Brasil atrai atenção internacional como hub global de magnesita

Neste momento global de tarifas voláteis, taxas de juros altas e discussões sobre segurança em matérias-primas críticas, o Brasil sediou, pela primeira vez, o MagForum – Fórum Internacional de Magnesita. A decisão pelo local foi estratégica: o País possui uma das maiores reservas de magnesita do mundo, com um dos melhores níveis de pureza. O evento, organizado pela Imformed, ocorreu entre os dias 19 e 21 de maio, em Salvador (BA).
A reserva de magnesita brasileira está localizada na Serra das Éguas, em Brumado (BA) – na planta da RHI Magnesita, líder global em soluções refratárias para processos de alta temperatura na indústria. A empresa, ciente da importância do Brasil para o mundo, quer transformar o País em um hub global de magnesita.
Para o Chief Customer Officer (CFO) global da RHI Magnesita, Gustavo Franco, o Brasil desponta como um ponto de equilíbrio necessário em um mercado altamente concentrado e vulnerável. “Em um mundo de incertezas quanto a matérias-primas críticas, o Brasil pode se destacar no cenário global com a diversificação da pauta de exportação. A RHI Magnesita está pronta para contribuir nesse processo. Nossas operações em Brumado (BA) estão se consolidando como um futuro hub global – oferecendo magnesita/magnésia sustentável e segura, como uma alternativa competitiva frente à dependência excessiva de outros mercados”, afirmou Franco.
A importância de Brumado para o cenário mundial
Atualmente, os maiores produtores e detentores de reservas de magnésio e seus derivados estão concentrados na Ásia e no Leste Europeu, regiões que vivem instabilidades geopolíticas. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil detém a quarta maior reserva global, com quase toda a concentração localizada em Brumado (BA) – região que se diferencia pela pureza do minério e pelas condições logísticas para escoamento da produção, conectada por ferrovia ao Porto de Aratu.
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“Ao reunir alto teor, escalabilidade e localização estratégica, Brumado tem tudo para se tornar o principal polo de fornecimento de matérias-primas refratárias. Temos todo o potencial para aproveitar a qualidade do nosso minério e a flexibilidade de nossa estrutura”, destaca o diretor de Tecnologia Global da RHI Magnesita, Rajah Jayendran.
Novo forno rotativo aumenta capacidade de produção
Como parte da programação oficial do MagForum 2025, cerca de 70 participantes – executivos e especialistas de empresas dos setores de minerais e refratários, vindos de diversos países – visitaram a mina da RHI Magnesita em Brumado. A comitiva pôde conhecer de perto a estrutura da planta, a capacidade da mina, a pureza do mineral extraído no Brasil e o recém-inaugurado forno rotativo da empresa. Este é o maior da companhia no mundo, com 200 metros de comprimento, incluindo o resfriador, e capacidade de produção de 150 mil toneladas por ano.
Segundo o presidente da RHI Magnesita LATAM, Wagner Sampaio, a planta baiana se consolida como peça-chave na estratégia da empresa para suprir o mercado global. “Brumado é o coração da nossa operação de matérias-primas. O novo forno amplia a capacidade e a versatilidade da planta, e toda a estrutura está integrada a uma cadeia logística estratégica, que garante competitividade global. Estamos preparados para expandir ainda mais, de forma sustentável e segura.”
A planta de Brumado recebeu, apenas nos últimos anos, investimentos robustos de R$ 541 milhões, com foco em automação, eficiência e sustentabilidade. O novo forno rotativo é exemplo de evolução tecnológica, capaz de produzir diferentes matérias-primas – desde commodities até magnésias de altíssima performance. Além disso, a planta conta com fornos verticais em Catiboaba, consolidando a capacidade total da operação em mais de 500 mil toneladas por ano.
A sustentabilidade como pilar estratégico
Além da sua capacidade produtiva, a RHI Magnesita tem adotado as mais rigorosas práticas de sustentabilidade e critérios ESG. A operação brasileira segue os mais exigentes padrões ambientais internacionais, sendo referência em responsabilidade socioambiental e inovação no setor de mineração industrial.
A planta de Brumado alcança 90% de recirculação e reúso de água industrial, evitando o consumo de 998 m³/h e preservando 22 nascentes na região da Serra das Éguas (BA). A companhia também investe no tratamento e fornecimento de água para atender parte das residências, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e o impacto positivo na região.
Além dos projetos sociais locais já existentes, como o viveiro de mudas, horta comunitária e iniciativas de capacitação profissional de jovens e adultos, a empresa também está focada na descarbonização. Ela fez um alto investimento na parceria com a MCi – startup australiana de tecnologia limpa – para desenvolver uma tecnologia que converte CO₂ em materiais em pó utilizados na indústria. A RHI Magnesita prevê a expansão deste projeto para locais de matérias-primas, como Brumado (BA).
Com a realização do MagForum 2025 no Brasil e a visita técnica à planta de Brumado, o País se firma como um elo fundamental na construção de cadeias de suprimento resilientes, sustentáveis e geopoliticamente seguras para o fornecimento de magnesita no cenário global.
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