Periferia movimenta economia sustentável em Minas Gerais

Os negócios feitos em vilas e favelas de Minas Gerais têm sido expressivos e relevantes para o desenvolvimento econômico sustentável no Estado. A força da atividade nesses territórios mobiliza cerca de 2 milhões de empreendedores mineiros, movimentando cerca de R$ 84 bilhões anuais, grande parte na periferia, revelam os dados do Instituto Data Favela. Apenas na Região Metropolitana de BH, são mais de 732 territórios periféricos, todos com negócios em crescimento, revela o instituto.
“Muitos dos negócios criados na periferia são respostas criativas a problemas estruturais. Isso os torna absolutamente alinhados com a agenda ESG e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Intuitivamente ou não favorecem o alcance das metas”, afirma a socióloga especializada em negócios de impacto e Terceiro Setor, Mara Greide.
Os empresários Eduardo Rodrigo e Eduardo Lacerda são exemplos. Idealizadores da UAI Libras, empresa campeã da Expo Favela Nacional 2024, são referência no Estado em serviços de intérpretes e cursos de Libras. Eduardo Rodrigo conta que, no último ano, a UAI Libras ampliou a rede de parcerias, estabelecendo conexões com empresas privadas, instituições de ensino, órgãos públicos e projetos culturais que passaram a buscar os serviços. Isso possibilitou o crescimento do negócio, a ampliação da equipe com a contratação de mais profissionais da acessibilidade e a diversificação dos serviços oferecidos, que incluem consultorias, cursos de Libras e produção de conteúdos acessíveis.
“Após vencermos a Expo Favela Nacional, a UAI Libras passou por uma transformação significativa. Com a ampla visibilidade, tivemos mais reconhecimento do nosso trabalho, isso fortaleceu a marca, garantindo reputação como uma empresa de solução inovadora e necessária para promover a inclusão de pessoas com deficiência”, explica Eduardo Rodrigo.
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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a educação se interligam, principalmente através (ODS) 4: Educação de Qualidade, que visa garantir uma educação inclusiva e equitativa para todos. A meta 4.5, em particular, busca eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir igualdade de acesso, incluindo a inclusão de pessoas com deficiência. A Libras, como ferramenta de comunicação e inclusão, é fundamental para alcançar esta meta, permitindo que a comunidade surda tenha acesso à educação e participe plenamente da sociedade.
A UAI Libras fomenta, ainda, a “Redução das Desigualdades” (ODS 10) e também atua no ODS 8, “Trabalho Decente e Crescimento Econômico”, que visa promover o crescimento econômico sustentável, inclusivo e sustentável para todos.
Já a educadora Michela Galvão nem imagina que em 2025 teria um negócio de formação e aceleração da carreira de lideranças de mulheres empreendedoras periféricas. Ela participou da Expo Favela Minas em 2023 e já atuava com tecnologia sendo integrante do Conselho construtivo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Impactada com a potência dos negócios apresentados, criou, com a irmã Rita Galvão, o Impacto Coletivo HUB, uma plataforma educacional que forma mulheres, especialmente em comunidades periféricas, utilizando as mais recentes tecnologias como blockchain, inteligência artificial e ferramentas No Code.

“Visamos incentivar o empreendedorismo feminino, proporcionando autonomia financeira e inclusão no mercado digital para aumentar as oportunidades no setor de tecnologia e empreendedorismo para mulheres, especialmente as que vivem em áreas periféricas ou de baixa renda. Estamos comprometidos em diminuir a escassez de programas voltados para a capacitação de mulheres nessas áreas e também a sub-representação feminina no mercado de tecnologia”, aponta a educadora.
Com seu negócio, Michela atua nos ODS 5, “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, além da “Redução das Desigualdades” (ODS 10).
Nova visão
Empreender depois da aposentadoria. O Ateliê Obah nasceu para dar vida às ideias criativas da artista Bárbara Alves. Com mais de 60 anos, ela decidiu fazer moda e design com materiais recicláveis. Atualmente, vende produtos de decoração e acessórios e sua produção sai toda do bairro Casa Branca, na região Leste. “Decidi fazer de um dom a ocupação criativa que me realiza e complementa a minha renda. Gosto da transformação possível que os materiais recicláveis incitam e ajudo o meio ambiente”, revela, animada.
Para a socióloga Mara Greide, eventos como a Expo Favela, que favoreceu o crescimento de todos esses empreendedores, reforçam a consciência dos empreendedores e seu valor na sociedade. Porém, a especialista alerta que é preciso mais. “A transformação social possível no empreendedorismo periférico precisa ser reconhecida pelos empreendedores, garantida por meio de políticas públicas de Estado, incentivada pela iniciativa privada e organizada e fomentada pelo Terceiro Setor. Assim, a sociedade conseguirá reconhecer de fato o valor dos negócios, das vidas impactadas e da Agenda 2030”, defende.
Como fazer inscrições
• A Expo Favela Minas 2025, maior feira de negócios e inovação e que conecta empreendedores de favelas com investidores, empresas e aceleradoras, acontece nos dias 18 e 19 de julho em Belo Horizonte.
• Realizado pela Central Única das Favelas de Minas Gerais (Cufa/MG), em parceria com o (Sebrae/MG), tem apoio do Diário do Comércio e se consolida como uma vitrine do potencial econômico das periferias mineiras.
• As inscrições para empreendedores e oportunidades de parcerias e patrocínios podem ser acessadas pelo site da Expo Favela Minas 2025. A expectativa da organização é atrair mais de 9 mil visitantes e reunir mais de 60 expositores.
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