Movimento Minas 2032

Agenda 2030 deve estar entre as cobranças aos candidatos nessas eleições

Confira a entrevista com o doutor em Ciências Sociais e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC/MG, Robson Sávio Reis
Agenda 2030 deve estar entre as cobranças aos candidatos nessas eleições
Crédito: Robson Sávio / Arquivo Pessoal

Em um ano marcado por queimadas, seca extrema e possibilidade de crise hídrica, a Agenda 2030 deveria figurar entre os temas centrais nos debates das eleições de Minas Gerais em 2024. Além disso, a estrutura macroeconômica do Estado, com atividades econômicas concentradas na mineração, agricultura e indústria, exige ainda mais consciência e foco nas metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, essas reflexões não estão presentes nas pautas dos candidatos nem dos eleitores.

Cidade e a natureza
Brasil está entre os países com menos metas dos ODS implementadas | Crédito: Reprodução Pexels / Nino Souza

É o que explica Robson Sávio Reis, doutor em Ciências Sociais e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC/MG. O especialista defende que há tempo ainda de se informar e escolher representantes capazes de construir cidades melhores para todos.

Como você avalia o entendimento e compromisso dos candidatos às câmaras municipais e prefeituras em relação aos ODS em Minas Gerais?

Desconheço planos de governo com foco nos ODS em Minas Gerais. O Estado tem 853 municípios e avalio que o pleito de 2024 traz propostas genéricas que tangenciam questões como o combate à fome, algumas medidas de enfrentamento das desigualdades sociais, além de abordagens superficiais sobre o meio ambiente e outros assuntos. Infelizmente, no que diz respeito aos ODS, não há um debate ou plano de governo sólido para estas eleições municipais em Minas Gerais.

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Por que isso acontece em pleno século XXI?

Essa é uma realidade generalizada no Brasil, com apenas alguns políticos ou partidos específicos tratando a Agenda 2030 de maneira efetiva. Percebo que as questões relacionadas aos ODS, muitas vezes, são apresentadas apenas como uma plataforma de propaganda e não de execução. A sociedade contemporânea é muito individualista, e os ODS são pautas que visam o bem comum. O eleitor, muitas vezes, busca resultados imediatos e benefícios próprios. Comprometer-se com os ODS não tem sido do interesse da maioria dos candidatos, que prefere pautas com resultados eleitoreiros mais rápidos e práticos. É muito lamentável que isso ocorra.

Qual é o impacto disso para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental nas cidades mineiras?

O Brasil está entre os países com menos metas dos ODS implementadas no mundo. O último governo federal não tinha comprometimento com essas causas e, hoje, há um grupo refratário às temáticas sociais e ambientais, que demandam ações urgentes. Isso demonstra claramente a necessidade de políticas públicas de proteção ambiental e de reparação, além de ações que previnam o agravamento de problemas ambientais e sociais, o que afeta, sobretudo, os grupos mais vulneráveis. Minas Gerais reflete essa realidade. Aderir à Agenda 2030 exige que vereadores e prefeitos se posicionem diante do poder econômico clássico e articulem de maneira diferente com grandes segmentos. Isso demanda intenção política e essas não parecem ser plataformas atraentes para a maioria dos nossos candidatos. Esse cenário de desconhecimento e desinteresse político faz com que seus mandatos não estejam comprometidos com políticas para a Nova Economia, redução das desigualdades sociais, defesa do meio ambiente e outros temas prioritários para a construção de cidades potentes e diversas.

Qual a orientação para o voto consciente no pleito de 2024 em Minas Gerais?

Ainda há tempo para o eleitor cobrar de seus candidatos maior envolvimento com os temas da Agenda 2030, de modo que elejamos representantes capazes de construir cidades mais resilientes, sustentáveis, acolhedoras e que compreendam a diversidade das pessoas. Para isso, é essencial obter informações seguras sobre os candidatos e seus planos de governo, avaliando se o que propõem é viável em termos de políticas públicas que atendam às múltiplas demandas da sociedade, visando à melhoria da qualidade de vida de todos nós. Dois movimentos são primordiais neste momento de escolha dos futuros vereadores e prefeitos: o primeiro, dos candidatos, para que compreendam e se comprometam com a construção de cidades inclusivas para todos; o segundo, dos eleitores, para que cobrem de seus candidatos a inclusão de plataformas voltadas ao desenvolvimento sustentável e acompanhem sua implementação, caso seus representantes sejam eleitos.

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