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[EDITORIAL] Velhos hábitos e mesmos erros

[EDITORIAL] Velhos hábitos e mesmos erros

À mulher de César não basta que seja honesta, deve parecer honesta. Muita gente deve estar se lembrando a velha citação a propósito da eleição do presidente Jair Bolsonaro, que em campanha prometeu levar ao governo novos hábitos e novos costumes. E tomou posse repetindo o discurso, afirmando que velhos hábitos estavam definitivamente banidos da vida pública. A fórmula, dizem, garantiu a vitória do candidato hoje presidente e ajuda a alimentar também a expectativa de que, sem desperdícios, o País estará mais próximo do equilíbrio em suas contas.

Nesse contexto e com este clima foi recebida com perplexidade e alguma indignação a notícia de que em seu primeiro dia de trabalho o novo presidente do Banco do Brasil dedicou parte de seu tempo e seus afazeres a nomear o filho do vice-presidente da República a um cargo no primeiro escalão do banco, com salário triplicado. Mérito exclusivamente, garantem fontes palacianas, lembrando que o dito funcionário é concursado e tem dezoito anos de carreira, ainda que sem nenhum registro anterior de ascensão tão rápida.

É nesse ponto que a lembrança de Pompeia, mulher de Cesar, vem à tona, sugerindo que a tal nomeação, por justa que possa ter sido, poderia ser evitada. E tanto quanto outras questões muito atuais e referentes ao fato elementar de que na esfera pública, e durante anos a fio, as torneiras dos gastos permaneceram perdulariamente abertas, mesmo com as evidências de que as fontes estavam secando. Minas Gerais não escapou à regra, há quem diga que tecnicamente está em situação falimentar, enquanto sobram evidências de que a situação se explica pelo inchaço desmedido da máquina pública.

Todos parecem concordar, ninguém se atreve a dizer o contrário, mas o mesmo governador que não conseguiu reduzir, como desejava, o número de secretarias, também parece não conseguir utilizar sua caneta pata fazer as demissões recomendáveis. Sempre aparece uma desculpa, uma justificativa e daí resulta que o corporativismo, bem articulado com a política, vai adiando providências que não deveriam ser adiadas. Não, por certo, quando o próprio governador diz não ter a menor ideia de quando será possível pagar o 13º salário ou acabar com o parcelamento dos proventos mensais. Só existe uma resposta, mas ela contraria justamente a causa da situação que se tenta contornar.

Um e outro, o presidente da República e o governador de Minas, foram eleitos com a promessa de que finalmente o jogo iria mudar. A esperança permanece, mas os sinais são contraditórios.

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