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Empresas com propósito geram lucro e progresso social

A espiritualidade nos negócios tem ganhando força entre líderes, empreendedores e organizações
Empresas com propósito geram lucro e progresso social
Presidente da ADCE Brasil, Sérgio Cavalieri diz que negócios são pessoas e não personas: jurídica e física | Crédito: Divulgação Café com Fé

Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico, competitivo e volátil, a espiritualidade nos negócios tem ganhando força entre líderes, empreendedores e organizações. De acordo com o jornalista, professor, empresário e diretor-executivo da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE) no Brasil, Lúcio Flávio Machado, a espiritualidade no ambiente corporativo está relacionada ao propósito, à conexão do lucro com a ética, ao cuidado com as pessoas e ao impacto positivo no mundo.

“Elevar a força dos princípios do bem comum, da integridade, da autenticidade e do propósito para as práticas de gestão e cultura organizacional. Trata-se de enxergar a empresa também com a tarefa de colaborar com o desenvolvimento humano e de toda a sociedade, além de dar lucro”, esclarece.

Para ele, líderes espiritualmente conscientes conduzem suas equipes com base em valores sólidos, promovendo ambientes de confiança e respeito. Eles tomam decisões que consideram o bem coletivo e saúde financeira das empresas e buscam alinhar os objetivos empresariais com o propósito maior de servir à sociedade. “A espiritualidade é um diferencial competitivo, pois o bem-estar, a ética e o desenvolvimento criam um ecossistema sólido para equipes mais engajadas, inovadoras e comprometidas. E o negócio cresce dando lucro e permitindo que o ser humano esteja no centro das decisões”, completa.

Essa é a forma como o advogado Felipe Palhares Guerra Lages faz a gestão nas empresas das quais faz parte. Consultor jurídico de várias empresas, escritor, palestrante e fundador da Mandatum Consultoria, SafeCorp Corretora de Seguros, Construir Loteamentos e acionista do Grupo Orguel, o empresário atribui à espiritualidade grande parte de seu sucesso.

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Criado por uma família de muita fé, Palhares viu os negócios prosperarem quanto mais os gestores e funcionários se dispuseram a estudar e compartilhar os desafios empresariais usando a prática cristã e a fé como orientadora.

O empresário conta que, há mais de duas décadas, a sexta-feira começa com a Capelania em seu escritório. A prática é um serviço de apoio espiritual, emocional e social oferecido por capelães – geralmente pessoas com formação religiosa ou teológica – em ambientes, inclusive corporativos. Na Capelania empresarial, o aconselhamento é feito dentro do ambiente de trabalho e dirigido aos desafios laborais.

“Vi meus avós, pais e tios crescerem com respeito às pessoas e foco na sustentabilidade sempre alinhada aos valores cristãos. Depois de muita formação técnica, percebi que a tomada de decisões, as frustrações e desafios são fortalecidos quando a espiritualidade tem espaços nas corporações”, reforça.

Felipe Guerra Lages conta que o Grupo Orguel, fundado em1963 para atuar no setor de soluções de engenharia, também tem a espiritualidade como base da gestão. Com sede em Belo Horizonte, está em 11 estados e países da América Latina e da África. Em 2024, o crescimento foi de cerca de 40% em relação a 2023. O empresário considera que o sucesso de décadas também se relaciona na prática da espiritualidade dentro da Orguel.

Grupo Asamar

Outro exemplo de sucesso é o Grupo Asamar. Com patrimônio total de cerca de R$ 2 bilhões e faturamento anual estimado acima de R$ 1 bilhão, a empresa mantém o propósito de contribuir para uma sociedade melhor há mais de 90 anos e sob o comando da terceira geração.

Fundado em 1932, atua no Desenvolvimento Urbano, Incorporação Imobiliária, Gestão Patrimonial, Construções em aço, Energia Solar, Produtos Florestais (biomassa), Tecnologia da Informação e Mineração.

Acionista e presidente do Conselho do Grupo Asamar e presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE Brasil), Sérgio Cavalieri diz que os negócios são pessoas e não personas: jurídica e física.

“O respeito, seja a conduta na ética, nos compromissos com clientes, fornecedores e com a sociedade em geral, nos trouxe até aqui nesse quase um século de negócios. Mesmo em ocasiões desafiadoras e até mesmo de crise, honramos compromissos, mantemos a firmeza de propósitos e coerência nas atitudes. Isso faz com que o Grupo conquiste cada vez mais a confiança de uma ampla rede de relacionamentos que legitima a empresa e dá sustentação à nossa perenidade”, pontua o dirigente.

Cavalieri defende ainda que é preciso que o empresário tenha uma visão humana dos negócios, que vai muito além de produzir. Ele orienta líderes para o desafio de entender a vocação que lhe foi dada para criar e distribuir riqueza de forma sustentável e justa, promover pessoas e contribuir para o bem comum na sociedade.

“Somos humanos. Vamos acertar e errar. Porém, devemos estar comprometidos com a integridade na vida e nos negócios com intenção maior que prestar um serviço ou vender um produto”, evoca Cavalieri.
O empresário esclarece ainda que pode soar como um paradoxo para alguns empresários e executivos propiciar remuneração mais alta, relacionar renda e melhores condições de trabalho para as pessoas e, ao mesmo tempo, com o aumento da rentabilidade dos negócios. E defende que esse é o melhor caminho para a longevidade dos negócios.

Para o acionista, as empresas precisam trabalhar para melhorar as pessoas e o mundo: “Atualmente, com todas as mudanças que o mundo está passando, não dá mais para se gerenciar um negócio como era feito no passado. Dificilmente, haverá sucesso se o foco for apenas o lucro”.

ADCE está presente no Brasil desde 1961

A associação foi criada na Europa (França e Bélgica), em 1931, e está presente no Brasil desde 1961. Em Minas Gerais, a ADCE completa 60 anos de existência em 2025.

Eucaristia
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A instituição promove ações e estudos de espiritualidade no ambiente corporativo. Inspirada pela Doutrina Social Cristã, a ADCE busca fomentar uma economia que sirva às pessoas e ao bem comum, promovendo a formação de líderes éticos e conscientes, sem relação direta ou obrigatória com religiões.

Saiba mais no site da ADCEMG.

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