Fraude no setor de metais e sucatas é desarticulada

Foi deflagrada ontem a Operação Sinergia, que tem como alvos empresários do ramo de metais e sucatas – principalmente de alumínio e cobre – na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e no Sul de Minas. Cinco mandados de prisão e 29 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Minas Gerais (Belo Horizonte, Andradas, Contagem, Guaxupé, Pará de Minas e Pequi); em São Paulo (Itatiba, Jundiaí, Limeira e Mogi Mirim); e em Tocantins (Palmas e Porto Nacional).
A operação é uma força-tarefa do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), formada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), pela Receita Estadual, e pelas polícias Civil e Militar, nas regionais do Cira em Contagem e Varginha.
De acordo com as investigações da Polícia Civil e do Caoet Contagem, representantes de uma empresa com sede na cidade são suspeitos de executar um esquema de sonegação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) na comercialização de metais e sucatas, causando prejuízo de mais de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
Levantamentos iniciais apontam que a fraude consiste na simulação de operações de compra e venda de mercadoria mineira com notas fiscais de outros estados, mediante uso de empresas de fachada, criadas em nome de “laranjas”, com o objetivo de não pagar os tributos devidos e ainda gerar créditos tributários para a empresa beneficiária do esquema. Além do uso de notas fiscais falsas, existem indícios de receptação de fios de cobre furtados.
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Segundo as investigações, apenas uma das empresas, localizada em Palmas, capital do Tocantins, emitiu um total de R$ 1,3 bilhão em notas fiscais correspondentes a supostas vendas de metais e sucatas. A emissão dos documentos gerou um crédito de R$ 159 milhões distribuídos entre as empresas envolvidas no esquema e usados para abatimento no ICMS.
Sequestro de bens – Com a finalidade de ressarcir o dano causado ao erário, a Justiça mineira analisa o pedido de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados que, comprovadamente, estiverem envolvidos na fraude.
Nas investigações desenvolvidas pela Receita Estadual e pelo Caoet Varginha, e que contaram ainda com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Passos) e da Polícia Militar, evidências apontam uma dinâmica criminosa semelhante.
Uma empresa situada em Andradas é suspeita de simular a aquisição de mercadorias provenientes de outros estados, principalmente, do Mato Grosso e do Maranhão, com o objetivo de obter créditos tributários de forma ilícita. Além disso, ao que tudo indica, as saídas de mercadoria declaradas também são fictícias.
Em todo ano de 2020 e nos primeiros meses de 2021, a empresa de Andradas apresentou movimento contábil superior a R$ 1 bilhão. Com a fraude, em razão do não recolhimento do ICMS, o prejuízo causado aos cofres públicos pode chegar a R$ 100 milhões.
A Operação Sinergia conta com a participação de 11 promotores de Justiça, seis funcionários do Ministério Público Estadual, 46 servidores da Receita Estadual, 20 delegados e 135 investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais, além da participação da Polícia Civil de São Paulo e Tocantins.
Instituído por meio do Decreto 44.525/2007 para atuar no combate à sonegação e às fraudes fiscais em Minas Gerais, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) completou 14 anos de atuação em 21/5/2021. Durante esse período, o Ministério Público Estadual, a Receita Estadual e as polícias Civil e Militar foram responsáveis por investigações conjuntas que desarticularam fraudes estruturadas, resultando na defesa da livre concorrência e na recuperação significativa de ativos para a sociedade mineira. (Agência Minas)
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