Burnout: quando o corpo fala o que a mente tenta calar
A partir de uma experiência pessoal de esgotamento, o pesquisador em saúde mental Rodolfo Barrueco apresenta em “Burnout: do esgotamento ao autoconhecimento – O que a ciência e o corpo mostram, mas a mente tenta silenciar”, lançamento da Matrix Editora, uma nova compreensão sobre a Síndrome de Burnout.
Mais do que um diagnóstico associado ao excesso de trabalho, o autor mostra que o esgotamento representa a manifestação final de um colapso sistêmico, resultado da desconexão entre mente, corpo e os ritmos biológicos que sustentam a vida humana.
Advogado com carreira consolidada nas áreas de tecnologia e mercado financeiro, Barrueco conhece bem a cultura corporativa que glorifica a produtividade incessante. Foi nesse ambiente, ao longo de quase 20 anos de atuação entre São Paulo e Xangai, que ele reconheceu em si mesmo os sinais de desequilíbrio: dores de cabeça persistentes, noites mal dormidas, alimentação desregulada e um cansaço profundo que se acumulou gradualmente até que o corpo, incapaz de sustentar a pressão, colapsou. Essa vivência o levou a buscar respostas na ciência e se tornou a base do livro.
Ao longo das páginas, o pesquisador explica que os sintomas físicos do Burnout não são eventos isolados nem surgem de repente. Esses sinais seriam a expressão somática de um sofrimento psíquico silenciado. Segundo Barrueco, a ativação contínua do sistema nervoso simpático e a disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal mantêm o corpo em alerta constante, impedem o equilíbrio interno e geram uma “carga alostática” – desgaste progressivo que afeta órgãos, altera a química cerebral e favorece a inflamação silenciosa, elo direto entre sofrimento emocional e doenças físicas.
A relação entre trauma e corpo também é abordada. O autor expõe como experiências intensas que não puderam ser processadas adequadamente permanecem armazenadas como memória somática. Fragmentos de emoções e reações fisiológicas podem se “prender” no sistema nervoso e ser reativados diante de estímulos semelhantes, perpetuando ciclos de reatividade e sofrimento. Essa compreensão, baseada em estudos de neuroimagem e teorias contemporâneas do trauma, demonstra que a cura exige reintegração entre corpo e mente.

Em um percurso que combina ciência, filosofia e práticas ancestrais, Barrueco apresenta pilares para transformar o Burnout em ponto de partida para uma vida mais consciente e equilibrada: vínculo, sentido, pausa e consciência. O primeiro se refere à necessidade biológica de conexão segura e ao impacto da solidão; o segundo, ao papel do propósito como regulador do estresse; o terceiro, à importância de respeitar os ritmos naturais e restaurar o sistema nervoso; e o último, à atenção plena que abre espaço para a autonomia psíquica.
Ao ampliar o olhar para dimensões menos visíveis da experiência humana, a obra explora a herança psíquica transmitida por gerações por meio de mecanismos epigenéticos e investiga o papel da espiritualidade como fator neuroprotetor. A fé, compreendida como conexão com algo maior que o ego, reduz a percepção de ameaça existencial, modula a atividade cerebral e oferece um quadro de sentido capaz de ressignificar a dor. Esses elementos convergem para a ideia de “longevidade consciente”, em que o objetivo não é apenas viver mais, mas com lucidez, coerência e presença.
Resultado de uma jornada pessoal de colapso e reconstrução, sustentado por bases científicas e uma visão humanista, “Burnout: do esgotamento ao autoconhecimento – O que a ciência e o corpo mostram, mas a mente tenta silenciar” é um convite para repensar a forma de viver, trabalhar e se relacionar consigo mesmo. Uma leitura que mostra que superar o esgotamento exige mais do que descanso: trata-se de reconstruir a relação com o corpo, o tempo e o sentido da vida.
Título: Burnout: do esgotamento ao autoconhecimento – O que a ciência e o corpo mostram, mas a mente tenta silenciar
Autoria: Rodolfo Barrueco
Editora: Matrix Editora
Páginas: 176
Preço: R$ 49
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