Audiência pública pede a volta do trem de passageiros na RMBH

A Câmara Municipal de Contagem sediou, nesta quarta-feira (2), uma audiência pública sobre a retomada do trem de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A iniciativa busca mobilizar diferentes setores da sociedade para discutir o projeto e debater soluções concretas para desafogar o transporte público, que hoje depende exclusivamente das linhas de ônibus.

A proposta partiu da vereadora Adriana Souza (PT), que reforçou que Minas Gerais tem uma das maiores malhas ferroviárias do Brasil que, diferente do Rio e São Paulo, só serve para o transporte de carga, seja de minério ou de commodities. “Precisamos voltar com o trem de passageiros, que já existe na capital do Rio, que já existe em São Paulo e, em Minas, pode complementar um sistema multimodal e garantir mobilidade urbana para as pessoas da RMBH”, reforça.   

A ação marca um momento estratégico no avanço da pauta da mobilidade urbana com justiça social, reunindo especialistas, representantes do poder público, movimentos sociais e a comunidade em um espaço de escuta ativa e construção coletiva.

“Temos a prefeita de Contagem, Marília Campos, que é favorável à volta do trem de passageiros na RMBH e já fez movimentações junto ao governo federal para reforçar a necessidade da volta deste meio de transporte, inclusive para incrementar o desenvolvimento econômico de Contagem, Betim e Belo Horizonte. A audiência pública é, na verdade, um elemento para fortalecer essa luta pela volta do trem que beneficiará a população”, avalia Adriana Souza.

Considerando apenas Betim e Contagem, que são as cidades mais impactadas pelo projeto conceitual, a estimativa seria de beneficiar diretamente mais de 250 mil pessoas com o trem de passageiros. Por isso a decisão de apresentar, em audiência pública, dados, experiências populares e propostas legislativas que apontem caminhos para a reativação das linhas férreas como solução viável e sustentável para a mobilidade nas cidades da RMBH.

Os custos de transporte na Região Metropolitana de BH apresentam aumento constante ao longo dos anos, com projeção de crescimento de 100% para carga geral e 120% para passageiros entre 2010 e 2025. Simultaneamente, o tempo de deslocamento para passageiros aumentou de 25 para 40 minutos a cada 10 km.

Este cenário reflete o estrangulamento das vias de transporte existentes, o congestionamento crescente e a falta de investimentos adequados em infraestrutura, especialmente ferroviária, que poderia oferecer alternativas mais eficientes e econômicas.

A vereadora destaca ainda que a volta do trem de passageiros, além de garantir mobilidade e proteção ao meio ambiente ainda irá fomentar o desenvolvimento econômico regional. “A audiência contou com a presença de vereadores de Belo Horizonte, de Santa Luzia e de Ribeirão das Neves e a expectativa é que eles possam também, juntamente conosco, realizar audiências públicas nas suas cidades para fortalecer essa luta”, salienta.

Adriana Souza argumenta ainda sobre a manutenção dos carros parados, que era uma cláusula da concessão da ferrovia. “Quando a concessionária assumiu a manutenção do transporte de passageiros, há quase 30 anos, era para garantir a continuidade deste transporte. Essa cláusula do contrato não foi cumprida e, como a renovação da concessão está prevista para 2026, este é o momento exato para fazer o debate para que a gente possa garantir que a volta do trem de passageiros esteja nessa negociação”, explica.

De acordo com dados apresentados pela vereadora, a média de velocidade do transporte coletivo na RMBH é de 17 km por hora. “Com isso, existe uma perda imensa de tempo de vida das pessoas dentro dos coletivos. Isso poderia ser amenizado com a volta do trem de passageiros”, argumenta.

A audiência foi realizada no Plenário da Câmara Municipal de Contagem, com a presença de representantes do governo federal, pesquisadores, lideranças comunitárias, movimentos sociais e parlamentares de Contagem, Belo Horizonte, Santa Luzia e Ribeirão das Neves, comprometidos com o fortalecimento do transporte público para além do sistema viário.