Extinção de negócios cresce quase 12% em Minas Gerais

Minas Gerais registrou queda na abertura de empresas no acumulado de janeiro a setembro de 2022 frente ao mesmo intervalo do ano passado. Foram abertos 300.931 negócios neste ano, contra 332.497 em 2021. A diferença entre os períodos foi de 31.566 empreendimentos, ou seja, retração de mais de 9%.
Ao mesmo tempo em que a abertura de negócios caiu no Estado, o número de fechamentos aumentou. Nos nove primeiros meses deste ano houve a extinção de 136.058 empreendimentos, contra 121.840 do mesmo período em 2021. A alta na comparação foi de quase 12%, com 14.218 encerramentos a mais.
Com os resultados, o saldo entre abertura e fechamento de empresas no acumulado de 2022 ficou em 164.873. O recuo foi de aproximadamente 22% se comparado ao saldo de igual intervalo do exercício anterior, quando o saldo ficou em 210.65. Os dados são da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg).
Quanto à criação de novas empresas por tipo jurídico, os microempreendedores individuais (MEIs) lideram o ranking com 240.498 constituições. Em seguida, aparece a sociedade de responsabilidade limitada (Ltda), com 50.977, e empresário individual (EI) com 8.806. Cooperativas, Sociedade Anônima (S/A) e empreendimentos de outra natureza somam 650 negócios formalizados.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O presidente da Jucemg, Bruno Falci, explica que a alta no encerramento e a queda na criação de empreendimentos têm ligação com a economia e com os problemas resultantes da guerra entre Rússia e Ucrânia e da pandemia da Covid-19. “O que acontece é que está muito ligado à economia, que para alguns setores está muito boa e para outros setores nem tanto”, pondera.
Para Falci, as variações são normais, pois quando se compara os dados pode haver o entendimento de que tiveram menos dias úteis. Ele ressalta que um feriado pode cair durante a semana em um determinado ano, e, em outro, no final de semana. Ainda segundo ele, um dia útil às vezes “representa pelo menos 5% do mês”.
Para explicar os números, o executivo da Jucemg também ressalta a atual facilidade para abrir e encerrar negócios no Estado. “Tivemos muita abertura de empresas de microempreendedor individual (MEI) e, normalmente, essas empresas são muito voláteis, elas abrem e fecham com uma rapidez muito grande. Então esses desequilíbrios muitas vezes são em função disso”, ressalta.
“E sem falar o seguinte, há dois anos, a pessoa quando ia fechar uma empresa ela pagava para fechar, então tinha um custo para dar baixa. Hoje em dia não tem mais esse custo, então logo que uma pessoa quer fechar a empresa, ela fecha logo, porque não tem que pagar uma taxa”, analisa.
Apesar dos dados indicarem percentuais negativos nas comparações com 2021, Falci destaca que o saldo deste ano é positivo. “Durante o ano de 2022, em Minas Gerais, nós tivemos a abertura de 300.931 empresas e tivemos a extinção de 136.058. Então é um número de abertura 221% acima do de extinção”, argumenta.
“Isso por si já mostra que o empresário está acreditando no País, está acreditando na economia e que o negócio está caminhando. Não está caminhando do jeito que a gente precisa, do jeito que a gente quer, mas os dados estão aqui, com muito mais abertura do que extinção de empresas”, conclui.
O presidente da Jucemg acredita que para o fechamento dos dados em 2022, a tendência é de estabilidade.
Resultado mensal
Os dados da Jucemg também apontam os resultados individuais de setembro. Somente no nono mês de 2022, foram constituídos 32.699 empreendimentos, um recuo de 3,55% frente ao mesmo período em 2021, quando foram abertos 33.903. Se comparado a agosto de 2022, quando houve a formalização de 37.184 novos negócios, a queda foi de pouco mais de 12%.
O número de fechamentos em setembro também apresentou uma leve queda. Foram extintos 14.865 negócios, contra 14.988 do mesmo mês em 2021, um recuo de 0,82%. Já em relação a agosto, quando ocorreu o fechamento de 17.159 empreendimentos, a retração foi de mais de 13%.
Conforme Falci, o período eleitoral e a dúvida de como será caso um candidato ou outro ganhe, podem ser uma justificativa para a retração dos dados de constituições. Segundo ele, “às vezes, o empresário não toma uma atitude de abrir uma empresa aguardando uma posição política”.
O que motiva um empresário a abrir um negócio é ter um cenário econômico positivo. É o que afirma o presidente da Jucemg. De acordo com Falci, em termos de protagonismo na economia, Minas Gerais “ficou à deriva do País por muito tempo”. Entretanto, o cenário atual indica uma expectativa positiva para o Estado.
Para ele, se essa expectativa se tornar real, “vai criar um ambiente favorável”, não só para a abertura de empresas, como também para a manutenção dos negócios existentes. Segundo ele, “não adianta ficar abrindo e fechando, nós precisamos de empresas estáveis”.
Falci também opina sobre o possível impacto da reeleição de Romeu Zema (Novo) no governo de Minas e da vitória de Jair Bolsonaro (PL) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência do País. “Eu acho que o empresariado é muito mais simpático à forma de gestão do Bolsonaro. E a do Zema nem se compara, haja vista uma vitória que ele teve no primeiro turno com uma vantagem expressiva sobre o concorrente dele”, avalia.
Ouça a rádio de Minas