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Etarismo atinge 41% dos profissionais no Brasil, aponta pesquisa

Dados são do estudo global Talent Trends 2025, realizado pela Michael Page, uma das principais consultorias de recrutamento executivo do mundo
Etarismo atinge 41% dos profissionais no Brasil, aponta pesquisa
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A construção de ambientes mais inclusivos e diversos continua sendo um dos principais desafios para as organizações em todo o mundo. De acordo com o estudo global Talent Trends 2025, realizado pela Michael Page, uma das principais consultorias de recrutamento executivo do mundo, 41% dos profissionais brasileiros afirmam já ter sofrido etarismo ao longo da carreira. O índice é superior às médias global (36%) e da América Latina (35%).

“A discriminação por idade, além de injusta, compromete o potencial das organizações. Quando profissionais são desvalorizados por sua faixa etária, o impacto vai muito além do indivíduo: afeta a produtividade, o engajamento e a capacidade de reter talentos com experiência. O etarismo, muitas vezes silencioso, exige um olhar atento da liderança e uma cultura verdadeiramente inclusiva para ser superado”, afirma a gerente executiva da Michael Page, Isabel Pires.

Os dados fazem parte da pesquisa global Talent Trends 2025, um dos estudos mais abrangentes sobre profissionais e o mercado de trabalho, realizado em novembro e dezembro de 2024, em 36 países. O levantamento contou com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, atuantes em empresas de diferentes segmentos e portes. O objetivo é alinhar as diferentes expectativas de profissionais – salários competitivos, flexibilidade e aspectos da cultura organizacional – e empresas, que enfrentam pressões externas de um mercado de trabalho dinâmico.

Abalos emocionais e reputacionais

A intensidade com que a discriminação é praticada nas empresas é alarmante. O estudo revelou, por meio de questão de múltipla escolha, que 25% já foram marginalizados por sua condição socioeconômica. Em seguida, apareceram 15% por religião e outros 10% por etnia. Foram 9% por gênero, 6% por gravidez ou maternidade, 5% por estado civil e 4% por orientação sexual, enquanto 3% relataram discriminação por deficiência. Além disso, 39% afirmaram ter sofrido outros tipos de discriminação, e 9% não souberam ou preferiram não responder.

A discriminação no ambiente de trabalho deixa feridas profundas e reflexos emocionais, impactando não apenas os indivíduos, mas também a produtividade, o engajamento e a retenção de talentos. Entre os que relataram ter sido discriminados, 67% sentiram-se chateados, 60% passaram a se sentir menos satisfeitos no trabalho, 59% desvalorizados e 55% menos motivados ou produtivos. Sensações de estresse ou esgotamento afetaram 52%, enquanto 47% afirmaram ter considerado deixar o cargo. A discriminação também comprometeu o senso de segurança (37%) e os relacionamentos interpessoais (36%). Para 29% dos profissionais, a experiência impediu a obtenção de aumento ou promoção.

“Ambientes tóxicos só servem para repelir e afastar talentos. Nossa pesquisa revelou que apenas um em cada três funcionários se sente autêntico no ambiente de trabalho. Quem não se sente acolhido, não se sente parte do todo, o que gera uma enorme sensação de desconforto, insegurança e quebra de confiança. Quem não acolhe, perde um talento. Empresas que promovem a inclusão de forma intencional colhem ganhos tangíveis em clima organizacional, produtividade e reputação. A inclusão não pode ser tratada como um projeto paralelo – ela deve estar no centro da estratégia de gestão de pessoas”, diz Isabel Pires.

A pesquisa apontou que 6% dos respondentes brasileiros já foram discriminados ou marginalizados em seu cargo atual, percentual inferior às médias global (12%) e da América Latina (8%). Ainda segundo o levantamento, 26% dos brasileiros enxergam inclusão em suas organizações atuais, índice superior às médias global e latino-americana (24%).

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