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Designer mineiro de joias vai ampliar vendas para o mercado externo

Somente 2% da produção é destinada a outros países
Designer mineiro de joias vai ampliar vendas para o mercado externo
Portfólio tem 450 peças e um acervo de mais de 5 mil itens criados, disponíveis para reprodução | Crédito: Leca Novo

Nem exótico, nem seguidor de tendências. O conceito das joias do designer mineiro Carlos Penna vai além e pretende ser mutante e autoral, de forma a valorizar a brasilidade. Pronto para consolidar ainda mais a marca homônima, Carlos Penna planeja novos voos para 2024. Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, o designer de Ipatinga, no Vale do Aço, está pronto para abrir mais uma loja em São Paulo e internacionalizar o e-commerce de joias que ele conduz.

Presente em mais de 80 lojas em 12 países, o designer, que possui uma fábrica própria na cidade natal, conta que produz cerca de 1.700 peças por mês e possui um faturamento de R$ 2,5 milhões. A produção concentra-se no mercado varejista. Apenas 8% do que é confeccionado é voltado para o atacado. “Tenho uma clientela de varejo, não tenho interesse no atacado neste momento porque senão não conseguiremos atender da forma como queremos”, explica Penna.

A característica do negócio fez o profissional desistir de participar de feiras de atacado do setor, onde ganhou projeção nacional e mundial. Foi um prêmio de ‘Tendência’ no Minas Trend de 2015 que permitiu ao profissional da moda ganhar projeção e alcançar o status que possui hoje. A marca do designer possui hoje duas lojas próprias, uma em Belo Horizonte e outra em São Paulo, uma fábrica na cidade de Ipatinga, o comércio eletrônico e emprega cerca de 30 colaboradores diretos.

Com um portfólio de 450 peças, a empresa possui um acervo de mais de 5 mil itens criados, disponíveis para reprodução. Pronto para encarar o novo ano, além de lançar a coleção, ‘Escarcéu’, constituída de 22 peças, a marca planeja a abertura de uma nova loja e a ampliação do e-commerce para o mercado externo. “A gente já está presente no exterior, mas quero ampliar nossa presença e também chegar de forma eletrônica”, diz Penna. Ele conta que apenas 2% da produção está voltada para o mercado internacional e uma das metas é ampliar essa fatia.

A Carlos Penna, além de vender no varejo, produz de forma colaborativa com diversas marcas renomadas como: Apartamento 03. Fernanda Yamamoto, Coven, Misci , LED e Plural. A presença em dezenas de lojas de moda no mundo fez Carlos Penna concentrar o planejamento deste ano em consolidar a própria marca. “Trabalhávamos com marcas conceituadas, mas ninguém sabia quem éramos. Então, queremos reforçar nossa marca e mostrar a que viemos”, ressalta.

As celebridades são outro universo que a Carlos Penna permeia. O designer foi solicitado recentemente para desenvolver o brinco que a cantora Ivete Sangalo usou no show de comemoração dos 30 anos de carreira, no Maracanã, no Rio de Janeiro. “Ela gosta de brincos grandes e precisa que sejam leves porque dança e movimenta muito. Então, a produção nos procurou”, conta. Outras artistas que também cita como clientes são: Camila Pitanga, Deborah Secco, Xuxa e Giovana Maia.

Foi no pós-pandemia que Penna resolveu ‘aparecer’ mais. “Eu não sigo tendências, não sigo o calendário da moda com coleções outono-inverno. Temos uma criação livre”, explica. Entre as matérias-primas usadas para a confecção das joias ele diz gostar de usar produtos do cotidiano. “Já fizemos peças com pregos, com borrachas, com pedras naturais, britas e materiais elétricos”, enumera. Para ele, produzir acessórios inusitados com design diferenciado é o que mais atrai as marcas e os clientes. “A gente sai daquilo que está na moda”, brinca.

Crédito: Leca Novo

Setor prevê estabilização ou crescimento para este ano

Em um mercado que espera crescer em 2024 e aproveita os efeitos do preço recorde do ouro e da queda do dólar, o setor mantém expectativa de estabilização ou crescimento para este ano.

Perspectiva que a marca mineira, ao menos economicamente, segue as tendências. A empresa cresce anualmente de forma progressiva e assim como o Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG) projeta crescimento, ele pretende aumentar o faturamento anual.

Enquanto o Sindijoias-MG projeta crescimento do setor de 5% para 2024, na Carlos Penna, a perspectiva é ainda maior. Foram 30% em, 2021, e 55% em 2022. Os dados de 2023 ainda não foram fechados, mas as expectativas são positivas.

Nova coleção usa rejeitos de mineração como matéria-prima

Com peças grandes e até ‘exageradas’ a Escarcéu, nova coleção da Carlos Penna, traz mais uma vez uma forte característica da marca: experimentações de materiais, formas e ergonomias típicas.

A nova coleção não abandonou os processos manuais e traz produtos 100% artesanais, sem produção em larga escala, com peças que levam mais de 70 soldas. A grande novidade porém, é o que Penna está chamando de ‘pedra têxtil’, um tecido desenvolvido na empresa que explora matérias-primas pouco usuais no campo dos acessórios.

Apesar da aparência mineral, a ‘pedra têxtil’ é ultraleve e resultou de uma troca criativa intensa com o estilista Luiz Claudio. “Os elementos são uma mistura de resíduos têxteis com mica, um grupo de minerais encontrado nos rejeitos da mineração”, explica Penna. Ele conta que a técnica única foi totalmente desenvolvida em ateliê e traz a brasilidade que a marca carrega com um visual inédito. “A mica vem da mineração e mineração tem tudo a ver com o Brasil, e com Minas”. diz.

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