Negócios

Ease Labs planeja ativar 2ª linha de produção em BH

Também estão nos planos da farmacêutica, pioneira na produção e venda de produtos medicinais à base de cannabis, a criação de uma 3ª linha
Ease Labs planeja ativar 2ª linha de produção em BH
O canabidiol é indicado para tratamentos como ansiedade | Crédito: Leonardo Morais

A mineira Ease Labs Pharma, empresa com foco no desenvolvimento de soluções naturais e alternativas não convencionais voltadas para a saúde, tem planos ambiciosos para expandir ainda mais a capacidade de produção na Capital, visando atender às crescentes demandas do Brasil.

Com planta na região Norte de Belo Horizonte, a indústria farmacêutica do Ease Labs Group é a primeira fábrica especializada em cannabis a disponibilizar nas farmácias brasileiras um produto produzido no território nacional.

Atualmente, a empresa utiliza apenas uma de suas duas linhas de produção certificadas, mas está se preparando para ativar a segunda, que será destinada a produtos sólidos.

Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, o CEO e cofundador da empresa, Gustavo Palhares, afirmou que a área de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Ease Labs já vem trabalhando na criação das cápsulas de canabinoides, embora ainda não tenha uma estimativa exata para a ativação. 

De acordo com ele, a Ease Labs também projeta desenvolver futuramente uma terceira linha de produção na Capital, dedicada exclusivamente a produtos semissólidos. A fabricação dos chamados dermocosméticos está entre as apostas da empresa, pois é um mercado promissor no País, e a expansão fabril permitiria atender às necessidades de um público mais amplo. 

Enquanto os planos de ampliação não se concretizam, a fábrica dispõe, hoje, de uma capacidade instalada de mais de 5 milhões de frascos por ano, o que já é significativo para o tipo de fármaco produzido pela companhia e suficiente para abastecer o Brasil inteiro.

Fabricado na primeira linha de produção, o Canabidiol Ease Labs 100mg/ml é um medicamento líquido composto por CBD isolado, para tratamentos como ansiedade, depressão, epilepsia, entre outros.

“Normalmente, você vê uma capacidade produtiva mais alta em indústrias que produzem medicamentos de valor agregado mais baixo. Isso é muito evidente nas indústrias de genéricos, que possuem estruturas enormes. A nossa foi projetada para trabalhar com produtos de valor agregado mais alto, como é o caso da categoria de cannabis. Então estamos muito bem em termos de capacidade produtiva para atender o que vem de geração de demanda”, explicou Palhares. 

Redução de custo para o paciente e solicitação de registro para frasco de 10 ml

Após receber, em 2021, o certificado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para poder fabricar, armazenar e vender os produtos medicinais à base de cannabis, a Ease Labs verticalizou seu processo fabril, passando a importar apenas o insumo. Isso contribuiu para a redução dos custos operacionais da empresa e, consequentemente, os preços para os pacientes que agora têm mais facilidade para adquirir esse grupo de medicamentos nas farmácias do País.

Segundo Palhares, um fármaco similar fabricado por outra empresa custa cerca de 40% a 50% a mais no mercado. O preço atual do Canabidiol Ease Labs 100mg/ml, com 30 ml, está em torno de R$ 950, antes dos descontos oferecidos aos consumidores por meio do programa de suporte ao paciente. Ele ressalta que, proporcionalmente, o valor do miligrama do produto da fabricante mineira é o mais acessível e que a alta concentração de CBD o diferencia dos demais.

CEO e cofundador da empresa, Gustavo Palhares | Crédito: Leonardo Morais

“Ele é bastante concentrado, porque as principais patologias que trabalhamos são crônicas, que exigem a necessidade de uma dosagem mais alta. Assim, pensando na experiência do paciente, para que não precise tomar muito líquido, desenvolvemos um produto com uma concentração maior, permitindo que ele utilize menos gotas. Normalmente, o que temos observado que um frasco dura de três a seis meses. Então o preço mensal do tratamento é bem acessível”, destacou. 

Para ampliar ainda mais o acesso do público ao medicamento, o CEO revelou à reportagem que solicitou à Anvisa o registro do mesmo produto que comercializa, porém, em frascos de 10 ml, em vez dos habituais 30 ml, o que possibilitará ao paciente iniciar o tratamento por um terço do preço original. Além disso, o cofundador da companhia afirmou que planeja lançar outros fármacos com valores na faixa de R$ 200 para atender a diferentes necessidades terapêuticas.

Aquisições estratégicas e aportes fortalecem a Ease Labs 

Fundada em 2018, a Ease Labs Group está crescendo significativamente nos últimos anos e seu fortalecimento passa por aquisições estratégicas, além de aportes de investidores, que apostam no modelo de negócios verticalizado da empresa e no potencial mercado de cannabis medicinal. Hoje, a farmacêutica possui 120 colaboradores e a estimativa, de acordo com Palhares, é de alcançar, até o fim de 2024, 220 funcionários, sendo 100 deles, propagandistas médicos.

Em 2022, a companhia adquiriu a Catedral, posteriormente batizada de Semeya, uma das sete farmoquímicas de fitoterápicos do Brasil, instalada em Vespasiano, na Grande BH, integrando na cadeia produtiva o processo de purificação do canabidiol em solo brasileiro. Neste ano, foi a vez de adquirir a Colômbia Cannabis Company (CCC), localizada em Bogotá, passando a controlar o desenvolvimento genético da planta. Com isso, somente a fase do cultivo permanece terceirizada. 

A ascensão do grupo atraiu, também no ano passado, o fundo de investimentos MadFish, do tenista mineiro Bruno Soares, com aporte de R$ 12 milhões, aplicados, em especial, no aumento de vendas, em ações voltadas para o esporte e na execução de estratégias alinhadas aos objetivos de longo prazo da empresa. E recentemente, a Ease Labs assinou uma linha de venture debt de R$ 15 milhões, com o Itaú BBA, para investimento em expansão e incrementos na área de P&D.  

Esses e outros movimentos fortalecem a farmacêutica em um setor com crescimento exponencial. Um estudo do Portal Cannabis & Saúde revela um aumento de 342,3% nas vendas de produtos à base de cannabis nas farmácias brasileiras desde 2018 e uma alta de 487,8% nas prescrições médicas somente no ano passado. Já o anuário da Kaya Mind projeta que o mercado deve movimentar, em 2024, R$ 917,2 milhões, sendo que, em 2018, movimentou R$ 3,7 milhões.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas