Finanças

Investimentos diretos no País têm pior abril desde 1995

Investimentos diretos no País têm pior abril desde 1995
Crédito: Thomas White/Reuters

Brasília – Os investimentos diretos no Brasil despencaram em abril a apenas US$ 234 milhões, pior resultado para o mês desde 1995 (US$ 167,9 milhões), em uma mostra da falta de apetite dos investidores por ativos no País em meio à profunda crise com o novo coronavírus.

Ao mesmo tempo, os efeitos econômicos decorrentes da paralisação de atividades para frear o contágio de Covid-19 fizeram as transações correntes terem superávit de US$ 3,840 bilhões em abril, recorde para a série histórica mensal do Banco Central (BC) iniciada em janeiro de 1995.

Em pesquisa Reuters, a expectativa era de investimentos diretos no país (IDP) de US$ 1,9 bilhão, sendo que o próprio BC estimava ingressos líquidos de US$ 1,5 bilhão. Já para as transações correntes, a projeção do mercado era de superávit menor, de US$ 3 bilhões, enquanto o BC esperava saldo positivo de US$ 2 bilhões.

No caso do IDP, o dado representou uma acentuada queda ante ingressos líquidos de US$ 5,107 bilhões em abril de 2019. O resultado, divulgado ontem pelo BC, veio na esteira de desinvestimentos de US$ 834 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado as empresas haviam reinvestido no País US$ 2,915 bilhões em participação no capital.

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Já a conta de novos investimentos caiu a US$ 1,154 bilhão em abril, ante US$ 2,750 bilhões um ano antes.

Em coletiva virtual de imprensa, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, avaliou que a diminuição expressiva do IDP não parece indicar cancelamento de projetos, mas adiamento das decisões em meio às incertezas da crise.

“Por qualquer uma das métricas utilizadas pelos economistas você tem incerteza muito grande sobre o que está acontecendo na economia brasileira”, afirmou ele.

As transações correntes consideram o fluxo de bens e serviços entre os residentes do Brasil e o restante do mundo. Em meio à derrocada na economia com as medidas de distanciamento social, o déficit na conta de renda primária e de serviços tem caído fortemente.

Em abril, houve recuo de 59,7% no rombo da conta primária, a US$ 1,557 bilhão. A remessa de lucros e dividendos para o exterior foi de apenas US$ 4 milhões, contra US$ 2,250 bilhões em abril do ano passado.

Despesas com viagens – Já o déficit na conta de serviços caiu 63,4% sobre o mesmo mês do ano passado, a US$ 1,208 bilhão, fortemente afetado pela retração de 91,2% nas despesas líquidas de viagens, que totalizaram US$ 90 milhões em abril deste ano contra US$ 1 bilhão em igual etapa do ano passado.

Na prática, os brasileiros têm gastado significativamente menos em viagens ao exterior com as restrições para deslocamentos e com a expressiva alta do dólar frente ao real.

Por outro lado, houve aumento no superávit da balança comercial, o que também contribuiu para o superávit expressivo nas transações correntes em abril.

O saldo das trocas comerciais ficou positivo em US$ 6,437 bilhões, frente a US$ 5,125 bilhões um ano antes, diante de uma queda mais pronunciada na ponta das importações do que nas exportações.

De janeiro a abril, o déficit em transações correntes somou US$ 11,877 bilhões, recuo de 29,9% sobre igual período de 2019. Em 12 meses, o rombo caiu a 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB).

Já o IDP foi de US$ 18,043 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, alcançando 4,31% do PIB em 12 meses.

Para maio, o BC previu um superávit em transações correntes de US$ 3,1 bilhões e IDP de US$ 1,5 bilhão. (Reuters)

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