visão de economistas do Bradesco chefiados por Fernando Honorato, reforçam “a narrativa mais dura do Federal Reserve e sua postura de ‘wait and see’ (esperar para ver), especialmente com as incertezas quanto às políticas da nova administração”, conforme relatório a clientes.

Para os economistas Bernardo Dutra e Nathan Teixeira, do Itaú, o CPI mais forte é consistente com a perspectiva de postura mais cautelosa por parte do Fed, reforçando a previsão do banco brasileiro de nenhum corte de juros este ano e adicionando um risco incipiente de um possível aumento da taxa.

De volta ao Congresso norte-americano, nesta quarta-feira, o chair do Fed, Jerome Powell, disse em um comitê da Câmara dos Deputados que o CPI destaca a tarefa inacabada de levar a inflação de volta à meta. Na véspera, ele já havia dito a um comitê no Senado que não há pressa em cortar os juros.

“Fizemos um grande progresso… mas ainda não chegamos lá” disse Powell. “Queremos manter a política monetária restritiva por enquanto”, acrescentou, em referência aos planos do Fed de manter sua taxa de juros de referência até que esteja claro que a inflação cairá para a meta de 2% do banco central.

Investidores da bolsa paulista também analisaram a mais recente revisão trimestral do MSCI Global Standard Index, publicada na véspera pela provedora de índices, que excluiu seis ações brasileiras do portfólio – que entra em vigor no fechamento de 28 de fevereiro.

Da pauta macro local, o IBGE divulgou que, em dezembro, o volume de serviços recuou 0,5% na comparação com novembro e cresceu 2,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Expectativas em pesquisa da Reuters apontavam avanços de 0,1% na comparação mensal e de 3,5% na base anual.

Estrategistas do Bank of America reiteraram recomendação “overweight” para ações brasileiras em seu portfólio para a América Latina, citando “falta de alternativas” na região. México permaneceu com “marketweight”, enquanto Argentina é vista como um dos Países que pode ter o maior número de catalisadores.

No Brasil, conforme relatório a clientes, a equipe do BofA afirmou preferir papéis de empresas com risco de lucro limitado que podem lidar com um ambiente de altas taxas: bancos selecionados, seguradoras, empresas de proteínas, construtoras com foco na baixa renda e produtoras de matérias-primas globais.

Destaques

  • HAPVIDA ON recuou 7,17%, em meio a ajustes após subir por três sessões seguidas, período em que acumulou valorização de 10,6%. Apenas na véspera, a ação da empresa de saúde saltou mais de 7%. O MSCI também excluiu o papel da companhia de seu Global Standard Index na mais recente revisão trimestral, que entra em vigor no final do mês.
  • VIVARA ON cedeu 5,54%, ampliando as perdas da véspera, em meio a preocupações sobre a rotatividade na gestão e potenciais impactos na estratégia de crescimento da rede de joalherias após anúncio da saída do diretor de marketing, sem um substituto imediato. Na terça-feira, o papel encerrou em queda de 2%, mas chegou a perder mais de 4% no pior momento do pregão.
  • BRADESCO PN caiu 4,56%, com relatório do Goldman Sachs cortando a recomendação da ação para venda e reduzindo o preço-alvo de R$ 14 para R$ 11,40. SANTANDER BRASIL UNIT, que teve a classificação elevada para neutra e o preço aumentado de R$ 25 para R$ 28, cedeu 0,61%. ITAÚ PN perdeu 2,77% e BANCO DO BRASIL ON recuou 1,64%.
  • CARREFOUR BRASIL ON subiu 2,68%, com agentes ainda analisando os planos do controlador, o grupo francês Carrefour, de tornar o varejista brasileiro uma subsidiária integral e deslistar as ações da empresa da B3. Mais cedo, as empresas anunciaram um acordo de incorporação de ações.
  • TIM BRASIL ON avançou 2,19%, mantendo o viés positivo da véspera, quando reagiu ao resultado do quarto trimestre do ano passado, bem como previsões, incluindo sobre dividendos para o período de 2025 a 2027. No meio do pregão, a operadora de telecomunicações também anunciou que seu conselho aprovou programa de recompra de ações de até R$ 1 bilhão.
  • PETROBRAS PN fechou negociada em baixa de 1,49%, acompanhando a fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent terminou com declínio de 2,36%.
  • VALE ON perdeu 0,67%, mesmo com a alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian subiu 0,91%. Na sexta-feira, a Vale apresentará o projeto “Novo Carajás”, que prevê investimento de R$ 70 bilhões na expansão da mineração de ferro e cobre no complexo localizado no município de Parauapebas (PA), em evento com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo nota do Palácio do Planalto.

(Conteúdo distribuído pela Reuters)

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