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Hub mineiro aposta em coração artificial para ampliar tratamento da insuficiência cardíaca

Objetivo da CardioWays é oferecer novas possibilidades de tratamento para pacientes
Hub mineiro aposta em coração artificial para ampliar tratamento da insuficiência cardíaca
Foto: Reprodução Site CardioWays

Oferecer novas possibilidades de tratamento para pacientes cardíacos, especialmente os que sofrem com insuficiência cardíaca avançada ou refratária, promovendo uma jornada de cuidado integrada, humana e multidisciplinar, é a proposta da CardioWays. O hub de cardiologistas mineiros vai atuar junto a hospitais, operadoras de saúde e outros profissionais de saúde interessados em fomentar a visão multidisciplinar de cada caso, aprimorando o alcance do cuidado. Nos hospitais, vai atuar como corpo clínico integrado, fortalecendo a assistência, adequando fluxos, reduzindo internações e elevando a eficiência do atendimento cardiológico.

O grupo, formado por 10 cardiologistas mineiros de grandes centros de tratamento, é especializado em insuficiência cardíaca avançada. Um dos objetivos é ampliar o acesso ao Dispositivo de Assistência Ventricular Esquerda (DAVE), conhecido como coração artificial, tecnologia recém-incluída no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS).

A estimativa é beneficiar até 2.600 pacientes por ano, com redução de até 40% nos custos de internação, multiplicando por seis a capacidade de atendimento em relação ao transplante tradicional.

De acordo com o cofundador da CardioWays e coordenador de Cardiologia dos hospitais Socor, Vila da Serra e Semper, Caio Ribeiro Alves Andrade, uma das missões do hub de cardiologistas é ampliar o acesso ao dispositivo, levando a expertise necessária para que centros médicos de diferentes portes possam oferecer o implante, hoje concentrado apenas em hospitais de grande estrutura.

“A tecnologia amplia as opções para pacientes inelegíveis ao transplante cardíaco ou que aguardam na fila por um novo coração, oferecendo chance real de recuperação e qualidade de vida. Mesmo considerando o custo inicial de aquisição, estima-se uma redução de até 40% no custo de internação por ano de vida gerado”, explica Andrade.

A expectativa é que, nos primeiros meses, as parcerias do hub de cardiologistas com hospitais e operadoras sejam realizadas caso a caso e que, com o tempo, sejam estabelecidos contratos maiores, numa espécie de assinatura.

A entrada de novas tecnologias para tratamentos cardíacos, especialmente para pacientes inelegíveis para transplante do coração, pode ser a diferença entre a vida e a morte e também ter forte impacto econômico. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que cerca de 400 mil brasileiros morrem todos os anos por doenças cardiovasculares; ou seja, uma vida perdida a cada 90 segundos. Trata-se de uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. A insuficiência cardíaca é parte central desse cenário: entre 2011 e 2021, segundo a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), foram registradas 2,5 milhões de internações relacionadas à condição somente no SUS.

Com recomendação da Conitec, o coração artificial entrou para o rol da ANS em fevereiro deste ano, tornando obrigatória a cobertura das operadoras de saúde para o procedimento.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro e do Serviço Social da Indústria (Firjan Sesi), a insuficiência cardíaca leva a um gasto anual de R$ 1,4 bilhão em hospitalizações, tendo provocado a morte de mais de 75 mil pessoas entre 2018 e 2021 no Brasil.

“A insuficiência cardíaca tem uma gama de terapias, que vai do uso de medicamentos a procedimentos cirúrgicos menos complexos, como o implante de stents cardíacos, até o transplante de coração. O dispositivo é para aqueles pacientes graves que não podem ser transplantados. Somos um hub prestador de serviços para hospitais e médicos que não têm tanta experiência e querem oferecer esse tipo de suporte. Nesse começo, boa parte dos contatos vai ser individual e, no futuro, principalmente para as operadoras, acredito que os contratos serão de longa duração, antecipando a demanda e, assim, diminuindo os custos. São pacientes muito graves e os profissionais de saúde não têm muito tempo para a tomada de decisões nesses casos”, destaca.

A atuação da CardioWays será nacional, e o cuidado integrado reúne as especialidades de Arritmologia, Assistência Circulatória Mecânica, Cardiologia Intensiva, Cardiologia Pediátrica, Cirurgia Cardíaca, ECMO, Ecocardiografia, Hemodinâmica, Insuficiência Cardíaca Avançada, Medicina Esportiva e Reabilitação Cardiopulmonar e Terapia Intensiva.

O dispositivo utilizado pela CardioWays no tratamento de insuficiência cardíaca é o HeartMate 3, único do seu tipo autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para implantes no Brasil. Em 2024, foram 13 cirurgias do tipo no País, todas na rede particular. Instalado na região interna do tórax, não substitui o coração inteiro. Sua tecnologia ajuda o coração original a bombear o sangue, mantendo o fluxo contínuo e estável. Ao garantir a circulação adequada, devolve ao paciente a capacidade de realizar atividades normais.

“O equipamento autorizado é da marca Abbott. Como a empresa tem escritório no País, não corremos o risco de desabastecimento ou de problemas com a importação”, garante o cofundador da CardioWays.

CardioWays em números e foco

O que é: hub mineiro de cardiologistas especializado em insuficiência cardíaca avançada
Equipe: dez cardiologistas de grandes centros de tratamento
Atuação: nacional, em parceria com hospitais e operadoras de saúde
Tecnologia-chave: Dispositivo de Assistência Ventricular Esquerda (DAVE), o chamado coração artificial
Impacto estimado: até 2.600 pacientes beneficiados por ano
Redução de custos: até 40% nas internações
Escala: capacidade até seis vezes maior que a do transplante cardíaco tradicional
Diferencial: cuidado integrado, multidisciplinar e foco em eficiência clínica e econômica

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