Legislação

Supremo aprova reajuste salarial

Proposta de aumento de 18% nos vencimentos da magistratura será enviada ao Congresso
Supremo aprova reajuste salarial
Se a proposta for aprovada, o vencimento mensal dos ministros do STF será de R$ 46,3 mil | Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou ontem, em sessão administrativa, o envio ao Poder Legislativo de uma proposta que resultaria na elevação dos salários da magistratura em 18% até julho de 2024. A proposta prevê o reajuste do salário de um ministro do Supremo, teto do funcionalismo, ao valor de R$ 46,3 mil. Atualmente, o vencimento mensal dos integrantes da Corte é de R$ 39,3 mil.

Caso também seja aprovada pelo Congresso, essa elevação provocaria um efeito cascata que elevaria os demais salários dos magistrados do País. Os ministros também enviarão uma proposta de aumento a servidores da Justiça no mesmo percentual e período.

Os 11 ministros do Supremo votaram de forma favorável ao aumento, pleiteado pelas associações de magistrados e pelos sindicatos dos servidores. A sessão virtual foi fechada ao público e à imprensa.

Relatório apresentado pelo presidente do Supremo, Luiz Fux, aos demais ministros, aponta que as entidades relatam perdas inflacionárias superiores a 30% desde o último reajuste. Os sindicatos de servidores vêm fazendo manifestações frequentes em frente ao prédio do Supremo nos últimos meses.

Essas entidades afirmaram ao presidente da Corte que há “desperdício de investimentos em formação e desenvolvimento dos servidores que deixam os quadros das instituições, bem como a necessidade de gastos com novos processos seletivos, com novos treinamentos, com a identificação de novos talentos”.

Fux argumenta que estudos iniciados no primeiro semestre e realizados em conjunto com os demais tribunais superiores “apontaram a possibilidade de implementação de percentuais próximos de 9% em 2023 e mais 9% em 2024, incluindo servidores e magistrados”.

Com isso, a área técnica do Supremo formulou a proposta de aumento, no qual os valores dos vencimentos básicos e dos cargos e das funções comissionadas serão reajustados em 18%, em quatro parcelas não cumulativas, sendo a primeira em abril de 2023 e a última em julho de 2024.

Fux afirma ainda que outros órgãos já tomaram medidas para recomposição salarial, a exemplo do Tribunal de Contas da União (TCU), da Polícia Rodoviária Federal, do Banco Central e do Ministério Público Federal.

Segundo ele, com percentuais que variam de 13,5% a 22%, “mas devem ser analisados individualmente porque carreiras como o TCU tiveram recomposições mais recentes do que o Poder Judiciário da União”. O último aumento do salário de magistrados foi aprovado em 2018 e o dos servidores, em 2016.

As propostas serão enviadas ao Congresso para a análise na forma de projeto de lei. A tramitação desse projeto começaria pela Câmara dos Deputados. Depois da aprovação dos parlamentares, a proposta ainda deve ser sancionada pelo presidente da República. Embora o presidente possa vetar a mudança, o Congresso pode derrubar esse veto.

Além da aprovação do projeto de lei com o aumento dos subsídios dos ministros, há alguns outros passos burocráticos para a elevação dos salários dos demais magistrados: uma portaria conjunta dos presidentes dos tribunais superiores e uma resolução do STF com o subsídio mensal dos magistrados da União.

Impacto

No próprio STF, o impacto previsto com as duas primeiras parcelas é de R$ 981 mil em 2023, já considerando as verbas previdenciárias para os ministros.

Em relação aos servidores do Supremo, para o ano que vem, o impacto previsto é de R$ 26,3 milhões também considerando verbas previdenciárias.

Ao marcar a sessão, o Supremo informou que, numa eventual proposta aprovada, o aumento deverá ser pago com valores do próprio Poder Judiciário, sem necessidade de repasses.

Além do aumento salarial, o tribunal formou maioria para aprovar a proposta de orçamento do Supremo para 2023, de R$ 850 milhões, que inclui uma recomposição da inflação de 10,9% em relação ao orçamento de 2022, que foi de R$ 767 milhões. (José Marques)

Rosa Weber é eleita para presidente do STF

Brasília – Em sua primeira manifestação após ser eleita presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber afirmou ontem que irá atuar sempre “na defesa da integridade e da soberania da Constituição e do regime democrático”.

Rosa, que assume o posto no dia 12 de setembro, foi eleita de forma simbólica pelos demais ministros da Corte. É praxe que o ministro mais antigo que ainda não ocupou a presidência suceda o presidente anterior. Ela disse que, a despeito dessa tradição, está “absolutamente sensibilizada pelo voto de confiança”.

Seu mandato está previsto para durar até outubro do ano que vem, quando a ministra terá que se aposentar porque completa 75 anos.

“Nesses tempos tumultuados que nós estamos vivendo, o exercício deste cargo trata-se de um imenso desafio. Mas eu vou procurar desempenhá-lo com toda a serenidade e com a certeza do apoio de vossas excelências, que para mim será fundamental”, afirmou a ministra.

Além de Rosa, foi eleito como vice-presidente o ministro Luís Roberto Barroso, que deve suceder a ministra na presidência do Supremo. A eleição foi feita de forma digital. Antes da sessão, os ministros receberam um link e votaram de forma rápida.

A posse de Rosa foi marcada para o dia 12 de setembro por receio de novos atos de teor golpista que tenham como o principal alvo o Judiciário. O STF optou por não marcar a posse da ministra Rosa Weber na presidência da Corte para a semana do 7 de Setembro.

O mandato do atual presidente, Luiz Fux, vence no dia 10 de setembro, um sábado. Assim, as datas que haviam sido discutidas para a posse de Rosa eram os dias 9 (sexta-feira) ou 12 (na segunda-feira).

O Supremo acabou ficando com a segunda opção, por ser na semana seguinte ao feriado, quando o clima de tensão entre as instituições deve estar mais ameno.

Nas manifestações convocadas por bolsonaristas no ano passado, o presidente fez discursos diante de milhares de apoiadores em Brasília e São Paulo com ameaças golpistas ao STF.

A expectativa de apoiadores do presidente é de que as manifestações se repitam neste ano, em um clima ainda mais acirrado devido à proximidade das eleições e com Bolsonaro até o momento em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O acirramento das hostilidades contra o Supremo fez a corte reforçar nos últimos anos a segurança da sua sede, em Brasília. (José Marques/Folhapress)

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