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Aumento da produtividade ainda é grande desafio em MG

Fomentar inovação pode ser saída
Aumento da produtividade ainda é grande desafio em MG
Sempre o desafio de formar talentos está no alto da lista do empresariado para manter o negócio competitivo, diz Cordeiro | Crédito: Divulgação / Deloitte

Transformação digital, ESG, inflação global, quebra na cadeia de suprimentos, taxa Selic, falta de mão de obra qualificada… a lista de preocupações dos empresários mineiros para 2023 e os próximos anos é tão longa quanto complexa. 

A percepção de que não há tempo a perder e de que as decisões estratégicas que visam garantir a sustentabilidade dos negócios para o futuro precisam ser tomadas agora e com alto grau de assertividade, porém, denota um bom nível de amadurecimento da gestão empresarial no Estado.

A nova edição da pesquisa “Agenda”, realizada anualmente pela Deloitte – organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo -, revela que, em 2023, as principais preocupações e desafios para os empresários de Minas Gerais são aumentar a produtividade/eficiência (80%), melhorar as margens de resultados (72%) e obter mão de obra qualificada (69%).

Em busca de superar esses gargalos, os entrevistados na região devem fomentar a inovação ao investirem em treinamento e formação de profissionais (88%), pesquisa e desenvolvimento (67%), novos produtos ou serviços (63%) e parcerias com startups (35%). 

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Já o estímulo direto à expansão deve vir pelo investimento em novas máquinas e equipamentos (60%), ampliação de pontos de venda (50%) e parques fabris (33%) e abertura de novas unidades de produção (15%).

De acordo com o economista-chefe e diretor da área de Research da Deloitte, Giovanni Cordeiro, o Estado aparece com números muito próximos à média nacional. E, em que pese as particularidades do setor produtivo mineiro – marcado pela preponderância das commodities, especialmente as advindas da mineração e do agronegócio -, as empresas têm desafios comuns no que diz respeito, principalmente, à transição tecnológica, à sustentabilidade e à transição energética.

Entre os maiores riscos para o ambiente de negócios no ano, a inflação acima de 5% foi a mais mencionada pelos empresários – 77% dos respondentes do recorte de Minas Gerais apontaram essa preocupação, em linha com os 75% registrados na média nacional pela pesquisa. Selic acima de 10% (74%), risco de uma crise política ou institucional (72%), aumento da dívida pública (67%) e inflação global (62%) também preocupam o empresariado.

“Minas Gerais caminha bem próximo da média geral. Os empresários mineiros têm acompanhado as perspectivas macroeconômicas e desafios globais. Nesta edição da pesquisa, ganhou destaque, independentemente do cenário, a percepção do empresário sobre os deveres a cumprir. Hoje, o empresário tangibiliza a transformação digital, sabe que não pode protelar. Se está difícil crescer as vendas organicamente, buscam comprar outras empresas. Também estão fazendo parcerias dentro da própria cadeia produtiva e com startups. Estão falando em adquirir novas máquinas e equipamentos. Mais uma boa novidade desta edição é a expectativa de melhorar a produtividade. Isso demonstra maturidade dos empresários em buscar investimentos para manter o negócio competitivo”, avalia Cordeiro.

Ainda segundo a pesquisa Agenda, a maior parte do empresariado de Minas Gerais deve aumentar (40%) ou manter (50%) o quadro de profissionais. Dos que pretendem manter, 20% o fará realizando substituições por profissionais mais qualificados, em busca de atender necessidades tecnológicas. Esta é, inclusive, uma preocupação presente: 82% dos entrevistados devem aumentar ou manter ações voltadas à qualificação tecnológica. Apenas 10% dos entrevistados devem diminuir o quadro, dos quais 8% apontam redução de custos como principal motivo.

Mais da metade (53%) dos líderes das empresas da região esperam um aumento superior a 10% nas vendas em 2023 em relação ao último ano, sendo que quase um terço (32%) prevê crescimento de entre 10% e 15% e 21% esperam crescer acima de 15%. Na mediana das respostas, a expectativa geral é de expansão de 10,4% nas vendas – muito próximo à mediana nacional reportada no estudo, de 12,5%.

“O grande gargalo é a qualificação profissional. Em outras pesquisas que fazemos ao longo do tempo isso também aparece. Sempre o desafio de formar talentos está no alto da lista do empresariado para manter o negócio competitivo. Mais de 80% do investimento em qualificação tecnológica vai para além da área de TI. Também estamos vendo o surgimento de soluções e ferramentas que ajudam muito os outros profissionais a fazerem aplicações tecnológicas no seu dia a dia. A inteligência artificial (IA) tem um grande papel nisso, ajudando, especialmente, no pós-fronteira da empresa, como no atendimento ao consumidor. Isso também cresce com as parcerias com as startups, em temas como teletrabalho, gestão de documentos e cyber segurança, por exemplo”, pontua.

ESG

Sobre os principais desafios para adoção e aceleração das práticas relacionadas à responsabilidade ambiental, 43% dos respondentes de Minas apontaram a difícil mensuração de resultados para comprovar viabilidade. Os outros desafios apontados, em respostas múltiplas foram: entraves para incluir o tema na agenda estratégica da empresa (32%), baixo nível de incentivo do setor público (32%), dificuldade em identificar ações, soluções ou projetos na empresa (27%), questões regulatórias (24%) e falta de acesso ao financiamento de projetos (21%).

“Além de atender os requisitos da legislação para as empresas, hoje, investir em ESG, é atender os critérios de valor utilizados pelos clientes. Os empresários não têm dúvidas quanto a importância das ações de responsabilidade, mas falam dos desafios: é difícil mensurar a viabilidade das ações. Identificar o que mais a empresa pode fazer dentro das suas atividades para ser responsável. Alguns buscam consultorias especializadas e todos já apontam a importância de levar esse tema para o pilar estratégico da empresa. Essa é uma jornada que só funciona na colaboração. O empresário está otimista e tem que ser. O cenário adverso também apresenta oportunidades. Ele sabe que tem que investir e tem que olhar onde. Não dá pra esperar um melhor momento, a decisão tem que ser rápida”, conclui o economista-chefe da Deloitte.

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