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ESG na mineração pode adicionar R$ 399 bi à economia

Análise indica que a adoção de modelos mais eficientes e responsáveis impulsiona o setor, gera empregos e reduz impactos no País
ESG na mineração pode adicionar R$ 399 bi à economia
Práticas ESG na mineração ampliam produtividade, reduzem impactos e geram empregos em todo o País | Foto: Reprodução Adobe Stock

A incorporação estratégica de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) na mineração pode gerar um incremento de 20,81% na atividade econômica, valor equivalente ao crescimento acumulado da mineração nos últimos cinco anos, segundo dados da PIA/IBGE. As informações fazem parte do estudo Impact Edge, da EY-Parthenon, lançado na EY House durante a COP30, em Belém. O levantamento destaca ainda que os benefícios ultrapassam as fronteiras das empresas que adotam essas práticas e se estendem a toda a economia brasileira, estimando-se que os ganhos totais possam alcançar R$ 399 bilhões adicionais por ano, montante comparável ao PIB do estado da Bahia em 2022.

Além disso, a análise aponta a geração de mais de 3 milhões de novos empregos, número equivalente à população do estado de Alagoas, reforçando o impacto transformador das iniciativas para o mercado de trabalho. O setor de mineração mantém papel central na economia brasileira, tendo alcançado em 2024 um PIB de R$ 290,6 bilhões, o que representa 2,67% de tudo o que o País produz.

Os resultados também são expressivos no campo ambiental, social, de governança e da saúde pública. A adoção efetiva das iniciativas divulgadas pelas empresas mapeadas no estudo pode evitar a emissão de 19,52 milhões de toneladas de CO₂ e preservar cerca de 4,8 trilhões de litros de água, além de impedir a geração de 400 milhões de toneladas de resíduos. No campo social, destaca-se a criação de 7.152 vagas afirmativas em posições de liderança, demonstrando a disposição do setor em seguir impulsionando a diversidade, inclusão e equidade. Na esfera da saúde, estima-se que 93.056 internações seriam evitadas anualmente, representando uma economia de R$ 47,77 milhões ao Sistema Único de Saúde, valor que pode ser realocado para áreas prioritárias como educação, segurança e infraestrutura.

“A mineração brasileira vive um momento decisivo. Temos a oportunidade de deixar para trás uma visão arcaica de que o setor de mineração estava fundamentalmente vinculado a riscos ambientais e sociais. As empresas vêm investindo significativamente em práticas robustas de gestão de riscos, com o objetivo de aumentar a resiliência de sua infraestrutura aos efeitos das mudanças climáticas e mitigar seu impacto nos biomas onde opera. A transição já começou, e os resultados mostram que é plenamente possível conciliar competitividade econômica com responsabilidade ambiental e inclusão social. Quem conseguir alinhar estratégia, dados e execução estará preparado para transformar a transição climática em uma vantagem competitiva de longo prazo”, diz a Líder Global de Sustentabilidade para Mineração e Metais da EY, Elanne Almeida.

A mineração ocupa uma posição estratégica na economia brasileira, fornecendo matérias-primas essenciais para setores como a indústria de base, a construção civil, a energia e tecnologias emergentes. O Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de minério de ferro e o quinto maior produtor de minerais em geral, o que o coloca em destaque no cenário global. Com o avanço acelerado da indústria tecnológica, cresce também a demanda por minerais críticos e terras raras, recursos fundamentais para a transição energética e digital.

“O setor atravessa um momento de profundas transformações. O compromisso com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) deixou de ser apenas uma exigência regulatória e passou a representar uma nova forma de operar. A implementação de medidas de redução de emissões, eficiência energética, melhor gestão hídrica e de resíduos têm mostrado que investir em sustentabilidade é uma decisão estratégica cujo valor extrapola os típicos indicadores ESG, gerando um impacto real na economia do território”, comenta Almeida.

Os desafios, no entanto, seguem expressivos. Aspectos como a gestão dos recursos hídricos, a descarbonização de processos intensivos em energia e a segurança de barragens e rejeitos continuam sob forte escrutínio público e regulatório, e competem por capital em um contexto de instabilidade política internacional que reduz o apetite ao risco e cria um cenário de cautela, redução de custos e preservação do capital, pelo menos no curto prazo. Além disso, é necessário fortalecer a governança socioambiental, ampliar o diálogo com as comunidades e garantir maior transparência e rastreabilidade nas cadeias de suprimentos minerais.

“Essas dinâmicas vêm redefinindo as prioridades de investimento no setor. Modelos antes focados em conformidade deram lugar a estratégias estruturadas de criação de valor compartilhado, que unem eficiência operacional e impacto socioambiental positivo. O Impact Edge demonstrou que esse impacto é muito maior do que se conhecia”, finaliza a líder.

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