Dark kitchen: modelo focado no delivery tem crescimento contínuo desde a pandemia

O mercado de dark kitchen, que foi impulsionado durante ao período de isolamento da pandemia da Covid-19, segue em franca expansão e com perspectivas de crescimento em todo o mundo. Esta é a avaliação de quem atua com esse negócio, corroborada por pesquisas.
Também chamado de ghost kitchen, dark kitchen é um modelo de negócios para o setor de bares e restaurantes que concentra todas as operações apenas em serviços de entrega em domicílio, ou delivery. Com isso, não há atendimento direto ao público nem a necessidade de um salão, com mesas ou balcão, para a entrega dos pratos.
Na prática, uma dark kitchen pode gerar o aumento da produtividade e das vendas, já que os esforços são concentrados na elaboração dos alimentos a serem enviados aos clientes. Além disso, trabalhar em um espaço que não é aberto ao público garante mais segurança aos funcionários.
Em todo o mundo, as perspectivas para o mercado de dark kitchen se mostram positivas. Dados de uma pesquisa realizada pela Coherent Market Insights, empresa especializada em Consultoria de Inteligência de Mercado, mostram que o segmento deve crescer globalmente a uma taxa anual de 12% e atingir um mercado estimado em US$ 157,2 bilhões até 2030. Em 2022, as dark kitchens movimentaram US$ 71,4 bilhões.
O estudo avaliou fatores como o modelo de negócio, o perfil dos clientes, canais de pedidos, além dos tipos de alimentos (fast food, pizza, comida asiática e mexicana, hambúrgueres, receitas veganas, sobremesas etc) produzidos nas dark kitchens em todo o mundo.
Segundo a pesquisa, os principais fatores para o crescimento do mercado são:
- avanços tecnológicos e digitalização;
- aumento na flexibilização e agilidade;
- eficiência nos custos;
- crescimento nos serviços de delivery.
Modelo oferece espaço para crescimento, diz conselheiro da Abrasel
Conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Saulo Henrique destaca que o modelo oferece espaço para um grande crescimento, na medida em que os trabalhadores da área se profissionalizem cada vez mais e façam uma boa gestão do negócio.
“Afinal, o negócio requer investimento, dedicação, compreender sobre logística, marketing, e processo de produção, otimização de custos, compras, além de um grande conhecimento para ter uma operação eficiente”, explica Henrique.
Ele também é sócio proprietário do Saboreando Restaurante, que possui uma unidade no modelo tradicional, no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, e outra operando em uma dark kitchen no bairro Sion, na região Centro-Sul da Capital.

O empresário destaca que quem atua nesse segmento pode escolher uma opção de menor custo para as finanças. Alguns exemplos são a criação do próprio espaço ou buscar um condomínio comercial que já tenha espaço para cozinha.
“Se você começa numa cozinha que aluga espaço e conhece mais pessoas, poderá crescer mais rápido. Mas se for um empreendedor com mais experiência, ter seu espaço próprio faz mais sentido”, disse.

Dark kitchens foram impulsionadas na pandemia, mas crescimento ainda é contínuo, diz pioneiro
A SmartKitchens, empresa pioneira no Brasil na oferta de locação de condomínios comerciais para dark kitchens e delivery, abriu seu primeiro hub em 2018, no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte.
Atualmente, a empresa conta com dois condomínios no Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte, totalizando 20 cozinhas. Outros seis condomínios estão localizados em São Paulo, estado onde atualmente concentra a maior parte das operações, com mais de 100 cozinhas.
Segundo o CEO da empresa, Gustavo Nogueira, o período da pandemia afetou positivamente a demanda por dark kitchens no País, uma vez que grande parte dos estabelecimentos estavam fechados e as buscas por delivery aumentaram.
“Observamos que a tendência do serviço de alimentação por delivery aumentou, com as famílias cada vez mais reduzidas e as pessoas tendendo a cozinhar menos em casa. E isso deve se intensificar dentro do que percebemos como um crescimento contínuo do setor”, analisa.
“Entendemos que há ainda um espaço grande para as dark kitchens crescerem em todas as capitais do Brasil, mas, principalmente, na região Sudeste, que hoje é a nossa principal praça de atuação”, complementa Nogueira.
- Leia também: Delivery é lucrativo e virou tendência pós-pandemia
Durante a pandemia, a SmartKitchens cresceu 50%. Após este período, a taxa de crescimento se estabilizou em cerca de 10% ao ano. Há previsão de expansão do empreendimento em Belo Horizonte, mas a prioridade, segundo o CEO da empresa, é São Paulo e Rio de Janeiro.
Veja 5 dicas para otimizar os negócios com as dark kitchens
Confira, a seguir, algumas dicas do Sebrae para garantir que seu negócio alcance sucesso como uma dark kitchen:
- Localização das operações: o empreendedor que decidir entrar neste ramo deve considerar a localização do espaço escolhido, uma vez que o trabalho poderá gerar ruídos e emissão de gases e odores que podem prejudicar os vizinhos. É recomendado que o descarte correto de resíduos também seja aplicado.
- Qualidade dos alimentos: a conservação e a qualidade dos alimentos devem ser mantidas para garantir o sabor e aparência dos pratos enviados por delivery, além de evitar o surgimento de reclamações.
- Escolha da embalagem: é importante escolher o recipiente adequado para cada prato, de modo a prevenir o vazamento do produto e preservar corretamente os alimentos.
- Cobrança: é necessário avaliar os contratos dos aplicativos de entrega utilizados, pois as taxas de cobrança no valor do pedido são diversas, o que pode afetar as margens de lucro.
- Comunicação: é importante que o negócio sinalize bem o ponto de retirada das entregas, para garantir a eficiência no envio dos pedidos.
(Com informações da Agência Sebrae)
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