Estudantes criam leitor em braile e se classificam para evento internacional
“BLINDL-E” é um projeto de leitor digital braile para a população com deficiência visual, em que os arquivos de texto a serem lidos ficam guardados na memória do equipamento e cada caractere é exibido sequencialmente. Os usuários podem controlar a passagem do texto através de um botão, permitindo que ele consiga ler corretamente no seu próprio tempo de leitura.
Qualquer texto pode ser gravado na memória do equipamento que, em seguida, após a gravação, é reproduzido em uma matriz braile, levantando os pinos de acordo com a letra que estava gravada na memória. O equipamento, composto por um kit open-source (hardware e software livres) foi desenvolvido pelos estudantes de Eletrônica Victor Dias, Gabriel Volpini, Kaique de Jesus e Monaline Chaves, com orientação da professora Rosiane Resende Leite. Segundo a professora o trabalho é altamente relevante, “porque procura resolver um problema para os deficientes visuais que é a acessibilidade à leitura digital”. Em seu projeto, os estudantes destacam o avanço dos dispositivos leitores digitais, mas a falta de alternativas de baixo custo para pessoas com cegueira e baixa visão.
Rosiane Leite diz que o projeto surgiu após ter desenvolvido alguns trabalhos de iniciação científica com os estudantes. Eles a procuraram com a ideia de desenvolver o protótipo que acabou se tornando o BLINDL-E. “Eu sou professora de Biologia e tenho pouco conhecimento de eletrônica, porém eu depositei minha confiança neles para o desenvolvimento da ideia e, a partir de então, eu ajudei dentro do que era possível na minha área”.
A aposta dos estudantes deu certo: além de premiação na Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações (Meta) 2018 do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), o trabalho conquistou o primeiro lugar na Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas (Febrat), ocorrida em outubro de 2018 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e foi indicado para a 17º Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), organizada pela Universidade de São Paulo (USP) e que acontecerá de 17 a 20 de março. Os estudantes também foram credenciados a participar do London International Youth Science Forum (LIYSF, ou Fórum Internacional de Ciência Jovem de Londres em tradução livre), que será realizado este ano.
Os estudantes do Cefet-MG continuam aprimorando o leitor. Após os estudos iniciais e construção do protótipo, o grupo quer realizar testes do BLINDL-E com pessoas com deficiência e aprimorar o dispositivo, para que ele tenha dimensões menores.
Vaquinha virtual – Para a participação no LIYSF, em Londres, os estudantes criaram uma campanha de arrecadação de fundos (https://www.catarse.me/blindle_no_liysf), para que todos os integrantes do grupo possam comparecer ao evento.
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