Controle dos custos ajuda na competitividade dos negócios

Saber calcular, alocar e ter uma cultura voltada para a redução de custos ajuda a deixar o negócio mais competitivo em um mercado onde a concorrência é cada vez mais acirrada. “Empresas que administram bem seus gastos têm uma melhor performance em momentos de crise”, destaca o consultor financeiro do Sebrae Minas, Bruno Ricoy.
Ele afirma que é possível diminuir os custos sem prejudicar a qualidade do produto ou serviço oferecido pelo empreendedor. “Precisamos deixar bem claro que, quando falamos em reduzir custos, estamos falando de uma análise criteriosa, onde se deve diferenciar gastos excessivos e desnecessários de gastos obrigatórios”, explica.
Para o especialista, o empreendedor deve analisar vários aspectos antes de fazer os cortes. Entre eles, questionar como ele vai oferecer a mesma qualidade dos produtos e serviços a custos mais baixos. Ele acrescenta que é importante avaliar a necessidade dos gastos e quais são essenciais para o funcionamento do negócio. “Não basta cortar, é necessário que o empresário tenha uma mentalidade ou uma cultura de redução sistemática de gastos”, diz.
Ricoy explica que, popularmente, se fala em “redução de custos”, só que tecnicamente o termo correto é redução de gastos. “Existe uma diferença entre custos e despesas, onde ambos representam gastos, mas o primeiro, está diretamente ligado à atividade-fim e o segundo, relacionado a manutenção do negócio e não possuem relação direta com a atividade-fim”, observa.
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O consultor observa que ambos podem e devem ser avaliados frequentemente com o intuito de otimização e redução. “Entender de custos, gastos, requer conhecimento, experiência, dedicação, enfim, requer tempo”, diz.
Ele observa que é muito comum que o empreendedor comece um negócio em um ramo ou atividade que ele conheça bem. “Uma boa confeiteira abre uma padaria, um bom vendedor abre um comércio, um gênio da informática abre uma empresa de tecnologia, mas dificilmente eles começam com um bom planejamento e com conhecimento e know how em gestão, finanças”, diz.
Recomendações
Para se fazer uma boa análise de custos, o especialista do Sebrae Minas ressalta que é preciso ter dados que gerem informações confiáveis. “O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado. O conceituado professor, autor de diversos livros, referência no estudo da administração, William Deming, traz essa afirmação, que reflete bem a realidade de um negócio”, destaca.
Dessa forma, seja para os empreendedores que ainda estão em uma fase inicial do negócio, ou mesmo para aqueles que já estão consolidados, mas não conseguem ter uma visão clara do seu negócio, a recomendação de Ricoy é investir tempo na elaboração de bons controles financeiros.
Outra dica do consultor é usar a tecnologia a favor dos negócios. “Temos hoje bons softwares de gestão a preços acessíveis. Essas ferramentas irão ajudar a realizar cálculos que podem ter um nível alto de complexidade, de uma forma rápida, além de gerar controles, indicadores e informações confiáveis, desde que sejam alimentados de forma correta”, diz.
Outra recomendação é investir em conhecimento, com destaque para a área de gestão. Para ele, não adianta o empreendedor ter as melhores ferramentas se não souber como usá-las.
Ricoy recomenda que o empresário busque ter uma visão mais clara sobre o negócio, suas peculiaridades, indicadores, custos, para que, dessa forma, possa realizar cortes e reduções e tomar decisões de forma assertiva.
O especialista ressalta que o Sebrae Minas pode ajudar o empreendedor a melhorar a gestão financeira e, consequentemente, o impacto no resultado do seu negócio, por meio de diversas ações, como palestras, cursos, eventos, oficinas e consultorias.
Ele observa que há cursos on-line através da plataforma Sebrae Play, além do programa Sebraetec, que oferece soluções personalizadas, realizadas por especialistas de mercado.
Dicas do consultor financeiro do Sebrae Minas, Bruno Ricoy, para reduzir os gastos do negócio:
- Defina um orçamento, isso vai ajudar a estipular o limite de gastos;
- Crie na empresa uma cultura voltada para o uso consciente dos recursos;
- Renegocie contratos;
- Busque novos fornecedores, o que vai ajudar a diversificar produtos e, em muitos casos, reduzir custos de insumos e mercadorias;
- Fique de olho na gestão de estoques, buscando reduzir custos de estocagem e perdas relacionadas a obsolescência e vencimento de produtos;
- O uso de energias renováveis pode gerar uma boa redução no custo com energia e combustíveis;
- Cuidado com os pequenos gastos, pois eles se tornam grandes quando analisados no longo tempo. Assim, pense sempre no impacto deles em 12, 60 e 120 meses;
- O uso de tecnologia impacta na redução de gastos, mas normalmente requer investimentos, faça as contas, analise os ganhos futuros.
Empreendedores definem estratégias para cortar custos e manter a qualidade
A consultoria do Sebrae em Montes Claros, na região Norte de Minas, conseguiu dar direcionamento para a Pontual Irrigação, segundo o diretor financeiro da empresa, Allan Marcos Andrade Rocha Faria. “Com a consultoria identificamos para onde estava indo o dinheiro da empresa e conseguimos também reduzir custos”, ensina.
Outro problema identificado foi o estoque alto, situação que foi ajustada, levando em consideração os períodos de sazonalidade. Ele ressalta que é importante que o empreendedor busque informações e ajuda quando necessário. “Eu recomendo o Sebrae e deveria ter procurado antes”, diz.

José Anacleto da Silva, sócio da Uai Vidros, em Belo Horizonte, também buscou o apoio de uma consultoria financeira. Ele afirma que a sócia e esposa Tatiana Queiroga participou do Empretec, que é um seminário desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), promovido em 40 países e que no Brasil é ministrado exclusivamente pelo Sebrae, que foi importante.
Com atuação há 28 anos no mercado de vidros e empresário há pouco mais de dois anos, Silva explica que o começo não foi fácil, já que ele era responsável por tudo na empresa, iniciada em casa. Hoje, o empreendedor tem um galpão e conta com o trabalho de quatro funcionários.
Para ele, é possível reduzir custos e manter a qualidade, desde que sejam definidas estratégias, como a busca de fornecedores e parceiros, pautadas no melhor custo-benefício.

A empresária Inês da Costa Pereira também defende que é possível conciliar a redução de custos sem perder a qualidade, só que para isso é necessário que haja planejamento, que envolve ações corretivas e preventivas, além de novas ideias e atitudes.
Uma das estratégias da proprietária da Prin Produtos de Limpeza, localizada na capital mineira, é conhecer os clientes e suas necessidades, além de entender quais são os custos estratégicos. Para ela, a redução de custos pode ser um fator determinante para manter o negócio, seja em tempos mais favoráveis ou em épocas de crise.
“O controle de gastos é um processo de gestão que visa monitorar e controlar os gastos fixos e variáveis de uma instituição e deve ser usado em todos os tamanhos de empresa para promover a saúde dos negócios”, frisa.
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