Ser feliz é uma construção possível, afirma especialista

A 10ª Edição do Conexão Felicidade e Bem-Estar teve como tema “Explore as fronteiras da felicidade: unindo ciência, bem-estar e inovação” e reuniu cerca de 200 participantes em Belo Horizonte. O evento contou com 15 palestras ministradas por 30 palestrantes nacionais e internacionais.
Realizado pelo Instituto Movimento Pela Felicidade, integrante do Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global, o evento teve o apoio do jornal Diário do Comércio. Benedito Nunes, especialista em biopsicologia, organizador do evento e criador do movimento, concedeu uma entrevista sobre os desafios da felicidade nos dias de hoje.
Qual tem sido o lugar da felicidade na sociedade contemporânea e quais os impactos disso?
Vivemos momentos desafiadores nos últimos 40 anos, marcados pela exacerbação do individualismo, que culminou no chamado abandono social. Atualmente, observamos uma sociedade cada vez mais divergente e radicalizada. A felicidade pode funcionar como um antídoto, ajudando as pessoas a recuperarem a essência da vida em comunidade. A vitalidade comunitária é considerada o segundo componente mais importante da felicidade, ficando atrás apenas do entendimento sobre o sentido da vida.
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Falar sobre felicidade em áreas como negócios e liderança ainda é um tabu? Por quê?
Sim. Nosso modelo de governança tradicional se baseia exclusivamente no trabalho, sem perceber que um processo bem gerenciado pode gerar melhores resultados. Muitos negócios que focam o propósito têm obtido desempenho superior. Líderes precisam entender que pessoas instáveis ou infelizes tomam decisões equivocadas, gerando prejuízos pessoais, profissionais e financeiros.
O que é e por que criar o Instituto Movimento Pela Felicidade e Bem-Estar?
O Instituto nasceu do reconhecimento, por profissionais de diversas áreas, de que a atenção ao ESG (Ambiental, Social e Governança) deveria ser ampliada para incluir o indivíduo. Pesquisas mostram que a sociedade está adoecida, e pessoas doentes não cuidam da sustentabilidade. Com isso em mente, o Movimento Pela Felicidade e Bem-Estar busca reverter esse quadro, promovendo caminhos para a sustentabilidade emocional. O Instituto tem contribuído para mitigar ou eliminar o déficit emocional que enfrentamos.
A capital mineira recebeu a décima edição do Conexão Felicidade e Bem-Estar. Qual foi a avaliação geral e os principais desafios para melhorar a saúde mental e a felicidade hoje?
Neste ano, propusemo-nos a dois desafios: abordar temas inéditos e mostrar que não estamos sozinhos. A felicidade é uma agenda global, quase tão importante quanto a sustentabilidade. Por isso, trabalhamos com linhas de pensamento científico que sustentam a felicidade, como a psicologia positiva, a psicanálise, a neurociência e a biopsicologia.
Os analgésicos são os remédios mais comprados em farmácias sem prescrição médica. Um levantamento do hub de negócios da saúde e bem-estar InterPlayers aponta que as vendas de medicamentos analgésicos cresceram 42% em 2022 no Brasil em comparação ao ano anterior. Existe alguma relação do aumento das dores, do aumento do uso de analgésicos com a infelicidade?
Infelizmente, a infelicidade está relacionada com o uso de medicamentos e isso acontece com um impulso da mídia para que nós resolvamos as coisas de forma mais imediata. O que a gente se esquece é que quando a dor se manifesta, normalmente ela é resultante de um processo mais longo do que um episódio de dor. É claro que quando você bate o pé na mesa, a dor é imediata. Porém, existem dores como a dor de cabeça, a dor muscular, a sudorese ou a palpitação que não são sintomas imediatos de uma condição de saúde imediata. São coisas que vão se acumulando e não damos atenção.
quando o sintoma se manifesta e nós não temos tempo, o tempo que dedicamos à construção do adoecimento a gente toma medicamento. A indústria farmacêutica percebe que a sociedade está adoecida física e emocionalmente e quer uma solução rápida e fácil.
fato que temos uma sociedade adoecida, comprometendo o adoecimento com a pressa e tendo como resultado a observação a indústria farmacêutica que nota a demanda pela solução imediata. Patch Adams disse que remédios ajudam a curar a dor, mas só o amor cura o sofrimento. Queremos curar a dor, que é o sintoma ou o sofrimento? Sofrimento não se cura com medicamento.
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