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Analistas veem positivamente entrada do Mercado Livre no setor farmacêutico, mas efeito limitado no curto prazo

Mercado Livre está adquirindo a Target, nome fantasia da Cuidamos Farma Ltda.
Analistas veem positivamente entrada do Mercado Livre no setor farmacêutico, mas efeito limitado no curto prazo
Foto: Adobe Stock

Analistas avaliam positivamente o primeiro passo do Mercado Livre no setor farmacêutico, com uma possível aquisição de uma empresa que comercializa medicamentos, mas enxergam um efeito limitado no curto prazo e uma empreitada nada trivial.

Conforme publicado no site do jornal O Globo na sexta-feira, o Mercado Livre está adquirindo a Target, nome fantasia da Cuidamos Farma Ltda., uma farmácia localizada na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo.

A aquisição, segundo o texto, ocorre por meio de uma subsidiária não operacional — a K2I Intermediação, da Kangu, empresa brasileira de logística que absorveu em 2021.

Procurado pela Reuters, o Mercado Livre confirmou “a possível aquisição de uma empresa que comercializa medicamentos”. “No momento oportuno, o Mercado Livre irá compartilhar mais informações a respeito”, acrescentou.

“Um movimento óbvio por parte do Mercado Livre, à medida que busca manter seu ritmo de crescimento no Brasil”, afirmaram analistas do Itaú BBA em relatório enviado a clientes no domingo à noite.

“Embora o timing possa parecer curioso… nunca entendemos completamente por que a empresa permaneceu ausente de um dos maiores segmentos do varejo”, acrescentaram, avaliando que isso torna a movimentação ainda mais convincente.

“Após anos estudando e monitorando o setor, parece evidente que o Mercado Livre já tem um plano traçado para tentar alcançar escala e relevância”, destacaram Rodrigo Gastim e equipe.

“Mas a jornada será longa e exigirá muito capital. Está longe de ser trivial determinar quão bem-sucedido o Mercado Livre será, de fato, nessa empreitada.”

Analistas do Safra também elogiaram a decisão, citando que a empresa estaria entrando em um novo mercado — venda online de medicamentos — que atualmente representa quase um quarto das vendas das grandes redes de farmácias.

“No entanto, observamos que essa aquisição, por si só, teria um impacto limitado no Mercado Livre e nas redes farmacêuticas”, afirmaram Vitor Pini e equipe.

Eles citaram que, de acordo com a regulamentação brasileira, a venda online de medicamentos só pode ser realizada por uma farmácia física — centros de distribuição não são permitidos– com a supervisão de um farmacêutico no local.

“Consequentemente, como o Mercado Livre está adquirindo uma única farmácia em São Paulo, neste momento seu poder de fogo para competir com as redes farmacêuticas seria limitado.”

Os analistas do Safra veem a aquisição como um campo de testes para iniciativas futuras, possivelmente maiores.

Mas, apesar do impacto muito limitado no momento, consideram a notícia negativa para as redes de farmácias, pois elas podem vir a enfrentar um concorrente muito forte e agressivo no segmento online.

Na sexta-feira, os papéis da RD Saúde, dona das redes Drogasil e Raia, caíram 6,9%, enquanto os papéis da Pague Menos recuaram 3,72%. Negociadas nos Estados Unidos, as ações do Mercado Libre fecharam quase estáveis.

Nesta segunda-feira, por volta de 10h15, as ações da RD Saúde caíam 2,28% e os paéis da Pague Menos perdiam 1,66%.

(Conteúdo distribuído por Reuters)

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