Consórcio Motiva vence leilão da rodovia Fernão Dias e encerra ciclo da Arteris na BR-381
O consórcio Motiva venceu o processo competitivo pela concessão da rodovia Fernão Dias (BR-381), principal rota logística entre Minas Gerais e São Paulo. A companhia arrematou o leilão ao oferecer um deságio (desconto) de 17,05% sobre a tarifa básica de pedágio prevista no edital, superando as ofertas do Consórcio Infraestrutura MG – EPR (11,25%) e Arteris (0%).
Com o resultado, a vencedora assume a responsabilidade pela operação de 569 quilômetros (km) de rodovia e um pacote robusto de obras. O novo contrato, viabilizado por meio de uma repactuação consensual junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), prevê R$ 9,5 bilhões em investimentos e R$ 5,4 bilhões em custos operacionais até o fim da vigência, determinado para 2040.
A vitória marca uma mudança de era na gestão da Fernão Dias. A Motiva desbancou a atual operadora, Arteris, indicando um novo apetite por ativos de maior complexidade. Como é uma transferência de controle, a nova concessionária terá de pagar cerca de R$ 295,1 milhões à antiga gestora pelos ativos não amortizados, além de investir no capital da operação.

Após a vitória, o presidente da Motiva, Eduardo Camargo, reforça que o ativo da rodovia Fernão Dias é completamente aderente à estratégia da companhia. “É um projeto grande, complexo e em uma região estratégica para a Motiva. Estávamos presentes através do aeroporto e agora estamos chegando em Minas Gerais na Fernão Dias”, destaca.
O CFO da B3, André Milanez, destaca que este é o quarto leilão do modelo de otimização dos contratos federais e faz parte de uma nova etapa na gestão e modernização das rodovias brasileiras. “A autopista Fernão Dias é um dos principais corredores rodoviários do Brasil. O contrato prevê investimentos de mais de R$ 14 bilhões em obras e melhorias, além de maior eficiência na gestão”, completa.
Desde 2008, a Arteris administra a Fernão Dias e foi a primeira concessionária a passar por repactuação sem pedir devolução amigável. A otimização do contrato é encarada como fundamental para corrigir distorções da antiga concessão, que não contava com regras claras sobre ampliação de capacidade e demais melhorias a serem realizadas ao longo dos anos.
Atualmente, a rodovia já opera no limite e exige intervenções imediatas para suportar o intenso tráfego de veículos e o escoamento de cargas. Com a nova gestão, a expectativa é de ampliação da capacidade de tráfego, com a implantação de faixas adicionais e vias marginais, além de correções de traçado e novas passarelas.
Concessão faz parte de nova estratégia da Motiva após deixar setor aéreo
A Motiva é uma das maiores companhias de infraestrutura de mobilidade do Brasil, com 37 ativos distribuídos por 13 estados brasileiros. Além de aeroportos, a empresa possui 12 concessionárias de rodovias e cinco de trilhos, sendo responsável pela gestão e manutenção de 4.475 km de estradas.
Vale lembrar que, no último mês, a concessionária anunciou a venda dos 20 aeroportos, incluindo o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins e o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, conhecido como Aeroporto da Pampulha, cujo valor total atingiu R$ 11,5 bilhões. A venda dos ativos marca uma nova era para a concessionária, que pretende focar na gestão de rodovias em território nacional.
Na época, a empresa revelou que a simplificação do portfólio faz parte de um plano estratégico, denominado “Ambição 2035”. O projeto está atrelado em pilares como crescimento rentável, seletivo e sinérgico, além de maior eficiência operacional.
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