Finanças

Manutenção da Selic em 15% beneficia renda fixa pós-fixada

Manutenção da Selic em 15% beneficia renda fixa pós-fixada
Foto: Marcello Casal jr / Agência Brasil

A decisão do Copom (Comitê e Política Monetária do Banco Central) de manter a Selic em 15% ao ano faz a renda fixa continuar atrativa, dizem especialistas. Com uma inflação esperada de 4,16% em 2026, uma aplicação atrelada à taxa básica de juros traria um retorno real de quase 11%.


“A manutenção da taxa Selic em níveis historicamente elevados não deve alterar significativamente a estratégia de alocação de capital para 2026. A renda fixa continuará atraindo grande parte dos recursos dos investidores, com destaque para os ativos pós-fixados”, diz Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos.


Segundo levantamento do C6 Bank, R$ 1.000 aplicados em 100% do CDI hoje viram R$ 1.114,92 em 12 meses, uma rentabilidade líquida real (considerando inflação e Imposto de Renda) de 7,31%.
Mais rentáveis são os instrumentos isentos de IR, como LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio). Se essas letras renderem 91% do CDI, o retorno em um ano é de R$ 1.126,76, retorno líquido real de 8,45%.


Segundo Marcelo Freller, estrategista de produtos de investimento do C6 Bank, as oportunidades na renda fixa continuam sendo mais atrativas em pós-fixados, mesmo com a perspectiva de cortes na Selic ao longo de 2026, levando-a a 12,25%.


“Nós temos precificado na curva de juros que esses cortes vão acontecer ao longo dos próximos 18 meses. Consequentemente, ao investir em prefixados ou em títulos IPCA+, você tem um carrego no mês a mês que é abaixo da Selic atual”, diz Freller.


Isso acontece porque os juros prefixados são baseados na curva de juros futuros, que é a precificação do mercado financeiro da Selic futura. Ou seja, se o mercado espera que os juros caiam, a curva de juros já incorpora isso.


“Portanto, todos os títulos pós-fixados continuam tendo um carrego no dia a dia, no mês a mês, acima de prefixados e acima de títulos IPCA+”, afirma o especialista.


Segundo Freller, a única maneira de esses títulos prefixados perfomarem melhor do que os pós-fixados é caso o Copom se comprometa com cortes de juros mais rápidos ou de maior magnitude do que atualmente previstos.


Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, vai na mesma linha. “Mesmo diante da perspectiva de início do ciclo de cortes no começo de 2026, os ativos pós-fixados seguem muito relevantes.”


Ele também recomenda os títulos prefixados de curto prazo, entre 2 e 4 anos, e indexados à inflação nos vencimentos intermediários, entre 4 e 10 anos, por oferecerem equilíbrio entre retorno e sensibilidade à curva de juros.


“A combinação de taxas reais ainda altas, acima de 7% ao ano, e proteção contra possíveis pressões inflacionárias contribui para preservar o poder de compra e reforça a importância desses papéis na composição das carteiras”, diz Constantino.


O especialista ainda ressalta a necessidade de assegurar o aporte em ativos seguros antes de um ano imprevisível, com eleições.


Conheça alguns tipos de investimento:


Títulos públicos


Emitidos pelo Tesouro Nacional, são considerados os investimentos mais seguros do mercado. O governo utiliza esses recursos para financiar suas atividades. Existem diferentes tipos, como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado, cada um com características específicas de rentabilidade e prazo.


CDB (Certificado de depósito bancário)


É um título de renda fixa emitido por bancos. Ao investir em um CDB, você está emprestando dinheiro à instituição financeira em troca de uma remuneração. Os rendimentos podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.


CRI (Certificado de recebíceis do imobiliário)


Trata-se de um título de crédito lastreado em recebíveis imobiliários, como aluguéis ou financiamentos. O CRI permite que empresas do setor imobiliário captem recursos no mercado financeiro.


CRA (Certificado de recebíceis do agronegócio)


Similar ao CRI, mas voltado para o setor agrícola. O CRA é um título de crédito que representa uma promessa de pagamento em dinheiro e é lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, cooperativas e terceiros.


LCA (Letra de crédito do agronegócio)


É um título de crédito emitido por instituições financeiras e lastreado em empréstimos concedidos ao setor agrícola. A LCA é isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas e conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até certos limites.


LCI (Letra de crédito imobiliário)


Similar à LCA, mas voltada para o setor imobiliário. A LCI é emitida por instituições financeiras e lastreada em empréstimos imobiliários. Também é isenta do Imposto de Renda para pessoas físicas e protegida pelo FGC.


Debêntures tradicionais


São títulos de dívida emitidos por empresas de capital aberto para captar recursos no mercado. Os investidores que compram debêntures se tornam credores da empresa emissora. A rentabilidade pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida, e o risco está diretamente ligado à saúde financeira da empresa emissora.


Debêntures incentivadas


São um tipo especial de debêntures, regulamentadas pela lei nº 12.431/2011, que visam estimular investimentos em projetos de infraestrutura ou de produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O grande diferencial é a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que pode resultar em uma rentabilidade líquida mais atrativa.

Conteúdo distribuído por Folhapress

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas