Verdinha, segunda moeda pública local do Brasil, começa a circular no Norte de Minas

A segunda moeda pública local do País será lançada na tarde desta segunda-feira (27), no município de Mato Verde, no Norte de Minas. Batizada de Verdinha, a moeda inicia sua circulação com a realização dos primeiros pagamentos realizados pela Prefeitura do município.
O Executivo Municipal também vai iniciaro pagamento de benefícios sociais, colocando volumes maiores da nova moeda em circulação.
A Verdinha é uma alusão ao nome da cidade de 12 mil habitantes e também está associada à ideia de sustentabilidade, uma vez que o plano é estimular atividades econômicas locais potencialmente mais sustentáveis.
O controle e a gestão da Verdinha são de responsabilidade do Conselho Monetário Municipal, composto por membros do governo, do setor empresarial e da sociedade. A nova moeda possui lastro no Fundo Monetário Municipal, que confere segurança e credibilidade à iniciativa.

A moeda pública local é uma das ações previstas no Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico (PMDE) de Mato Verde, como uma estratégia de fortalecimento da capacidade empreendedora e de retenção de riqueza no território.
A Verdinha foi criada por meio da lei municipal nº 344, de 2 de dezembro de 2022, e pela lei nº 372, de 29 de novembro de 2023, e age como uma moeda complementar à nacional. Para os primeiros meses de circulação, mais de 40 mil cédulas foram impressas, totalizando R$ 180 mil (Reais) ou V$ 180 mil (Verdinhas). Cada R$ 1 equivale a V$ 1.
As notas disponíveis da Verdinha são de 1, 2, 5, 10 e 20. A princípio, a população poderá realizar as operações de câmbio na Sala Mineira do Empreendedor de Mato Verde.
Comerciantes aderem à Verdinha
Na cidade, o comércio local manifesta boas expectativas quando à nova moeda. O dono da PH Embalagens e Descartáveis, por exemplo, Paulo Henrique Silva, pretende fazer promoções para estimular que os clientes paguem os produtos com a Verdinha. “A nossa perspectiva é aumentar as nossas vendas e ter mais rentabilidade em nossa cidade. Se todo mundo aderir, Mato Verde só tem a ganhar”, comenta.

A empreendedora Rosileny Maria Ribeiro, dona da loja Rose Cosméticos, também tem boas expectativas sobre a novidade.

“Acho que vai ser muito legal pra Mato Verde porque vai melhorar a economia da nossa cidade. O dinheiro vai circular mais e vai ter um avanço muito grande no comércio, até mesmo na geração de empregos. Se o dinheiro circula mais, há mais possibilidade de a gente contratar pessoas para trabalhar no comércio”, analisa.
Sobre o programa Moeda Pública Local
O programa Moeda Pública Local é uma das soluções desenvolvidas pelo Sebrae Minas para apoiar o desenvolvimento econômico dos municípios mineiros, especialmente, por meio da estratégia de retenção de riqueza nas economias locais.
A analista técnica do Sebrae Minas, Cleris Bibbo, diz que a ideia tem relação com o projeto Sala Mineira do Empreendedor, que é o resultado da parceria entre o Sebrae Minas e a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), implantado no município.
“Um dos nossos projetos com a sala é o processo de incentivo às compras locais, bem como a valorização do comércio local. Então, a moeda surgiu como uma alternativa para a gente melhorar o projeto de compras públicas e de valorização do comércio do município. Com isso pretendemos fixar a riqueza dentro da própria cidade”, diz.
A iniciativa foi inspirada na experiência de moedas sociais utilizadas em vários municípios do mundo. O Sebrae Minas apoia os municípios com orientação, mentoria, instrumentos legais e apoio nas atividades de sensibilização e mobilização das comunidades.
Além de Mato Verde, o município mineiro de Resplendor, no Vale do Rio Doce, que tem cerca de 17 mil habitantes, já conta com a própria moeda pública local, a Ubérrima. Lançada em abril deste ano, a moeda é aceita como forma de pagamento em quase 70 estabelecimentos comerciais locais.
O Sebrae Minas deu apoio aos dois municípios com orientação, mentoria, instrumentos legais e apoio presencial nas atividades de sensibilização e mobilização e nas audiências públicas.
* A repórter viajou a convite do Sebrae Minas
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